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Teste - Sense Impact Carbon Comp 2020

Levamos a hardtail de carbono com preço mais acessível da Sense ao limite. Confira teste completo com desmontagem, peso e preço da bike

A tradicional hardtail de cross-country é a bicicleta favorita do público brasileiro, e isso é fato. Talvez pelo baixo peso, pela eficiência nas subidas ou, mais provavelmente, pelo menor custo de aquisição e manutenção, ela é a bike mais comumente encontrada em trilhas e competição Brasil afora.

Sense Impact Carbon Comp 2020
Sense Impact Carbon Comp 2020    Paulo Prezoto

Porém, mesmo a tradicional XCzeira vem passando por um processo de evolução, com as bikes ficando cada vez mais eficientes tanto nas subidas quanto nas descidas. Neste cenário, a Impact Carbon, linha de bicicletas "rabo duro" de alto desempenho da Sense, também evoluiu.

A bike teve sua primeira geração lançada há alguns anos, em uma parceria entre a Sense e a Swift Carbon, fabricante Sul-Africano especializado em bikes de carbono, que aposta em tecnologias e moldes próprios para criar bicicletas exclusivas.

Teste - Sense Impact Carbon Comp 2020
Teste - Sense Impact Carbon Comp 2020    Paulo Prezoto

Confira o que achamos da versão anterior desta bike no teste da Sense Impact Carbon Comp 2018.

No mesmo ano, a marca brasileira anunciou a aquisição da empresa africana - isso deu início ao desenvolvimento da primeira bike de carbono de produção em massa desenvolvida no Brasil - não, nós não esquecemos das artesanais Extor com seus garfos CatsLeg, mas elas não foram produzidas em massa.

Nascia assim a nova geração da linha Impact Carbon e da Invictus, bike de carbono de XC com suspensão integral da Sense que pedalamos em 2018 em sua versão antiga.

No teste abaixo, você conhece todos os detalhes do modelo Comp 2020, a bike de fibra de carbono com o custo mais acessível da marca nacional.

Ficha Técnica

Quadro: Sense Full Carbon Mitsubishi M40 / Tapered / Cabeamento Full Interno / Eixo Boost 12x148mm / Sistema Flat Mount / Tecnologia Flex Stays
Tamanhos: S - M - L
Suspensão: Rock Shox Reba RL 100mm, Boost 110mm, Trava Remota
Caixa de direção: FSA ACR Integrado
Guidão: Sentec RS1 Team Alloy 31.8x750mm
Avanço: Sentec RS1 Ultimate Alloy 31.8x70mm -10°
Manoplas: Sentec Silicone High Density
Canote: Sentec RS1 Ultimate Alloy 27.2x400mm
Selim: Fizik Taiga
Trocador: SRAM NX Eagle 12v
Freio dianteiro: Shimano M6000
Freio traseiro: Shimano M6000
Disco dianteiro: Shimano RT66 180mm
Disco traseiro: Shimano: RT66 160mm
Câmbio traseiro: SRAM NX Eagle 12v
Central: Sram MTB PF DUB
Pedivela: Sram Stylo 6k Eagle Dub 32d 170mm (S) 175mm (M/L)
Corrente: SRAM SX Eagle
Cassete: SRAM PG1210 Eagle 11x50
Roda Dianteira: Sentec Ultimate 25mm / Raios DT Swiss Competition / Cubos Sentec Sl / TLR
Roda Traseira: Sentec Ultimate 25mm / Raios Dt Swiss Competition / Cubos Sentec Sl / TLR
Pneu: Schwalbe Racing Ray / Racing Ralph 29 X 2.35 TLR
Câmara: Chaoyang Super Light
Peso divulgado: 11.03 kg
Preço sugerido: R$15.990

Impressões iniciais

Já estávamos curiosos para testar de verdade algumas das tecnologias da nova geração de bikes da Sense, que analisamos aqui. Apesar de ter visto as novas bikes em diversas ocasiões, ainda não tínhamos passado muito tempo com elas.

Nossa bike de teste veio pintada com uma bonita combinação de cores, misturando um azul claro chamado pela Sense de Aqua, com detalhes em laranja e preto. Os detalhes em laranja ainda estão presentes no selim, na suspensão e nas rodas, criando uma mistura de cores que agrada aos olhos.

Acabamento chamou a atenção
Acabamento chamou a atenção

Trata-se de um acabamento bem feito e que ganhou pontos positivos pela qualidade e bom gosto no visual. É aquela bike que, dentro de casa, chama a atenção cada vez que você passa por ela.

