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Teste - Audax Auge 527 Plus GX Eagle 2019

Bike montada ao redor de quadro de fibra de carbono oferece versatilidade com rodas 27.5+ ou 29

A Audax Auge 527 Plus GX Eagle é uma hardtail montada ao redor de um quadro de fibra de carbono com o chainstay elevado que aposta em uma concepção um pouco diferente da maioria das "rabos duro" encontradas no mercado nacional. No teste a seguir, confira mais detalhes deste modelo que pode ser uma excelente opção para quem deseja uma bike para encarar trilhas de fim de semana e competições amadoras de variados níveis técnicos.

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Ficha Técnica

Quadro: SL carbon pro UD
Garfo: Fox 32 Float Rhythm 29 15X110mm BOOST (Trava no guidão)
Caixa de direção: FSA orbit integrada tapered
Câmbio traseiro: SRAM GX Eagle
Corrente: SRAM GX Eagle 124 link
Central: SRAM Presfit MTB GXP
Pedivela: SRAM Eagle 175MM 32D 24MM
Cassete: SRAM Eagle 10/50D
Pedais: VP-536 9/16
Mesa: FSA Afterburner 90MM
Guidão: FSA Afterburner 740mm
Trocador: Sram GX Eagle
Freios: TRP slate T4
Selim: Prólogo X-ZERO STN
Canote: Marzocchi Retratil 31.6 x 406MM
Rodas: ADX 27.5 Plus
Pneus: Chaoyang Big Daddy 27.5 x 2.8
Preço sugerido: R$15.990,00

Impressões iniciais

A primeira vista, a Audax Auge 527 Plus GX Eagle 2019 é uma bike que chama bastante atenção. A pintura é muito bem feita e a predominância do amarelo gritante faz com que ela se destaque em qualquer ambiente - o mesmo vale para os largos pneus e para o desenho com a traseira elevada.


O modelo conta com cabos e mangueiras passando integralmente por dentro do quadro, inclusive o cabo de acionamento do canote retrátil. Além disso, o espaçamento é boost em ambas as extremidades, com o movimento central no padrão Press Fit.

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No final do triângulo traseiro, encontra-se um suporte de eixo com duas posições que deve ser utilizado para trocar as rodas de 27.5+ para 29. Além disso, o suporte da pinça traseira possui duas furações. Como era de se esperar, a caixa de direção é cônica e não existe previsão para a adaptação de câmbios dianteiros.

Componentes

A 527 Plus veio equipada com um pacote intermediário de componentes, com uma montagem bem equilibrada. Isso quer dizer que seus componentes estão todos no mesmo nível, sem destaques positivos ou negativos.

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A (longa) mesa de 90mm e guidão de 740 são da linha Afterburner da FSA, com um selim Prólogo X-ZERO STN. Um detalhe que agradou foram as manoplas - o modelo escolhido une conforto e uma boa pegada. O canote retrátil é um Marzocchi Tranfer com acionamento remoto para cabeamento interno.


Para trocar as marchas, a Audax apostou em um grupo SRAM GX Eagle de 12 velocidades, com os impactos sendo absorvidos por uma suspensão dianteira Fox 32 Float Rhythm com 110mm de curso. As rodas ADX 27.5 Plus calçam os largos pneus Chaoyang 27.5 x 2.8.

Um detalhe interessante é que a bike já vem equipada com um jogo de pedais VP-536 9/16, compatível com padrão Shimano SPD. O jogo de pedais original da bike não foi usado durante o teste.

Pesos

Como a bike foi testada em uma situação um pouco diferente da de costume - mais informações abaixo - não foi possível realizar a pesagem super completa. Além disso, vale destacar que o cassete presente na bike no momento da pesagem não era o original e que as câmaras de ar estavam cheias de selante, o que gera algumas distorções no peso aferido.

Apesar disso, a pesagem acrescentou alguns dados importantes, revelando que o conjunto de rodas e pneus é menos pesado do que imaginávamos.

