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Teste - Scott Scale 980 2018

A Scale 980 é uma hardtail com foco no cross-country produzida pela marca suíça Scott. O modelo conta com um quadro de alumínio 6061 com tubos de espessura variável, caixa tapered e pacotes de componentes de nível intermediário.

A Scott Scale 980 2018
A Scott Scale 980 2018    Pedro Cury

No teste a seguir, você conhece todos os detalhes de construção e pilotagem do modelo que é o segundo mais simples da linha Scale, que vai da mais básica Scale 990 até a Scale RC 900 SL, topo de gama com quadro em fibra de carbono.

Ficha Técnica

Quadro: Scale Alumínio 6061 - Butted / Direção Tapered
Garfo: Rock Shox 30 Silver TK Solo Air 100mm / Tapered / 9mm / trava remota / regulagem de retorno
Trava: Scott RideLoc Remote
Caixa de direção: Syncros OE Press Fit
Câmbio Traseiro: SRAM NX1 / 11v
Trocador: SRAM NX1 Trigger
Freios: Shimano M365 180/D e 160/T SM-RT10 CL
Pedivela: SRAM NX1 GXP PF 30D
Central: SRAM GXP
Guidão: Syncros T-Bar 9° / 720mm
Mesa: Syncros oversize 31.8mm / 1.1/8" / 6°
Canote: Syncros / 31.6x400mm
Selim: Syncros XR2.5
Cubo Dianteiro: Formula CL51
Cubo traseiro: Shimano FH-RM35 CL
Corrente: SRAM PC1110
Cassete: SRAM PG1130 / 11-42 T
Raios: Preto em aço inox 15G / 1.8mm
Aros: Syncros X-20 / 32H
Pneus: Maxxis Ikon / 2.2 / 60TPI
Peso divulgado: 12.60kg
Peso aferido: 12.80kg
Preço sugerido: R$ 7.799,90

Impressões Iniciais


A primeira vez que vimos a bicicleta dentro da garagem de um hotel, ficamos impressionados com sua beleza. Porém, ao colocá-la sob a luz do sol e dar alguns passos para trás para ver a bike como um todo, a Scale 980 realmente se destacou.

Bela pintura e acabamento esmerado
Bela pintura e acabamento esmerado    Pedro Cury

A bicicleta simplesmente inspira velocidade, com um belo contraste entre fundo preto e grafismos em neon perfeitamente posicionados. Não é a toa que um padrão de cores muito similar é utilizado na Scale 900 Word Cup e na Spark RC Word Cup.

Olhando mais de perto, gostamos de pequenos detalhes como o canote com grafismos de marcação de altura e carrinho com regulagem infinita travadas por dois parafusos. Outro detalhe que chamou a atenção foi o disco dianteiro de 180mm com a pinça montada sobre um adaptador e a traseira por cima do chain-stay no padrão post mount.

O ponto negativo fica pelo cabeamento parcialmente interno, com apenas a primeira parte do cabo do câmbio traseiro passando por dentro do down tube, saindo por uma abertura na união entre o tubo inferior e a caixa do movimento central.

O quadro é feito com alumínio 6061 com tubos de diâmetro interno customizado, com caixa de direção cônica, espaçamento convencional (não boost), eixo de 9mm e movimento central press-fit. Apesar de não utilizar câmbio dianteiro, o quadro tem furação para receber o componente, além de dois suportes de caramanhola.

Componentes

A marca Syncros, que pertence a Scott, está presente em componentes como aros, mesa, guidão, canote, selim e caixa de direção. A suspensão dianteira é uma Rock Shox 30 Silver TK com controle de retorno, espiga cônica e eixo de 9mm com blocagem.

Um detalhe que gostamos foi a blocagem do canote que pode ser apertada com a mão e com a chave allen, o que permite colocar o torque correto e ainda subir e descer o banco rapidamente. O central segue o padrão press-fit, um ponto negativo em nosso ponto de vista. Atualmente, existe uma tendência para a volta dos centrais com rosca, já que o prensado costuma ter manutenção mais complicada.


Pesos

A pesagem da bike foi realizada na H.Bike, oficina especializada localizada na zona sul de São Paulo.

