MENU

Por que a indústria de bicicletas abandou o aço ?

O PEDAL convidou o mestre Igor Miymura para esclarecer, ou melhor, responder essa pergunta que muitos querem saber a resposta.

Os ciclistas das antigas sabem muito bem do que se trata. Pois quem já teve uma bicicleta com o material de cromo molibidênio legítimo, sabe o que nós estamos falando. Isso sem falar dos cromos mais preciosos que encontramos no mercado atual.

Com vocês, a reposta de Igor Miaymura que virou um artigo!


"A resposta é simples, mas não é clara para a maioria. Os publicitários conseguiram fazer com que os consumidores enterrassem o aço de forma eficiente ao usar grandes hipérboles ao falar do alumínio, carbono entre outros.

Demorou bastante, mas conseguiram deixar os consumidores antigos sem opção e ao iludir os que chegavam naquele momento ao mundo das bicicletas.

imagem

:: Mas por quê isso?

Simples! O aço é o material mais antigo usado na construção de bicicletas. Um material com tanto tempo de uso chega ao seu limite de desenvolvimento, e consequentemente, ele não muda muito em pouco tempo, o que não dá justificativa para você trocar de bike ou quadro a cada temporada.

As evoluções no ciclismo existem, mas são lentas a ponto de não justificar uma troca anual de equipamento. Um quadro de carbono, por exemplo, tem sua vida útil limitada e muitos fabricantes colocam nos seus manuais, o tempo de vida desses quadros (e componentes também).

Somado a isso, existe o fato do aço ser mais caro de se manipular que o alumínio atualmente. Ferramentas de corte se gastam muitíssimo rápido que as de alumínio. E acreditem, essas ferramentas custam muito caro mesmo numa produção em massa. O aço também é mais denso que o alumínio e para deixá-lo leve é necessário máquinas e tecnologia que permitam o trabalho com margens de erro muito baixas.

Um tubo de aço para bicicletas pode chegar a ter 0.3 mm de parede contra os 0.9 dos alumínios mais finos e tops de linha.
Hoje em dia é muito fácil fazer quadros de alumínio leves, visto a densidade do material. Em contrapartida, a durabilidade desses quadros é menor e sua rigidez por vezes indesejável para quadros rígidos (sem suspensão) – em contrapartida, é na minha opinião o melhor material disparado para quadros full e uma boa maioria dos componentes da bike.

Pessoas que pedalaram muito tempo com bikes de aço têm extrema dificuldade para se adaptar a quadros de outros materiais, visto o comportamento previsível do aço, somado ao conforto e maneabilidade na direção.

Não estou dizendo que os outros materiais não permitam a construção de excelentes quadros, mas acredito firmemente que não existe material como o aço para um quadro de bicicleta rígido, por mais incrível que pareça. A fibra de carbono pode ser trabalhada para ser rígida em alguns pontos e maleável em outros, mas mesmo assim essa "elasticidade" é plástica e não se compara com a do aço.

Um material que se assemelha um pouco ao aço é o titânio, mas quadros de titânios realmente bons custam uma pequena fortuna. Quadros de titânio "populares" têm o comportamento muito próximo a quadros de alumínio, o que não justifica o investimento que também é alto.

Lógico que tudo o que foi relatado acima é referente a quadros de boa qualidade construtiva, pois não importa a matéria prima utilizada se o projeto e a qualidade da mão de obra não forem boas, o quadro terá comportamento medíocre."

Autor

Igor Miyamura

Framebuilder


Relacionados

Comentários

Outras notícias

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando você concorda com a nossa política de privacidade.