A Sense Impulse E-Trail Comp é a segunda geração de mountain bikes elétricas da marca. Tivemos a chance de testar a primeira geração da Sense Impulse, ainda quando era um protótipo em 2018. Essa segunda geração ganhou melhorias notáveis nos componentes, contando com a configuração Comp (testada) e a, de componentes superiores, Evo.
Essa segunda geração conta também com bateria integrada dentro do tubo inferior e substitui completamente a primeira geração. Neste ano, a Sense lançou também a Exalt E-Trail, que é a terceira geração de E-MTBs da marca, porém um modelo voltado para o Enduro e uso mais competitivo. Testamos a Sense Exalt E-Trail aqui.
Primeiras Impressões
A Impulse E-Trail Comp tem duas opções de cores: preto e cinza ou prata e preta. Para nós, a escolha pela cor prata era muito clara! A bike é simplesmente linda! Para quem ainda não viu pessoalmente, a pintura prata não é fosca e sim conta com uma camada de verniz que traz um aspecto brilhante, com o tubo do selim e tampa da bateria com partes pretas e detalhes em laranja.
A bike tem um visual bem robusto, indicando de cara uma bike que é feita pra qualquer condição e a bateria embutida no quadro pode não deixar claro pros olhares menos atentos que se trata de uma e-bike.
Na foto acima, a Sense Impulse E-Trail está montada com um pneu Kenda Pinner Pro AGC que testamos aqui. Como falaremos abaixo, como um upgrade, preferimos pneus mais robustos para nosso estilo de pilotagem
Componentes
A versão Comp conta com componentes mais básicos em relação a versão Evo, porém tudo bem equilibrado e de acordo com a proposta da bike. A relação é Shimano Deore de 12v, uma escolha interessante por um lado, já que são componentes de maior desgaste e a linha Deore tem um valor menor, mas alta qualidade. O cassete 10x51, com ajuda ainda do motor, é capaz de subir quase qualquer inclinação!




A suspensão dianteira é uma Rockshox 35 Silver TK. É um modelo básico, seguindo a proposta dessa configuração Comp, porém já com canelas 35, funcionamento a ar, controle de retorno e robusta o suficiente para a bike. O que não gostamos é ela contar com trava no guidão, já que em uma bike elétrica não nos parece fazer muito sentido - porém, é facilmente removível.
O amortecedor traseiro é um Rockshox Deluxe Select+ RT, que conta com controle de retorno e trava através de alavanca no próprio amortecedor. O sistema de suspensão é o clássico Horst-Link.
No freios a escolha foram os Shimano BL-MT401, que são equivalentes aos Deore, com 4 pistões e uma ótima escolha de rotor de 203mm na frente e 180mm atrás.
Em destaque no cockpit, guidão e avanço Sentec já no padrão 35mm de diâmetro, sendo o primeiro com 760mm de largura e o segundo com 60mm. O canote Sentec é retrátil (dropper), com 150mm de curso.
A bateria embutida é removível. Isso permite que você carregue plugando diretamente nela, uma ótima opção para quando a bike está suja de lama e você não quer levá-la pra perto de uma tomada em um ambiente mais limpo. Mas também é possível carregá-la a bateria com ela ainda presa na bike.
Ficha Técnica
Quadro: Sense Alumínio Hidroformado 6061 | Dupla Espessura | Bateria Embutida | Cinemática Horst Link | Cabeamento Interno |Teclologia Boost| Sistema Post Mount, Special E-Mtb All Mountain| Eixo E-Thru 12 X 148mm
Amortecedor Traseiro: Rockshox Deluxe Select+ RT | 140 MM
Bateria: 504 Wh – 36V
Caixa de Direção: Neco H383-E | Semi Integrado | 1.1/8" X 1.5"
Câmara de Ar: Chaoyang Super Lite 29 X 2.1 / 2.25 | Válvula Presta 48 Mm
Câmbio Traseiro: Shimano Deore 12 V | RD-M6100
Canote Do Selim: Sentec Retrátil 30,9 Mm X (100 / 370mm Tam S | 120 / 410 Tam M | 150 / 480 Mm Tam L)
Cassete: Shimano Deore CS-M6100 | 12 Velocidades | 10 X 51t
Corrente: Shimano Deore Cn-M6100 | 12 Velocidades
Disco Dianteiro: Shimano Rt64 | Center Lock | 203 Mm
Disco Traseiro: Shimano Rt-Em 600 180 Mm | Center Lock C/ Sensor De Imã P/ Velocidade
Freios: Shimano Hidráulico BL MT401
Guidão: Sentec | 35 X 760 Mm
Manoplas: Race Face Nelson 145 Mm | Lock On
Mesa: Sentec RS1 Ultimate Alloy | 35mm X 60mm | -7°
Movimento Central: Motor Central Shimano E7000
Motor: Shimano E-7000
Pedivela: Shimano FC-E8000 | 36d (165 Mm Tam S / M | 170 Mm Tam L)
Pneu Dianteiro: Michelin Force Am Performance 29 X 2.35 Tlr
Pneu Traseiro: Michelin Force Am Performance 29 X 2.35 Tlr
Roda Dianteira: Shimano Wh Mt 601 15 X 110 Mm
Roda Traseira: Shimano Wh Mt 601 15 X 110 Mm
Selim: Fizik Alpaca Terra
Suspensão / Garfo: Rock Shox Fs35 Silver Tk | Tapered | 140 Mm | Oneloc | Eixo 15 X 110 Mm
Tamanhos: S (405mm), M(420mm), L (480mm) - Testado
Trocador Direito: Shimano Deore Sl-M6100 | 12v
Garantia: 5 Anos Para O Quadro. 1 Ano Contra Defeitos De Pintura/Verniz Ou Adesivos | 1 Ano Componente Elétrico | Demais Componentes De Acordo Com O Fabricante.