O quadro tem linhas limpas e um desenho que aposta em curvas e ângulos para criar uma sensação de fluidez e velocidade. O tubo inferior retangular é bem largo na horizontal e vai tendo sua altura reduzida da caixa de direção até chegar na caixa de movimento central de grandes proporções. Os chain-stays também são bem largos e parrudos, mas de baixa altura, o que permite flexões na vertical mas não na horizontal.

Uma bela bicicleta
Uma bela bicicleta

Já o tubo superior verticalmente estreito segue de forma quase que constitua pelos seat-stays, que também são relativamente finos. Segundo a engenharia da Sense, estas medidas permitem que o quadro flexione para melhorar o conforto - falaremos sobre isso mais abaixo também.


O modelo ainda tem o desenho da parte posterior da caixa de direção e o rebaixo no tubo inferior na região da garrafinha de água que são praticamente uma marca registrada das novas bicicletas de trilha da Sense e nas de estrada da Swift Carbon.

O quadro tem tudo o que se espera de uma bike atual: caixa cônica, espaçamento boost, cabeamento interno, dois suportes de garrafinha, preparação para canote retrátil e construção em fibras de carbono de alta qualidade - Mitsubishi M40, no caso.

Componentes

A seleção de peças da Sense Impact Carbon Comp 2020 é bem equilibrada. Isso quer dizer que nenhum componente se destaca negativamente. O modelo veio equipado com uma transmissão NX Eagle, o segundo grupo de 12 velocidades mais básico da SRAM. Além de câmbio e passadores, o modelo ainda utiliza uma pedivela SRAM Stylo em um movimento central DUB press-fit.

Sistema de cockpit exclusivo da Sense
Sistema de cockpit exclusivo da Sense

A suspensão dianteira é a consagrada Rock Shox Reba RL, neste caso com 100mm de curso e trava remota. As frenagens ficam à cargo de um conjunto Shimano Deore M6000 com disco dianteiro de 180mm e traseiro de 160mm.

Selim agradou demais
Selim agradou demais

O selim é o realmente confortável Fizik Taiga, montado em um canote de alumínio Sentec RS1 Ultimate de 27.2mm de diâmetro e 400mm de comprimento. As rodas Sentec Ultimate são montadas com raios DT Swiss Competition, cubos Sentec SL e aros tubeless ready de alumínio com largura interna de 25mm.

Pesos

A desmontagem e remontagem da bicicleta foi feita com a ajuda dos especialistas da Oficina H.Bike, localizada na Zona Sul de São Paulo.

Valeu Ronaldo, valeu Fernando!

Pesagem Sense Impact Carbon Comp 2020
Pesagem Sense Impact Carbon Comp 2020

Totais

Total Aferido: 11.087kg
Total divulgado: 10,9kg

Rodas

Dianteira montada sem disco e eixo: 858g
Traseira montada sem disco e eixo: 1141g
Câmaras: 173g
Disco dianteiro: 150g
Disco traseiro: 126g
Eixo traseiro com alavanca: 65g
Eixo dianteiro: 41g
Pneus: 725*

Componentes

Canote: 248g
Quadro (com gancheira, vedações e retenção do canote: 1.269Kg
Suspensão com trava: 1.627kg
Selim: 227g
Manete traseiro com mangueira: 148g
Pinça traseira com suporte: 183g
Freio dianteiro (sistema): 270g
Mesa: 223g
Guidão: 353g
Tampa do guidão (par): 8g
Manoplas: 32g
Caixa de direção com expander: 119g
Espaçadores do freio com parafusos: 33g


Transmissão

Cassete: 616g
Pedivela: 626g
Câmbio: 345g
Trocador com cabo: 127g
Conduíte câmbio: 53g
Corrente: 244g

Análise da pesagem - A Comp não é a bike mais leve do mundo, mas tem um peso competitivo em sua categoria. Os destaques ficam para o garfo, que combina um bom peso com um ótimo funcionamento, e mais ainda para o quadro, que marcou 1.269Kg na balança.

Sim, existem quadros mais leves, mas devemos sempre tomar cuidado com os pesos divulgados. O quadro da Sense foi pesado com a gancheira e com as tampas das saídas de cabo. Muitas vezes, fabricantes pesam seus quadros completamente desmontados, e por vezes até sem pintura.

