Além dos mais famosos componentes de transmissão, a Shimano também conta com uma ampla linha de sapatilhas, para atender do iniciante ao profissional, em diversas modalidades.
Dessa vez recebemos para teste a sapatilha de mountain biking Shimano XC3, que é o modelo básico para intermediário na linha de cross-country da marca, estando no meio do caminho entre a XC1 e a XC7. Essa linha ainda está abaixo da S-Phyre - o modelo profissional.
Impressões Iniciais
A XC3 é uma sapatilha mais discreta e minimalista. O modelo que recebemos é todo preto, de couro sintético e vendo mais de perto nota-se o material refletivo cinza. Para fechamento conta apenas com um BOA, aquele dial de aperto, que é bem prático.
A sola também é preta, baixa e discreta, ficando mais evidente que é para mountain biking apenas na parte de trás e embaixo. Essa última tem o desenho com a borracha mais alta, inspirando tração em terrenos mais soltos. O logo da Shimano fica na parte do calcanhar.
Apesar do nosso piloto de teste calçar 42 em todos os outros modelos de sapatilha testado, esse modelo pareceu apertado quando colocado pela primeira vez, o que foi quase um motivo de troca. Porém, resolvemos arriscar e ela cedeu, como falaremos mais abaixo.
Ter apenas um fecho nos deixou muito animados pela praticidade, porém também desconfiados quanto a eficácia, sendo um ponto muito importante do teste.
Área refletiva
A parte refletiva realmente funciona e deixa a sapatilha bem iluminada como comprovamos usando o flash do celular na foto abaixo.
Para nós, essa é uma característica muito importante em uma sapatilha de uso não profissional, uma vez que quase sempre é preciso fazer deslocamentos em locais onde há outros veículos.

Tecnologia Dynalast
A equipe de Pesquisa e Desenvolvimento da Shimano, com feedback de atletas profissionais, criou uma forma da sapatilha de tecnologia proprietária que promete um pedalar mais suave e transferência de força mais eficiente.
Segundo a Shimano, "A seção da mola do dedo do pé de uma sapatilha tem um papel chave no apoio ao pedalar eficiente. Alta demais causa maior tensão na planta do pé, panturrilha e tendão da perna. Sendo baixa demais, você tem uma forma de pedalar ineficiente, com as pernas tortas".
Sendo assim, eles descobriram a forma do formato ideal para contornar esses problemas. Mais informações sobre a tecnologia Shimano Dynalast aqui.
Ficha Técnica - Sapatilha Shimano XC3
Cores disponíveis: Preto ou Azul Marinho
Tamanhos: de 36 a 52
Tipo de taco: SPD
Melhor combinação de pedal: PD-ME700, PD-M520
Tecnologia de forma: Shimano Dynalast
Ano de lançamento: 2021
Fecho: 1 BOA (L6)
Material do cabedal: Couro sintético
Material da sola exterior: Borracha
Material da entressola: Nylon reforçado com fibra de vidro
Palmilha padrão: Palmilha arredondada
Peso divulgado (Tamanho: 42): 332 g (cada lado)
Peso aferido (Tamanho: 42): 331.5 g (cada lado)
Preço (julho 2021): R$ 1.019,90
O Teste
Para o teste usamos a sapatilha em diversos situações, em uma Sense Exalt Trail 2021 e uma Sense Impact Carbon 2019. A parte mais exigente do nosso teste foi o uso na competição Copa Monstrinho de XCO, no Rio de Janeiro, onde conseguimos a segunda colocação na categoria Enduro.
Apesar de na ficha técnica ser dito que as melhores combinações de pedais são os PD-ME700, PD-M520, usamos dois outros modelos: o Shimano XT Trail e o Bontrager Commuter. Como o que importa é o taquinho ser compatível com o sistema SPD, não vimos qualquer problema de engate ou desengate.
Segundo a Shimano, essa recomendação se dá para acompanhar o nível da linha de produto, ou seja, sapatilhas de linhas mais profissionais terão recomendação de pedais mais profissionais. Porém, na prática isso não muda a usabilidade.
