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Santa Cruz Hightower 2018 - Primeiras Impressões

A Santa Cruz é uma marca californiana que existe desde 1994 e conta com excelentes bikes para todas as categorias do mountain biking, apesar de ter sua imagem mais atrelada ao downhill, devido às suas inúmeras vitórias no circuito mundial.

Dessa vez tivemos a chance de andar na sua bike trail, a Hightower, na configuração mais básica - kit R - que já conta com um quadro todo de carbono e componentes interessantes.

Foto 66258
    Pedro Cury

Ficha Técnica

Quadro: Hightower carbono C 29
Suspensão Dianteira:RockShox Revalation RC 140
Suspensão Traseira: Amortecedor FOX Float Performance DPS
Roda Dianteira:Cubo Novatec D711 15x110, aros WTB ST i25 TCS 29h e raios DT Competition
Roda Traseira: Cubo Novatec D462 12x148 (XD), aros WTB ST i25 TCS 29h, raios DT Competition
Pneu Dianteiro: Maxxis Minion DHF 29x2.3 EXO TR
Pneu Traseiro: Maxxis Minion DHR2 29x2.3 EXO TR
Câmaras / Selante: Tubos selante STAN's 2oz
Freios: SRAM Level T
Rotores de Freio: Avid Centerline 180mm
Passadores: SRAM NX
Cambio Dianteiro: Incompatível
Cambio Traseiro: SRAM NX Long Cage
Cassete: SRAM XG1150 CS 10-42 dentes
Corrente: SRAM PC1110
Pedivela: Race Face Aeffect - 30 dentes
Selim: WTB Volt Race
Canote: RF Aeffect 31.6
Guidão: Race Face Aeffect R 35x780 20mm Rise
Mesa: Race Face Ride 50mm
Caixa de direção: Cane Creek 10 IS Integrada
Manoplas: Santa Cruz Palmdale
Peso: 13,22 kg (divulgado)
Preço: à partir de R$22,491 (março 2018)

Tecnologias

Sistema VPP

Um dos destaques da Santa Cruz é seu sistema de suspensão VPP - Virtual Pivot Point. Nesse design, são usados dois pivôs principais, que giram em posições opostas e geram um "pivô virtual".

O sistema permite criar designs de quadros e funcionamento dos amortecedores otimizados para cada aplicação, seja a uma bike de XC de pouco curso ou uma de downhill que ganha provas mundiais.

Importante falar também que esse sistema já é usada pela marca há mais de 10 anos e vem sendo aperfeiçoado ao longo do tempo.

Foto 66266
    Pedro Cury


Grease Port

Mais uma exclusividade da marca é ter uma válvula onde é possível encaixar um pistola para renovar a graxa do pivô principal, sem precisar desmontá-lo e deixando o funcionamento sempre em dia. Vale lembrar também que esses pivôs são selados e com rolamentos de contato cônico (angular bearing).

Flip Chip

A plaquinha do amortecedor traseiro muda a bike para que a geometria permaneça praticamente igual ao usar rodas 29 ou 27.5+.

Geometria



Na posição Low o garfo de referência é de 551mm de axle-to-crown e 51mm de offset e na tabela da High, é para um garfo de 561mm axle-to-crown e também 51mm de offset.

A Bike

A Santa Cruz é famosa por ter quadros muito bonitos e de excelente qualidade. Suas bikes são visualmente bem simples e "diretas ao ponto". Uma característica bem bonita é que o triângulo traseiro e dianteiro são peças inteiriças, ligadas pelos dois links do sistema VPP.

O quadro também já vem com uma camada de borracha mais grossa tanto nos chainstays, quanto no tubo inferior para proteger de impactos.



Desde seu lançamento em 2016, a Hightower já conta com eixos do novo padrão Boost, com 148mm x 12mm atrás e 110mm x 15mm na frente.

Todas suas versões contam com canote dropper, que hoje em dia é um componente essencial para trail bikes. Em algumas versões (ou disponível para upgrade nas mais básicas), o canote é de 150mm.