Geometria

No papel, a nova linha Impact Carbon da Sense apresenta um bom equilíbrio entre uma geometria de vanguarda e uma mais tradicional. Com a caixa de direção em 68.5 graus, o modelo no tamanho M tem 425mm de alcance, mesa de 70mm e guidão de 750mm. O quadro ainda tem 58mm de rebaixo no central, o que não é super baixo, e uma traseira de 435mm - curta, mas sem grandes extravagâncias.

Isso cria um pacote bem adequado à imensa maioria das trilhas e pistas de XC encontradas no Brasil. Outro detalhe é que, com estes números, um piloto acostumado com uma XCzeira super tradicional imediatamente vai sentir a bike mais capaz no trechos técnicos. Porém, por não ser super progressiva, a adaptação na pilotagem será mais rápida.

Vale destacar que bikes super modernas, com a caixa bem relaxada e o alcance maior, exigem um outro posicionamento do corpo, principalmente para manter o peso e a tração na dianteira durante as curvas - é preciso andar mais agressivo, tentando manter o peso no guidão.

Já nas bikes tradicionais, com a frente curta e a caixa em pé, passar por um trecho de inclinação exige que o piloto assuma uma posição mais recuada para evitar que a bike capote para a frente.

O Teste

A Sense Impact Carbon Comp 2020 foi avaliada em nossas trilhas tradicionais de teste. Ao longo de dois meses, pedalamos a bike em percursos variados, mesclando estradões de terra, muitos singles, subidas técnicas e descidas de todos os tipos, indo do tradicional downhill de alta velocidade em estradão até trilhas mais indicadas para bikes de enduro, com muitas pedras soltas, saltos, off-cambers e curvas com parede.

Impact Carbon Comp 2020 em ação
Impact Carbon Comp 2020 em ação    Paulo Prezoto

No geral, a bike agradou nas subidas e descidas, com a suspensão dianteira, a boa geometria e os pneus tendo um grande papel nisso. Outro ponto que merece destaque é o conforto proporcionado pelo moderno quadro de carbono.

Descendo

Para quem gosta de descer e está acostumado com uma bike de XC mais tradicional, a Impact Carbon Comp 2020 imediatamente vai agradar. Até porque, ela definitivamente desce melhor do que uma bicicleta mais antiga. O ponto que mais agradou nas descidas foi a suspensão dianteira Rock Shox Reba RL.

Um XCzeira que desce bem
Um XCzeira que desce bem    Paulo Prezoto

Apesar de ser equipada com um sistema hidráulico relativamente antigo, o Motion Control, e também com a câmara de ar Solo Air, a suspensão mostrou-se extremamente composta em quase todas as situações, perdendo pouco curso em frenagens fortes e descidas inclinadas.

Isso, no nosso ponto de vista, é um dos detalhes mais importantes em uma bike de XC, já que a caixa sempre mais fechada não combina muito bem com uma suspensão que afunda demais.

Nos singles mais fluídos e com menos inclinação, o modelo mostrou uma pilotagem bem agradável e seguir as linhas escolhidas não foi um desafio. Já nos trechos mais inclinados, sentimos um pouco mais de dificuldade - não pela geometria da bike, mas pelo fato da mesa de 70mm com inclinação de -17 graus estar baixa, montada diretamente acima do quadro e sem nenhum espaçador.

Trata-se de uma configuração que tende a agradar o piloto mais avançado de XC, que está acostumando com a frente muito baixa. No nosso caso, porém, o setup mostrou-se um pouco exagerado - felizmente a bike vem com muitos espaçadores para quem quiser levantar a mesa.

Bike agradou nas curvas
Bike agradou nas curvas    Paulo Prezoto

Nas curvas de alta, a Impact segue bem o traçado escolhido pelo ciclista, sem grandes sinais de flexão no quadro ou na porção dianteira. Além disso, ela encara bem trechos deteriorados pela erosão e com muitas pedras.

Outro detalhe que agradou foi o conjunto de pneus. Não sentimos problemas de aderência em curvas e frenagens ao longo do teste.

Por ser uma bike de XC, o modelo é equipado com um canote fixo, e o fato do tubo ser 27.2 pode dificultar um pouco a escolha do componente se usar um dropper for seu objetivo. Apesar disso, a Sense informa que a bike está preparada para cabeamento interno de canotes ajustáveis.