Total aferido: 12.29kg

Componentes
Caixa de direção: 115g
Garfo: 1805g
Eixo dianteiro: 85g
Eixo traseiro: 75g

Rodas:
Porca do disco: 40g
Disco: 155g
Roda dianteira: 975g
Pneu: 765g
Roda traseira: 1180g
Roda dianteira montada (câmaras com selante): 2325g
Roda traseira montada (câmaras com selante - Sem cassete): 2805

Geometria

No papel, a Audax 527 Plus possui uma geometria com características mistas e que começa mostrar alguns sinais de desatualização. O modelo testado no tamanho L possui 422mm de alcance, um número que atualmente já cai na casa dos quadros curtos. Além disso, o modelo M possui apenas 402mm nesta medida, definitivamente pequeno para os padrões atuais.

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Segundo a tabela fornecida pela Audax, ela possui 68.5mm de ângulo de caixa e 425m ou 440mm de rabeira, isso com o quadro regulado para rodas 27.5+ ou 29 respectivamente. Em ambos os casos, os valores não indicam uma traseira curta e nem demasiadamente longa.

Com um central com rebaixo de 58mm e uma distância entre-eixos de 1131.8mm em sua configuração mais longa, trata-se de uma bike que cai "no meio do caminho" entre o moderno e o tradicional, com características que a tornam mais capaz do que uma bike puramente de XC, mas que ainda fica devendo um pouco quando comparada com bikes trail mais modernas.

O Teste

Testamos a Audax Auge 527 Plus GX Eagle 2019 durante o Rally Piocerá. A bike foi utilizada com as rodas originais 27.5 e com um par de rodas aro 29 em diferentes dias da competição. O terreno variou bastante e contou com trechos planos, subidas, descidas e asfalto. Embora tenhamos passado por algumas descidas com pedras e erosões, não passados por trechos de grande inclinação.

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    Fabio Piva

Descendo

A 527 Plus é uma bike que desce bem, com muitos de seus comportamentos assemelhando-se aos de uma bike de XC com uma dose extra de capacidade. O modelo utilizado veio com uma mesa de 90mm que, combinado com o alcance de 422mm, colocou nosso piloto em uma posição um pouco mais deitada e que agradou bastante em trechos de estradão com curvas em alta velocidade. Montada com as rodas 27.5 Plus, a confiança cresce ainda mais.

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    Fabio Piva

Nos trechos mais técnicos que passamos, a bike estava equipada com rodas 29 e pneus Continental CrossKing 2.3 montados sem câmara. Apesar de não serem capazes como as 27.5 Plus, não sentimos dificuldades em atropelar pedras e erosões de todos os tamanhos, contando com o excelente trabalho da Fox Float para engolir obstáculos de tamanhos variados sempre com grande compostura.

Por falar no garfo, como de costume o suporte e progressividade da Fox agradaram, permitindo usar a suspensão bem macia sem prejudicar sua capacidade de absorver impactos grandes e evitar o afundamento exagerado em frenagens em trilhas mais inclinadas.

Apesar de ser mais capaz que uma bike de XC, ficamos com a impressão que um quadro um pouco mais longo faria muito bem para a 527, até por abrir a possibilidade de utilizar uma mesa muito mais curta. Durante a prova, não sentimos dificuldades nas descidas encontradas, mas com base em nossa experiência, acabaríamos sofrendo um pouco em trechos super inclinados. Apesar disso, a presença do canote retrátil sempre ajuda demais nestas situações, permitindo recuar o peso do corpo com muito mais facilidade.

Subindo

Olhando para a Auge 527 Pus, fica claro que a velocidade nas subidas não é o foco da bike. Mesmo assim, ela encara as ladeiras surpreendentemente bem. Apesar de não ser super leve, ela responde bem em acelerações morro acima, facilitando a transposição daqueles trechos técnicos que exigem um pouco mais velocidade. Em parte, isso pode ser creditado ao quadro extremamente rígido.