Foto 66867


Totais

Total Divulgado: 12.60kg
Total Aferido: 12.80kg

Rodas

Pneu (unidade): 720g
Câmara da ar: 155g
Fita de aro par: 30g
Roda Traseira (sem fita): 1160g
Roda Dianteira (sem fita) 955g
Disco dianteiro: 220g
Disco traseiro: 185g
Porca trava do disco: 20g
Blocagem Dianteira: 55g
Blocagem Traseira: 95g

Componentes

Manopla: 35g
Canote de selim: 310g
Blocagem do selim com abraçadeira 50g
Mesa: 115g
Selim: 325g
Guidão: 295g
Suspensão Dianteira: 2205g
Trava da suspensão com cabo: 50g
Quadro com copos da caixa de direção: 1880g
Freio dianteiro: 275g
Freio Traseiro: 290g

Transmissão

Corrente: 250g
Cassete: 550g
Câmbio Traseiro: 320g
Pedivela: 805g
Trocador: 145g

Geometria

A geometria da Scale 980 é similar a encontrada nos modelos de fibra de carbono. Porém, olhando no papel, a bike foi "amansada" pelo fabricante se comparada suas primas de gama mais alta, com algumas medidas alteradas para obter mais conforto e estabilidade para ciclistas iniciantes.

Geometria Scott Scale 980
Geometria Scott Scale 980

No tamanho M, a Scale de alumínio possui exatos 60cm de tubo superior, criando um alcance de 419.2mm. A combinação destas medidas com uma mesa de 70mm, guidão de 720mm e uma caixa de direção de 105mm de altura colocam o ciclista em uma posição mais ereta e confortável, mas ainda possibilita encontrar facilmente uma posição de ataque.

A bike ainda conta com uma traseira de apenas 438mm, considerada relativamente curta para os padrões atuais. Já a caixa de direção possui um ângulo de 69.5 °, combinados com um garfo com 51mm de off-set.

Os números fazem da Scale 980 uma bicicleta com desenho relativamente moderno, com características de uma bike de XC voltada para terrenos técnicos, sem perder a vocação para longas horas sobre o selim.

O Teste

Ao longo do teste, passamos por uma grande variedade de terrenos. Terra batida com cobertura de pedras soltas ou não, subidas e descidas de single e estradão, pistas de XCO com traços de enduro, curvas com parede, saltos e drops e terra solta e lama fizeram parte do cardápio.

Foto 66722
    Pedro Cury

No geral, a bicicleta mostrou-se bastante viva e controlável, passando uma grande sensação de segurança que nos fez abusar dos limites da pilotagem e da sanidade em mais de uma ocasião. As palavras "na mão" definem a personalidade da Scale 980.

Descendo

Em estradões de terra bem batida e com grandes erosões, a Scale 980 realmente se sobressai. O controle proporcionado pela geometria, pela mesa relativamente curta e pelo guidão de 720mm com excelente ergonomia facilitam o trabalho do piloto.

Em sequencias de curvas de alta em estradão, a bike percorre a pista de um lado para o outro com grande compostura, permitindo que o ciclista busque tangentes e pontos de entrada de curva como um piloto de Moto GP.

Bike agradou demais nas descidas
Bike agradou demais nas descidas    Pedro Cury

Ao apontar na curva, a Scale parece deslizar para dentro como se estivesse em um trilho imaginário, dirigindo-se para a tangente e realizando contornos com boa precisão. Essa característica nos permitiu atacar as mudanças de direção com uma velocidade acima do normal, sempre confiando que a bicicleta nos levaria para o lugar certo - o que quase sempre aconteceu.

Um detalhe que chamou a atenção foi a compostura da Scale ao deslizar de traseira. Em algumas curvas em que nos empolgamos demais, foi possível reduzir a velocidade derrapando, com o ângulo podendo ser facilmente controlado com o jogo de corpo e com a pressão no manete de freio.

No single, mais uma vez nos pegamos abusando, atacando trechos técnicos em alta velocidade, ora contando com a agilidade para desviar de obstáculos, ora simplesmente apostando na boa estabilidade direcional para passar por cima de pedras, buracos e raízes.