Peso: 23,5kg, Com Variação Possível De 3%
Preço: R$33.900,00
Geometria
A geometria da E-Trail é típica de uma bike de trail. A caixa de direção tem 67 graus, enquanto o tubo do selim tem um ângulo de 74 graus. Em ambos os casos, trata-se de uma configuração que desloca o piloto relativamente para frente quando se está sentado, facilitando nas subidas.
Quanto ao alcance, a bike não é longa, embora o tamanho L seja bem mais comprido que o M (401 mm VS 438 mm). Somado ao chainstay de 460 mm, na média para bicicletas elétricas, a E-Trail fica com a distância entre-eixos de 1.216 mm no tamanho L que testamos.
O que notamos é que o tamanho M é realmente menor que outras marcas. Então fique atento a isso na hora de escolher o tamanho certo pra você. Se você usa normalmente M, é bem provavel que a L seja o tamanho correto.
O Teste
Podemos dizer que esse teste tem um tempero especial, uma vez que é uma bike que possuímos para nosso uso pessoal, estando mais de um ano em nossa garagem. Sendo assim, usamos em uma infinidade de situações e terrenos.
Dos locais famosos para o mountain biking mais agressivo no Brasil, andamos sem qualquer problema com a Impulse no Geração Bike Park (Florianópolis), no Mobai Bike Park (São Paulo), no Montanha Azul Bike Park (RJ), em quase todas as trilhas técnicas de Florianópolis e quase todas as trilhas técnicas do Rio de Janeiro.
Vídeo - Andando com a Sense Impulse E-Trail na Trilha do JP em Floripa
Uso geral
Acreditamos que todos os leitores já estejam familiarizados que a grande maioria das bikes elétricas na verdade são “assistidas”, ou seja, elas não tem acelerador - o motor só engata pedalando. Você pode entender como mountain bikes elétricas ou assistidas funcionam neste artigo.
A Sense, como todas as bikes de motor Shimano atualmente, tem 3 níveis de assistência do motor: Eco, Trail e Turbo. Cada um deles oferece maior torque e pode ser alterado pelo display do guidão a qualquer momento. Também é possível desligar completamente a assistência, para economizar bateria. Desligado, mesmo quando a bateria acaba, é possível pedalar a bike normalmente, usando as marchas, como uma bike tradicional (apenas mais pesada).
O uso geral em estradão e asfalto é super suave e previsível. Você tem força o suficiente para qualquer situação e uma experiência na bike praticamente igual a de uma bike tradicional. As únicas situações diferentes de uma bike tradicional é que você tem o limite de velocidade em 25 km/h, então o motor corta o torque depois disso e você sente os quilos a mais de uma bike elétrica. Ou seja, descidas e sprints são as situações que a bike peca - isso em qualquer bike elétrica!
Descendo
Muita gente busca uma bike elétrica para se divertir nas descidas sem ter que sofrer nas subidas, inclusive nós! Testamos a Impulse nas situações mais exigentes que se pode ter:terreno inclinado, raízes, pedras e saltos!
A bike é realmente muito robusta e se comporta quase como uma bike normal de acordo com sua geometria. Ou seja, ela ser elétrica, nas descidas, traz pouquíssimas diferenças.
Uma das diferenças é como o peso pode alterar a pilotagem. Claro que pesando mais de 10kg a mais do que uma bike trail, as mudanças de direção são mais lentas e é mais difícil contar com o “ jogo de corpo”. Ao mesmo tempo, com o peso concentrado mais embaixo e no centro, deixa também a bike bem estável em diversas situações.
Já tomamos alguns sustos, como entrar desbalanceado em trechos de raízes, onde com uma bike tradicional poderíamos ter voado por cima do guidão e com o peso / inércia da bike mais pesada, conseguimos salvar de um tombo. No final, é preciso entender como é a tocada de uma bike desse tipo e adaptar a pilotagem.
Comparando com outras bikes elétricas de componentes similares, a questão fica na geometria, como era de se esperar. A Impulse tem uma geometria mais voltada para o trail, com um ângulo de direção de 67 graus. Vai atender a grande maioria dos usuários de e-MTBs no Brasil, mas quem já tiver um histórico de downhill e enduro mais técnico, visando competições, vai gostar mais da nova Sense Exalt E-Trail, que vem com uma geometria bem mais agressiva. Mas não se engane, ela pode encarar qualquer situação!