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    Fabio Piva

Durante a prova, não passamos por subidas super técnicas e escorregadias, mas jogamos a bike propositalmente nos piores trechos da trilha para testar a tração dos pneus 27.5 Plus. No geral, eles agarraram bem o terreno, mas infelizmente não foi possível analisar sua tração sobre pisos úmidos, com pedras escorregadias, raízes e erosões - provavelmente locais onde a "pegada" maior e pressão menor fariam toda a diferença.

Com uma coroa de 32 dentes impulsionando um pinhão grande de 50, a grande maioria dos ciclistas estará bem servido de marchas leves. Curiosamente, e apesar da traseira relativamente longa, da frente curta e da mesa longa, sentimos uma leve tendência para empinadas em alguns trechos, exigindo foco no posicionamento do corpo.

Pedais longos

Sim, nós passamos muitas e muitas horas sobre a Auge 527 Plus e, com isso, chegamos em algumas conclusões surpreendentes sobre a bike, tanto para o bem quanto para o mal.

O primeiro detalhe que chamou a atenção é que os pneus 2.8 apresentam uma rolagem incrivelmente positiva. Na terra, eles nos pareceram quase tão eficientes quanto um conjunto de pneus 29. No asfalto eles pareciam agarrar um pouco mais, porém nada exagerado. A bem da verdade, já utilizamos pneus 29 com desenho mais agressivo que certamente arrastavam mais do que os Chaoyang da 527 mesmo sendo relativamente mais estreitos.

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    Fabio Piva

Outro detalhe positivo é a pilotagem tranquila proporcionada pela geometria da bike, algo que sempre economiza o cérebro do piloto em longos e maratona. Além disso, a posição de pedalada com os braços um pouco mais para frente agrada.

Dito isto, nos parece claro que a 527 Plus tem algumas limitações quando falamos em passar horas e horas no pedal, sendo o suporte único de garrafinha o mais obvio e aparente. Menos aparente e mais complicado de resolver é a baixa capacidade de filtrar irregularidades do quadro, algo que apareceu quando ela foi montada com pneus 29 e pressões mais elevadas.

Com uma traseira "robusta", um canote pouco flexível e um selim com forração dura, sentimos o corpo bastante judiado pela rodagem mais áspera da bike. Diferente de algumas hardtails de carbono, a 527 Plus parece ter uma construção mais focada na resistência e menos no conforto. Como era de se esperar, o uso dos pneus 27.5 Plus com baixas pressões elimina completamente essa sensação.

Suspensão

Atualmente, a Fox 32 Performance é uma das melhores referências do mercado quando falamos em funcionamento. O modelo vem equipado com uma mola a ar Float e com sistema de amortecimento Fit Grip, que proporciona um excelente controle dos movimentos da suspensão, regulagem de retorno e trava remota - o padrão a ser batido em suspensões desta faixa de preço.


Um dos detalhes que mais nos agradam neste garfo é sua grande capacidade de funcionar bem com o mínimo de tempo investido em regulagens. Isso quer dizer que, com um ajuste rápido de SAG e outro de retorno, você provavelmente vai encontrar um funcionamento plenamente satisfatório - este foi justamente o caso do primeiro dia do Piocerá, quando tivemos nosso primeiro contato com a bike e apenas alguns minutos para deixar tudo pronto para a largada. No dia seguinte, com um tempinho extra, aumentamos um pouco a pressão só para reduzir a movimentação da frente pedalando em pé e só.


O modelo que equipa a 527 Plus utiliza espaçamento boost, eixo passante de 15mm e espiga cônica, com a rigidez lateral mostrando-se aparentemente boa. A trave remota mostrou-se eficiente mas não chegou a bloquear completamente os movimentos da suspensão.

Freios

O TRP Slate T4 possui nada menos do que 4 pistões mordendo discos de 160mm. Durante o teste, eles mostraram boa precisão, com as descidas presentes no percurso passando longe de super aquecerem o sistema. Apesar de emitirem bastante barulho quando molhados, ficamos positivamente impressionados com sua boa modulação, com as pastilhas fazendo contato com os discos rapidamente e sem causar travamentos.