Pensamos em como essa bike ficaria legal com um canote dropper - uma pena o quadro não possuir rotas internas para passagem de cabos, como já presente em outras marcas - mesmo em quadros de XC.

A única ressalva é a flexibilidade das finas hastes de 30mm com eixos de 9mm da suspensão dianteira. Em momentos em que um desvio super rápido se fez necessário, foi possível sentir um pouco de lentidão e flexibilidade vindas do componente.

No geral, a Scale mostrou ser uma bike mais capaz do imaginávamos na descida, passando muita confiança para o piloto e pedindo claramente para ser conduzida de forma agressiva e ativa. A mesa curta e o posicionamento mais ereto, apesar do tubo superior longo, certamente colaboram para isso.

Subindo

Morro abaixo ou acima, a Scale pede para ser pedalada de forma agressiva. Durante algumas subidas mais técnicas e inclinadas, nos pegamos mudando de linha e desviando de obstáculos só para sentir a bike encontrando o caminho sem dificuldades.

Este comportamento aliado a boa tração dos pneus fazem o ciclista atacar até aquelas subidas claramente intransponíveis, só para ver até onde é possível ir. Todavia, vale ressaltar que a combinação entre mesa curta, traseira curta e frente relativamente alta exige que o ciclista desloque o corpo para frente assim que o terreno começa a ficar mais inclinado.

O modelo encara bem subidas de estradão ou as mais tecnicas
O modelo encara bem subidas de estradão ou as mais tecnicas    Pedro Cury

Pedalando em pé e despejando potência em subidas de asfalto ou estradão, a Scale 980 mostrou boa disposição. Porém, apesar de acelerar bem, este não é o ponto mais forte da bike.

Pedais longos

Os dois suportes de caramanhola e a geometria que coloca o ciclista em uma posição um pouco mais ereta juntam-se a uma inesperada capacidade de absorver vibrações do quadro para criar um pedal bastante confortável.

A boa ergonomia do guidão e do selim certamente ajudam neste quesito, com o pneus de volume respeitável e com a suspensão com boa leitura de terreno completando um pacote interessante para quem deseja passar longas horas pedalando.

Suspensão

A Rock Shox 30 Silver TK possui regulagem de pressão de ar, de retorno e trava. Sua estrutura aposta em hastes de 30mm, eixos com blocagem de 9mm e caixa cônica.


Apesar de simples, a Silver TK possui uma boa leitura de terreno e capacidade de absorver impactos, com uma boa progressividade impedindo pancadas secas de fim de curso. Em nosso primeiro teste, utilizamos cerca de 28% de SAG, o que resultou em um comportamento excelente em descidas de estradão. Nos trechos mais esburacados e com erosões usamos todo o curso sem grandes impactos, com a bike contornando as curvas com grande estabilidade.

Todavia, na configuração citada acima, a 30 Silver TK não tem um bom suporte no meio do curso, o que resulta em um afundamento exagerado em trechos super-inclinados ou com grandes drops. Nestas situações, a solução foi reduzir o SAG para apenas 19mm, o que torna a suspensão dura demais da metade do curso em diante.

Esta característica de "moleza" no meio do curso já havia sido observada em outras bikes com esta suspensão e cria um cenário onde você tem conforto na primeira parte do curso ou suporte na metade dele, com a combinação entre os dois sendo praticamente impossível de ser atingida.

Além disso, essa "moleza" também rouba bastante a energia do ciclista - felizmente a trava RideLoc mostrou-se muito eficiente e simples de usar. Para uso geral, o melhor mix entre suporte, leitura de terreno e eficiência de pedalada foi encontrado com cerca de 23% de SAG - lembrando que isso é totalmente pessoal.

Freios

Os freios Shimano M365 mostraram um excelente desempenho. Embora seus manetes sejam longos, é possível controlar a velocidade da bicicleta com apenas um dedo sem grandes dificuldades - algo que certamente tem a ver com o disco de 180mm instalado na dianteira da bike. Apesar disso, manetes menores certamente seriam bem-vindos.