A Hightower não tem versões de alumínio, mas existem duas versões do carbono, o C (testado) e o CC, sendo o último em torno de 330 g mais leve segundo o fabricante. O quadro é também inteiramente de carbono, tanto o triangulo dianteiro, quanto o traseiro. A garantia do quadro é vitalícia.

Outros pontos interessantes de se levar em conta é que o central é de rosca, algo desejável hoje em dia para esse estilo de bike e também é possível colocar uma garrafa de água no quadro, mesmo com amortecedores com piggyback.

Por falar no amortecedor traseiro, ele é um Fox Float Performance DPS, com três modos de ação - aberto, médio e firme - que podem ser escolhidos por uma alavanca.

A Hightower aceita tanto rodas 29", quanto 27.5+ e o tamanho máximo de pneu é 3.0. O quadro também não tem opção para o uso de câmbio dianteiro, portanto, só funciona com uma coroa.

Outra característica geral da Santa Cruz é escolher bem os componentes que equipam suas bikes, evitando peças mais genéricas ou sem tradição.

Pedalando

Pudemos pedalar a Hightower por 3 dias no na inauguração do Chácara Bike Park em Santana dos Montes (MG). Apesar de termos algum tempo em cima de pedal, o local não é ainda propício para um rolé mais enduro ou downhill, já que ainda não tem pedras, raízes ou trechos super técnicos. De qualquer maneira, um salto de madeira e algumas curvas nos ajudaram a ter algumas impressões.

Como não ficamos satisfeitos, andamos novamente na bike em algumas trilhas mais técnicas de Belo Horizonte, como Boca do Sapo, Matinha e outras.

Subindo

Ao subir na bike, a primeira coisa que se nota é que você fica numa posição para atacar as descidas. A mesa curta, guidon largo e ângulo de caixa bem aberto comparado a uma XC, dão essa sensação. Na hora de subir, isso não foi um problema e já é algo de se esperar de uma bike dessa categoria.

Foto 66274
    Thiago Lemos

A Santa Cruz, assim como algumas outras marcas, promove muito seu sistema de suspensão por não precisar usar travas para aumentar a eficiência no pedal. Mas, em subidas mais inclinadas e lisas, ao pedalar mais forte e em pé, sentimos o funcionamento indesejado do amortecedor.

Porém, a sensação muda totalmente quando as subidas são técnicas, com pedras e raízes. Nesse caso, gostamos muito da eficiência do sistema de suspensões. Chegamos até a preferir usar o modo intermediário de bloqueio do amortecedor ao invés do mais firme.

Também deu pra notar que a regulagem do amortecedor traseiro com 3 posições realmente faz diferença. A posição mais travada, não é uma trava total, mas reduz bem o movimento.

Com isso, a Hightower funciona melhor quando pedalamos sentados e girando nas subidas mais lisas, deixando aquela energia extra para pedalar em pé nos trechos técnicos e inclinados, onde ela oferece uma tração muito positiva.

Pedaladas mais longas

Uma trail bike como essa promete ser um meio termo entre eficiência nas subidas e descidas. Na nossa primeira experiência, rodamos o dia todo com praticantes de XC, bem treinados e com bicicletas específicas para a modalidade. Eramos os únicos com uma bike assim e claro que tiveram as típicas zoações de que tinham que esperar na subida. Porém, mantendo a tradição, também retribuímos quando vimos alguns empurrando em descidas e sem saltar a rampa mais alta do parque.

Foto 66273
    Thiago Lemos

No final de um dia todo de pedal, o espirito do all mountain se confirmou. Foi mais lento pedalar com suspensões maiores e geometria mais agressiva em comparação com uma bike pura de XC, mas as descidas foram muito mais divertidas e passamos um bom tempo "brincando" nos saltos e curvas do parque, enquanto ninguém nas bikes menores queria saltar.