Subindo

O ponto que mais agradou na Comp foi sua capacidade de subida. Apesar de não ser super leve, até por conta do pacote de componentes, ela mostro uma disposição especial morro acima. Tanto que, ao longo do teste, desviamos nossa atenção principal que normalmente é descer só pra brincar um pouco mais morro acima.

Uma bike que gosta de subir
Uma bike que gosta de subir    Paulo Prezoto

Nas subidas de estradão, a posição de pedalada baixa e levemente alongada agrada, principalmente na hora de manter o passo morro acima. Além disso, nos trechos de maior inclinação e obstáculos técnicos, a combinação entre o chain-stay curto pero no mucho com o tubo do selim em 74 graus coloca o piloto bem pra cima do eixo do central, o que facilita na hora de pesar a frente para evitar empinadas e de fazer força nos pedais.

Nas ladeiras curtas e explosivas, a trava da suspensão também agradou. Apesar de não bloquear totalmente, a movimentação do garfo mal pode ser sentida. Também não sentimos grandes perdas por torções, com a bike acelerando muito bem - logicamente, componentes mais leves melhorariam ainda mais esta situação.

No fim, trata-se de uma bike que realmente sente-se em casa nas escaladas - algo que sempre agrada os pilotos de XC, seja maratona ou olímpico.

Pedais longos

Outro ponto que agradou bastante na Impact Carbon Comp 2020 foi o conforto, começando pelo excelente selim Fizik Taiga. Ele tem um desenho que agradou em cheio, apoiando muito bem os ísquios do nosso piloto de testes - vale lembrar que o selim é o item mais particular de uma bike e sua adaptação com ele depende da sua ergonomia.

Bike oferece conforto em pedais longos
Bike oferece conforto em pedais longos    Paulo Prezoto

Mais do que o selim, a Comp agrada pela flexibilidade proporcionada pelo conjunto quadro / canote. Como citamos acima, o projeto do quadro conta com o tubo superior mais estreito em sua altura. Em conjunto com os stays flexiveis e com o fino canote de 27.2, trata-se de uma das hardtails mais confortáveis que já pedalamos.

É uma das hardtails mais confortáveis que já pedalamos.



Nos trechos de estradão, por exemplo, é perfeitamente possível sentir a bike toda trabalhando para engolir aquelas pequenas irregularidades como as "costelas de vaca" que se formam com a passagem da água.

Em nossa concepção, trata-se de uma ótima pedida para provas longas de maratona, onde manter um passo forte em um terreno com pequenas e médias irregularidades é fundamental.

Suspensão

Como citamos acima, a suspensão dianteira da Comp agradou demais. Apesar da idade do projeto, com certeza a RockShox seguiu refinando o produto, e o que temos hoje é um garfo suave, preciso e bem composto. Para melhorar, o modelo instalado na bike pesou pouco mais de 1600g - não é super leve, mas é bom o suficiente para que você não precise trocar de garfo por um bom tempo.

Rock Shox Reba RL é ponto positivo
Rock Shox Reba RL é ponto positivo

No início do teste, estávamos com cerca de 22% da SAG e a suspensão já estava funcionando muito bem. No fim, aumentamos um pouco a pressão e chegamos em 19%. Curiosamente, a suspensão foi de "melhor para ainda mais melhor".

Ao longo dos anos, percebemos que alguns garfos são ótimos, mas para funcionarem corretamente exigem um acerto meticuloso e muitas experiências para encontrar a configuração ideal. Sentimos isso quando avaliamos a DT Swiss OPM O.D.L em 2017.

Excelente suspensão Reba RL
Excelente suspensão Reba RL    Paulo Prezoto

Com a Reba, a coisa nos pareceu ser bem diferente. O ajuste foi extremamente rápido e simples graças a graduação de SAG indicada nas hastes e também ao aplicativo de ajuste RockShox Trailhead. Porém, o que percebemos é que, a não ser que você realmente não saiba o que está fazendo, regulara Reba RL para que ela funcione a contento é um processo muito descomplicado.

Mesmo com hastes de 32mm, só conseguimos sentir uma leve imprecisão em situações realmente limite. O mesmo vale para o controle hidráulico, que mostrou-se capaz de amortizar a movimentação da suspensão de forma consistente em quase todos as condições.

Apenas em trilhas muito agressivas, com sequencias constantes de impactos por longos períodos sentimos o garfo perder um pouco de sua compostura - porém, nada que chegue a prejudicar a pilotagem.