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Em linha gerais, a sensação do manete e aparência geral do sistema inspiram solidez e qualidade. Apesar disso, sentimos que as alavancas são um tanto quanto grandes, o que exige um posicionamento um pouco diferente do conjunto. Além disso, o parafuso que regula o alcance fica dentro do manete, o que acabou gerando um problema inesperado.

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Em algumas situações como trechos planos e subidas menos técnicas, nosso piloto de testes tem o costume de deixar a mão aberta sobre o guidão, com os dedos por baixo do manete de freio. Nesta posição, o dedo indicador acabava esbarrando no parafuso de regulagem, mudando assim sua posição. Embora isso seja um "problema" causado pela posição da mão específica de um individuo, a dificuldade nunca havia acontecido antes.

Transmissão

Os SRAM GX Eagle é um grupo que já passou algumas vezes em nossas mãos ao longo de diferentes testes. A bike testada veio com uma coroa de 32 dentes e com cassete 10/50, configuração que satisfaz na grande maioria das ocasiões.

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Quando realizamos a troca de rodas, foi preciso reajustar completamente o sistema, com mudanças nos parafusos limitadores, no de posição e também na tensão do cabo. Apesar disso, o trabalho foi realizado em alguns minutos, com o grupo funcionando sempre de forma redonda.


Olhando para o desenho da bike, temos a impressão que não escutaremos nenhum barulho de corrente batendo. Na verdade, porém, ela bate lateralmente no stay elevado, causando um nível de ruído semelhante aos quadros convencionais dependendo da marcha utilizada - a corrente bate mais em descida sem pedalar e com o câmbio nas marchas mais pesadas.

Rodas e Pneus

Um dos pontos mais diferentes e de maior destaque da bike, o conjunto de rodas e pneus 27.5 Plus agradaram bastante não só pelo conforto e pela tração, mas também pelo peso relativamente "baixo" do conjunto e por uma rolagem surpreendentemente positiva.

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Durante o teste, os pneus Chaoyang Big Daddy nos transmitiram bastante conforto e confiança para atacar curvas, com seu altíssimo volume e transição suave entre os cravos centrais e os laterias permitindo deixar a bike com bastante desenvoltura, mesmo em terrenos com muitas pequenas pedras soltas.

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As rodas super largas ofereceram um bom suporte lateral para os pneus e, rodando com apenas 15 libras na frente e 17 atrás, não sentimos muito torção lateral. A bem da verdade, acreditamos que seria possível reduzir ainda mais a pressão, mas o fato de estar um uma prova dura em terreno desconhecido desencorajou a tentativa. Em uma trilha mais conhecida, certamente nos aproveitaríamos da construção tubeless dos pneus para reduzir ainda mais a pressão.

Vale destacar que cada pneu pesou ao redor de 765g, com a roda dianteira sem disco ficando na casa dos 975g e a traseira em 1180 - apesar de não ser super leve, o conjunto pesou menos do que o indicado pela sua aparência. Infelizmente, como ela foi montada com câmaras de ar lotadas de selante, o peso do conjunto completo acabou sendo meio elevado.

Pros

-Versatilidade
-Suspensão dianteira

Contras

-Geometria poderia ser mais moderna
-Rodagem áspera com pneus 29

Conclusão

A Audax Auge 527 Plus GX Eagle 2019 é uma bike versátil, capaz de utilizar rodas e pneus diferentes para encarar desafios que vão de trilhas de fim de semana a pedais longos, arriscando até uma provinha ou outra de maratona. Suas características devem agradar quem busca uma bike capaz de fazer de tudo um pouco.

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    Fabio Piva

Apesar disso, ficamos com a impressão que a 527 Plus poderia ter uma geometria mais alongada e com uma mesa bem mais curta. Com isso, a bike não perderia sua capacidade de rodar em situações variadas e ganharia muitos pontos no quesito "descidas insanas".

Piloto: Gustavo Figueiredo - Strava

Vestuário: Camisa ASW Active Scratch 19, Bretelle Active Scratcha 19, luva ASW Active aberta, capacete Lazer Magma, meias Stance.

Para mais informações, acesse a página da Auge 527 Plus GX Eagle no site oficial da Audax.


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