Freios mostraram eficiência com disco dianteiro de 180mm
Freios mostraram eficiência com disco dianteiro de 180mm    Pedro Cury

Embora os freios da Shimano normalmente sejam muito eficientes, já sentimos problemas de falta de potência inclusive em modelos mais avançados em uma de nossas trilhas de teste, algo que não aconteceu no caso da Scott.

Por outro lado, tivemos um pouco de dificuldade em manter o disco dianteiro longe das pastilhas. Seja pelo uso do adaptador ou pela blocagem dianteira sem eixo passante, o fato é que em mais de uma ocasião tivemos que realinhar a pinça depois de tirar a roda.

Transmissão

O SRAM NX possui 11 velocidades, um cassete 11-42 e uma coroa de 30 dentes - relação que rapidamente mostra suas limitações. Isso porque, seja "para cima" ou "para baixo", o fato é que a Scale 980 não é uma bicicleta que vai agradar gregos escaladores e troianos descedores no quesito amplitude de marcha.

Grupo NX funciona bem mas tem amplitude limitada
Grupo NX funciona bem mas tem amplitude limitada    Pedro Cury

Durante nosso teste, escalamos trechos bastante inclinados e, já com o corpo cansado, sentimos que as marchas leves ficam no limite das forças de um ciclista da categoria "forte dos fracos". Nas descidas com inclinação média em asfalto ou estradão, obviamente sentimos falta de marchas mais pesadas. Já nas descidas de altíssima velocidade e uso geral em trilhas, esta limitação praticamente não fez diferença.

Nos primeiros pedais, sentimos uma certa imprecisão e preguiça do câmbio, mas o problema foi resolvido com uma rápida regulagem no parafuso de posição. Depois disso, as marchas funcionaram perfeitamente e sem nenhum engasgo.

Como é de costume, o trocador SRAM possui cliques bem audíveis e que inspiram uma boa qualidade. Ele pode trocar até 5 marchas para cima de uma vez - desde que você tenha o dedão do homem elástico para fazer isso.

Rodas e pneus

Nos cubos, a trava do disco centerlock aparenta baixa qualidade. Embora isso seja apenas visual, a peça acaba destoando do conjunto, mas não apresentou qualquer problema. Os aros são Syncros e possuem 19 mm de largura interna.

Os funcionais Maxxis Ikon
Os funcionais Maxxis Ikon    Pedro Cury

Os pneus, por outro lado, agradaram em cheio. Embora sejam os modelos mais simples com talão de arame, o Maxxis Ikon pesou 730g. Eles apresentaram uma excelente aderência e previsibilidade, não nos deixando na mão em nenhuma situação. Além da boa aderência, o Ikon possui uma carcaça macia e um bom volume de ar, tornando a rodagem muito segura e confortável.

Os pneus mostraram uma boa versatilidade, funcionando bem em terrenos de terra bem batida, pedras soltas, pedras presas e terra úmida.Nas subidas o Ikon também mostrou muita coragem, agarrando-se ao chão com bastante eficácia.

Infelizmente não tivemos a oportunidade de testa-los em trilhas com muita lama, mas olhando pelos cravos curtos, este não parece ser o forte deste pneu.

Pros

- Geometria e Construção
- Pneus

Contras

- Relação limitada
- Eixos de 9mm

Conclusão

Analisando apenas os componentes, a Scale 980 se compara com outras bikes importadas do mercado e custa mais do que as nacionais. Porém, ao pedalar, essa impressão desaparece graças ao seu excelente quadro.

Uma bike que anda como um modelo mais avançado
Uma bike que anda como um modelo mais avançado    Pedro Cury

Além da maturidade de um projeto onde os componentes trabalham em harmonia, a Scale tem no quadro seu maior trunfo. Com uma excelente geometria e uma construção diferenciada, sua pilotagem é muito empolgante e divertida - um prato cheio para quem gosta de pedalar com um sorriso no rosto.

Piloto: Gustavo Figueiredo - Strava

Vestuário: Camiseta Free Force Broken, Bretelle Free Force Neo Classic, Meia Free Munittion, Capacete Scott Centric Plus, luva Scott RC Pro LF.

Para saber mais sobre a bike, acesse a página da Scale 980 no site oficial da Scott Brasil.


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