Na nossa outra experiência, nas trilhas técnicas, não fizemos um rolé longo, mas deu pra notar que a suspensão é muito bem vinda para melhorar o conforto nas subidas e te manter mais inteiro. Andamos no mesmo ritmo que nossos amigos locais, que também estavam com trail bikes.

Descidas

Com 140mm na suspensão dianteira, 135mm na traseira e ângulo de direção 67 graus, a bike tinha tudo para funcionar muito bem nas descidas. E na verdade, excedeu!

Uma característica que adoramos é que a bike é muito fácil de tirar do chão até mesmo com um bunnyhop. Sair de curvas mais cavadas, aproveitando o retorno da suspensão para tirar as duas rodas do chão é fácil e divertido.

Teste - Santa Cruz Hightower R 2018
Teste - Santa Cruz Hightower R 2018    Thiago Lemos

A posição que a bike proporciona também é excelente. Até esquecemos de baixar o selim algumas vezes que saltamos a rampa maior.

Nas trilhas técnicas de BH que realmente deu pra ver o grande potencial da Hightower. Como esperávamos, as rodas 29 compensam bastante o curso intermediário de 135mm da bike. Em nenhum momento sentimos falta de mais curso, mesmo sendo uma trilha desconhecida.

Uma situação curiosa, foi que erramos feio uma linha e fomos obrigados a atropelar algumas pedras bem grandes... o que não foi um problema pra bike, apesar do terror psicológico no nosso piloto!!!

Também nas descidas, notamos que a Hightower é uma bike mais arisca, em que você vai conseguir tirar o máximo de proveito estando mais numa posição de ataque e trabalhando bem em cima da bike, do que esperando que a bike faça tudo por você como seria com uma bike mais longa de enduro ou downhill.

Sentimos muito à vontade em "frear forte e mais tarde", conseguindo ancorar bem a bike logo antes de fazer curvas mais fechadas e soltando os freios pra manter a velocidade. É fácil mudar de direção e corrigir seus erros... a bike é bem sensível ao jogo de corpo.

Ao mesmo tempo que no nosso primeiro teste, sentimos a bike um pouco lenta por estar num ambiente liso mais de cross-country, contra pilotos mais treinados nessa modalidade, ficou clara suas vantagens ao andar no seu habitat. Com o terreno técnico e difícil, ficou claro as vantagens da Hightower, andando sem medo e rápido numa trilha para nós desconhecida, onde muita gente com bike rígida estava empurrando.

Algo que nos intrigou foi que perdermos tração na roda traseira uma ou duas vezes em curvas. Isso pode ter se dado por uma série de fatores, incluindo pressão do pneu, perfil mais arenoso da pista ou até mesmo o tamanho da bike, que fica no meio do caminho entre a média e a grande para nosso piloto de teste. Ou talvez esse seja um efeito colateral da bike ser tão arisca. Prometemos uma análise mais profunda quando tivermos a chance.

Foto 66272
    Thiago Lemos

Conclusão

A Hightower mostrou-se uma trail bike ágil e divertida, que encara sem medo as descidas mais cabeludas, mas também é capaz de escalar com relativa eficiência, principalmente se as subidas forem técnicas. Ela comporta-se bem em terrenos mais agressivos, podendo encarar com desenvoltura as principais provas de enduro nacionais.

Apesar da bike encarar bem um pedal de XC mais técnico, outros modelos da marca como a Tallboy podem atender melhor se o objetivo por o máximo desempenho no cross-country ou se os pedais forem em terreno mais liso.

A Hightower realmente excede as expectativas quando apontada para baixo, mas se mesmo assim você não achar o suficiente, a marca oferece uma versão LT com 150mm de curso e pneus plus - a bike que venceu o Brasil Enduro Series 2017 e é usada até mesmo em algumas provas de downhill por Wallace Miranda e o maior campeão brasileiro da modalidade Markolf Berchtold.

Para mais detalhes da Hightower, acesse o site Santa Cruz Brasil, onde você também pode comprar os produtos da marca pelo sistema de vendas diretas para o consumidor.
Piloto: Pedro Cury (Strava)


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