A trava, como citado acima, funciona bem, limitando os movimentos da bike quase que completamente. A alavanca de trava é a conhecida OneLoc, e seu único problema é não encaixar perfeitamente por cima das manetes de freio da Shimano - sim, você vai encontrar uma posição funcional, mas para alguns ela pode não ser perfeita.

Freios

A Sense Impact Carbon Comp 2020 vem equipada com um conjunto velho conhecido de nossa equipe de avaliadores: os freios Shimano M6000 com dois pistões da linha Deore. Trata-se de um conjunto com funcionamento preciso e confiável, com potência de sobra para controlar a velocidade de uma bike de XC. A Sense equipou a Comp com discos de 180mm na frente e 160mm atrás, ambos no padrão de 6 parafusos.


As alavancas tem acionamento para apenas um dedo e controle de distância, mas não de ponto de contato - talvez o único defeito dos freios. O funcionamento do conjunto é basicamente o mesmo de toda a linha da Shimano que utiliza tecnologia Servo Wave:


O engate das sapatas é praticamente instantâneo e, depois disso, a alavanca multiplica-se para elevar a potência de frenagem. O sistema, em comparação com os das demais marcas que tem acionamento linear, exige um pouco de atenção para evitar travamentos, ao menos até o cérebro acostumar. Depois disso, a potência e a modulação são mais do que o suficientes para controlar a velocidade da bike.

Transmissão

A transmissão da Carbon Comp aposta no já velho conhecido Eagle, da SRAM, apresentado aqui em sua versão NX, a segunda mais básica da linha de 12 velocidades do fabricante Norte-Americano. O conjunto vem acompanhado de um cassete 11-50, com uma pedivela SRAM Stylo com coroa de 32 dentes.

Câmbio traseiro funcionou muito bem
Câmbio traseiro funcionou muito bem

A relação mostrou ser flexível o suficiente para pegar até a mais encardida das subidas, mas em trechos falso plano em descida no estradão, o pinhão de 10 dentes ou uma coroa maior podem fazer falta - em nosso caso, em que a velocidade nas descidas é limitada pelo percurso e não pelas marchas, isso pouco aconteceu.

Pedivela SRAM Stylo
Pedivela SRAM Stylo

No geral, o conjunto funcionou muito bem, sem grandes problemas de regulagem ou trocas involuntárias - a corrente da bike parecia um pouco menor do que deveria ser, mas mesmo assim o câmbio estava funcionando perfeitamente.

O único componentes que deixou a desejar foram os trocadores, mas não por conta do funcionamento. Apesar de trocar as marchas corretamente, com até quatro cliques para cima, as alavancas do trocador NX passam uma sensação de componentes baratos, não só pelo barulho e pelo feeling do clique, que lembram coisas de plástico, mas também pela textura básica das flexíveis alavancas.

Trocador tem textura simples e cliques plásticos
Trocador tem textura simples e cliques plásticos

Pode parecer até frescura, mas em uma bicicleta em que tudo parece mais avançado do que é, a sensação de "estou andando em uma bike top de linha" é levemente quebrada cada vez que o dedão encosta no trocador - luvas full finger melhoram isso.

Rodas e pneus

A bike enviada para nosso teste veio montada com pneus Schwalbe Racing Ralph 2.25, que nos agradaram bastante, porém, a bicicleta que vai para o consumidor é equipada com pneus Schwalbe Racing Ralph 2.35 na traseira e Racing Ray 2.35 na dianteira.

Pneus funcionaram bem
Pneus funcionaram bem

Trata-se de uma combinação até mais eficiente do que a que veio com nossa bike de testes. Afinal, além de serem maiores, oferecerem mais tração e conforto, é preciso dizer que o Racing Ray é um pneu dianteiro melhor do que seu irmão Ralph - que já é muito bom nesta função.

Já andamos com uma combinação bem parecida com a da Comp quando testamos a Sense Impact Factory 2020. A diferença fica pelo composto Addix na bike de alumínio.

Montar os pneus que vieram com a bike sem câmara foi extremamente fácil. Eles selaram de primeira e não vazaram ar da noite para o dia nem na primeira montagem. A tração e o controle deste pneu são amplamente reconhecidas.

Trata-se de um pneu muito eficiente, mas que dependendo da condição pode sofrer um pouco com desgaste acelerado e furos - felizmente não tivemos nenhum durante a avaliação da bike.