Ajuste de Boa único
O ajuste com o dial Boa L6 é realmente muito prático e nosso preferido. Basta girar no sentido horário e a sapatilha fica uniformemente apertada. O sistema só permite rodar nesse sentido. Para soltar, é preciso puxar o dial, permitindo tirar todo o aperto imediatamente.
Este é o ponto mais interessante da sapatilha, mas também o mais crítico. Ter apenas ponto de ajuste com o dial Boa, é super prático. Porém, nos deixou inseguros quanto a manter o aperto e também, caso abrisse acidentalmente, não teria outro ajuste para segurar a sapatilha no pé.
Nas primeiras saídas com a sapatilha, foi preciso reapertar de tempos em tempos o ajuste. Parecia que ela ainda estava cedendo, mas depois tudo se acertou e a frequência diminuiu bastante, ficando o esperado para qualquer outra sapatilha e fecho.
Um outro ponto interessante é que como tem apenas um boa, e bem acessível, é muito fácil ajustar o aperto em cima da bike, com o pé clipado.
Para competidores mais sérios, vale questionar se ter apenas um fechamento é arriscado. Tivemos uma queda em que o dial bateu no chão e ficou com terra. Caso ele quebrasse, seria o único aperto da sapatilha, dificultando o término da prova. Nesse caso, o modelo XC7 com dois fechos seria mais seguro.
Dureza da sola
As sapatilhas Shimano tem uma escala de dureza da sola que vai de 1 a 12. Nas de mountain biking, a escala vai até 11 e o modelo XC3 está no nível 5.
Quanto maior esse número, mais rígido é o material da entressola e maior a transferência de força na pedalada. Ao mesmo tempo, menor é a flexibilidade e conforto.
A proposta da sapatilha não é o uso profissional em competições e não conseguimos medir o quanto melhor seria a transferência de força em uma entressola mais rígida. Mas em termos de conforto, ela superou a expectativa, sem notarmos problemas tão claros de rigidez em pedalar.
Mais uma vez, para quem busca resultados e está tentando ganhar mais watts a qualquer custo, os modelos de maior rigidez são os mais adequados.
Conforto
A primeira vista, a sapatilha não nos parecia confortável. O material externo é um pouco rígido, a palmilha fina e os acolchoamentos internos são discretos, sendo apenas notados quando você pressiona com os dedos. Além disso, quando colocamos no pé, ficou apertada.
Porém, apesar da impressão inicial, a sapatilha cedeu no tamanho e em nenhum momento causou qualquer ponto de pressão, atrito ou dormência. Sendo surpreendentemente um dos pontos mais positivos do teste!
Durabilidade
É claro que fica impossível medir a durabilidade sem ter muitos meses pedalando e em diversas condições. Analisando a sapatilha depois do nosso uso, tudo continua como antes.
Por sorte, em uma das trilhas, encontramos um outro usuário desse mesmo modelo, que pode nos contar sua experiência de uso por 7 meses, confira no vídeo abaixo.
Caminhando com a sapatilha
Sapatilhas para pedalar não foram feitas para caminhar ? Depende! Empurrar a bike na trilha é um cenário comum, seja em subidas muito íngremes ou condições adversas como lama.
A XC3 não possui os cravos dianteiros e nem borracha especial da Michelin como no modelo XC7, porém não tivemos problemas com tração caminhando, mas principalmente, nenhum problema com o fecho BOA abrindo ou a sapatilha saindo do pé.
Pros
- Praticidade de apenas um fecho BOA
- Alto Conforto
Contras
- Risco por ter apenas um fecho BOA
Conclusão
A sapatilha Shimano XC3 cumpre exatamente o que promete: ser uma sapatilha de entrada para o mundo competitivo do Cross-Country. Entrega o necessário para quem busca performance, mas ainda não chegou em um nível tão competitivo.
Vestuário
Capacete: Giro Source Mips
Óculos: Absolute
Luvas: ASW
Camisa (branca): Ahau T-Shirt Enduro
Bermuda: Ahau Trail
Para saber mais, acesse página oficial da Sapatilha Shimano XC3.
Piloto: Pedro Cury - Perfil no Strava
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