Em curvas e saltos, temos a mesma percepção - basta se acostumar com o peso e ter em mente que é uma bike trail. Não teve qualquer situação que não foi possível encarar com a Impulse.
Subindo
Subir com uma bike elétrica transforma sofrimento em passeio e até diversão! Por diversas vezes nos pegamos em rolés bem controlados em autonomia onde abusamos do modo turbo para poder subir por linhas mais difíceis e o mais rápido possível!
Sabendo usar bem as marchas, a bike sobe praticamente em qualquer situação. É mais difícil manter o equilíbrio e tração nos terrenos realmente difíceis do que não ter força suficiente no modo turbo. Não tivemos situações onde vimos vantagens significativas dos modelos superiores de motor.
Motor Shimano E7000
Apesar de toda confiabilidade dos componentes Shimano, não podemos esquecer que tivemos problemas com esse motor. No nosso primeiro rolé forte, o motor teve um problema. Começou a fazer muito barulho, como se tivesse algo solto dentro. Levamos então em uma loja autorizada e fomos informados pela Sense que seria preciso acionar a garantia para a troca do motor.
Apesar de toda a decepção e muitas histórias de problemas com a garantia da Sense, o novo motor já estava disponível para envio na semana seguinte e foi trocado rapidamente.
Ao investigar mais o assunto, a Sense nos informou que as primeiras versões desse motor apresentaram esse problema de forma crônica, mas que já tinha sido resolvido. Depois disso, nunca mais tivemos problemas
Inicialmente esse seria um ponto negativo da bike. Como não ouvimos mais relatos desse problema e houve a divulgação dessa correção, não colocamos como um ponto contra - afinal, com seu funcionamento pleno ele excede as expectativas.
Vale lembrar também que não só a Shimano enfrentou problemas com motores e outras marcas também ainda sofrem com isso. Afinal, e-MTBs ainda são de certa forma recentes e vão melhorar ainda mais ao longo dos próximos anos.
Display
O sistema elétrico da bike é composto pela bateria, motor e o display, esse último que é o visor onde aparecem os dados de modo de potência escolhido, odômetro, velocidade, etc.
Alguns não sabem, mas o display tem diferentes versões para o mesmo motor e alguns permitem algumas funções extras, como uma configuração mais fácil de alguns ajustes finos do motor, como a resposta de torque em cada modo de força.
Apesar de não sentirmos falta desses ajustes, o display é um ponto fraco da Impulse E-Trail Comp. Ele não tem função Bluetooth que permite usar o aplicativo da Shimano para fazer esses pequenos ajustes. Para isso, é preciso levar a uma loja autorizada Shimano para que conectem um dispositivo específico.
Autonomia
Apesar de algumas marcas prometerem algum número para autonomia, isso é impossível de ser definido, uma vez que depende de muitas variáveis, como: peso do ciclista, inclinação do terreno, uso dos modos de assistência, o quanto o ciclista sabe usar as marchas, o quanto o ciclista está em forma, entre outras.
Sendo assim, é praticamente impossível definir a autonomia de uma mountain biking elétrica. O que podemos dizer, é que pro nosso estilo de pilotagem e locais, a bateria atende bem.
Pneus
Com nossa experiência e gosto pelas descidas, o primeiro ponto negativo que vimos na bike foram os pneus, que apesar de serem 2.35”, não parecem ser robustos e agressivos, parecendo mais modelos de cross-country.
Pedalando, porém, não tivemos problemas. Eles resistiram a bastante situações e não tiveram um comportamento ruim. De qualquer forma, preferimos fazer o upgrade para um modelo mais largo os pneus Schwalbe Magica Mary 2.6” que testamos aqui.
Suspensões
A suspensão dianteira Rockshox Silver TK é um modelo simples e, caso você já seja experiente em descidas e encare terreno muito técnico, sentirá falta de um melhor funcionamento. Porém, não tem como mexer neste componente sem alterar a faixa de preço. Se esse for seu caso, a versão Evo entrega uma suspensão superior, com a devida correção de preço.
Uma dica que ajuda bastante é que se pode alterar o curso da suspensão com a retirada de um batente da Rockshox 35, ganhando assim mais 10mm de curso. Porém, vale notar que esse procedimento fará você perder a garantia da suspensão e é também preciso colocar um óleo de maior viscosidade para compensar.
O amortecedor traseiro funcionou muito bem e nos agradou bastante.
Pros
Custo X Beneficio
Contras
Pneus
Conclusão
A Impulse E-Trail Comp tem um excelente custo x benefício. É uma full suspension robusta, com os componentes acertados para o preço e encara qualquer situação com maestria. Andamos em absolutamente todos os tipos de situações e sempre nos divertimos muito!
Para os pilotos experientes e que buscam o maior desempenho em descidas realmente técnicas e competições, a geometria não vai trazer a melhor performance e um upgrade de pneus também é bem vindo.
Piloto:
Pedro Cury - Perfil no Strava
Vestuario:
Camisa Vortek Racing
Luvas Vortek Flow
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