Abusando do carbono
Abusando do carbono    Paulo Prezoto

Ao longo do teste, os aros de 25mm de largura interna funcionaram bem em parceria com os pneus, e boa parte da avaliação foi feita com a bike montada sem câmara - todas as peças são compatíveis, bastante apenas colocar fila, selante e válvula especial.

A pressão utilizada ficou na casa dos 28psi na traseira e 22 na dianteira, configuração que mostrou-se adequada para trilhas variadas, sem muitas chances de furos e amassados nos aros em trechos com mais pedras. Mesmo assim, a bike não ficou com a rodagem dura.

O Cockpit

O Cockpit da nova linha de carbono da Sense é bastante diferenciado, por isso resolvemos separar uma parte no texto para falar somente dele. Montado com base no sistema FSA ICR, todos os cabos e mangueiras da bike passam por um furo na parte dianteira do guidão e por dentro da mesa, seguindo diretamente por dentro do quadro até chegaram à seu destino.

Sistema de cockpit exclusivo da Sense
Sistema de cockpit exclusivo da Sense

Apesar de criar um visual mais limpo olhando a bike pela lateral, a escolha da marca gerou bastante polarização na época do lançamento - algumas pessoas adoraram, outras não. Para nós, que temos cérebro 100% prático, melhorias no visual que reduzem a praticidade não costumam agradar, mas entendemos completamente quem prefere o oposto.


Apesar de não ser nada de outro mundo, o sistema em si gera uma dificuldade adicional para montar, desmontar e fazer pequenos ajustes na bike. Além disso, não é possível trocar a mesa e o guidão sem cair em componentes da Sense, da FSA ou fazer uma adaptação.

De qualquer maneira, a Sense disponibiliza em sua rede de lojas outras opções de mesa para facilitar o bike fit.


Além disso, a mesa do sistema, até por seu desenho mais complexo, é relativamente mais pesada do que uma mesa convencional.

Sim, é possível utilizar mesa e guidão de outras marcas, com os cabos entrando por baixo da mesa. Porém, isso deixaria um visual de adaptação e uma indesejável abertura para água e sujeira diretamente para dentro do quadro.

Sistema de cockpit exclusivo da Sense
Sistema de cockpit exclusivo da Sense

O guidão original tem 750mm de largura e a ergonomia agradou. Apesar de não ser super largo, ele funciona bem em combinação com a mesa de 70mm e com a proposta XC da bike. Porém, se você quiser algo mais largo ou com mais levante ou back-sweep, vai ser complexo encontrar um modelo compatível.

A opção para usar qualquer guidão é comprar uma mesa FSA ICR igual a da Invictus Factory, que tem a passagem dos cabos por cima do guidão.

Pros

- Quadro bem resolvido, confortável e leve
- Garfo que funciona muito bem e não é pesado
- Excelente bike para upgrades

Contras

- Complexidade e peso da mesa e guidão

Conclusão

A Sense Impact Carbon Comp 2021 está entra as melhores hardtails de XC que já pedalamos, principalmente por conta da relação custo-benefício. O quadro feito em molde exclusivo realmente é um destaque positivo por conta da eficiência, do comportamento e do conforto - ele parece ser superior aos quadros de molde fechado muitas vezes utilizados por fabricantes nacionais.

Quadro e garfo aceitam muitos upgrades
Quadro e garfo aceitam muitos upgrades    Paulo Prezoto

Além do ótimo quadro, a suspensão dianteira também agradou muito pelo funcionamento. Vale destacar que nada é mais importante em uma bike do que quadro e garfo, já que são componente caros e difíceis de trocar.

No geral, é uma bike capaz de sair da caixa diretamente para um treino ou competição de XC, bastando apenas fazer uma conversão para tubeless para que você tenha em mãos uma parceira rápida, bem resolvida e confortável.

Teste - Sense Impact Carbon Comp 2020
Teste - Sense Impact Carbon Comp 2020    Paulo Prezoto

No mais, é um quadro que pode receber upgrades até do mais alto nível, sem o menor risco de você ficar com peças de mais para quadro de menos. Além disso, o excelente garfo também pode acompanhar o modelo por bastante tempo, já que ele é relativamente leve e trabalha super bem.

O único porém, fica no cockpit, já que mesmo com a opção de mesas oferecidas pela Sense, o sistema sempre será menos flexível do que um não proprietário. Ponto negativo para quem deseja simplicidade e conveniência.

Mais informações na página da Impact Carbon Comp 2020 no site da Sense Bike.

Piloto e avaliador: Gustavo Figueiredo - Strava

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