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Interbike 2006 - Mais um pouco sobre a feira

Quem já foi a uma Interbike sabe como é cansativo e intenso flanar pelas intermináveis galerias durante os 3 dias do show. Se o OutDoor Demo é prazer, a International Trade Expo, como o nome diz, é negócio. Esse ano a feira foi a maior e mais visitada de toda a história. Os números são, como quase tudo nos EUA, impressionantes, e revelam a pujança da indústria ciclística mundial e do esporte em geral: mais de 1.000 expositores de 25 países. Debates a respeito dos efeitos econômicos e ambientais – alta do petróleo, efeito estufa, saúde da população e tráfego nas grandes capitais – deram a tônica da feira esse ano. Afinal, o destaque desses assuntos na imprensa em 2005-2006 sensibilizou corações e mentes. São questões atuais e presentes, e para todos os envolvidos a bicicleta desponta como uma alternativa, que dirá pra quem vive dela! Se esse entusiasmo vai se confirmar, ou se tudo não passa de especulações otimistas de uma indústria atrás de números cada vez maiores, só o tempo vai dizer.

Em relação às tendências, estão cada vez mais consolidadas as posições da indústria e do mercado: o oriente (especialmente Taiwan) se define como um grande fornecedor e parque industrial e tecnológico, e os EUA e países europeus como usina de idéias, conceitos e designs. Essa imagem já era clara no final dos anos 90, e ficou evidente na Interbike de 2006. Como era de se esperar, os composites – leia-se fibras de carbono em geral – dominou, em quadros e componentes. Foi praticamente uma reedição mais “pé no chão” e evoluída do salão de 96, que marcou história como o segundo boom do carbono na indústria esportiva em geral e nas bikes em específico.

Outras tendências muito fortes foram a ampliação e consolidação do mercado feminino, e o crescimento do setor de vestuários. As “bikes para mulheres” graduaram definitivamente, mostrando a força do público feminino: já não basta apenas fazer magrelas específicas para as garotas. Elas estão exigindo mais, muito mais. Prova disso é a CR1 feminina da Scott, um outro nível de comprometimento mercadológico e industrial bem acima da linha Contessa. Isso se repetiu em diversas outras marcas, pequenas, médias e grandes. Os conceitos e até mesmo a profecia da pioneira Georgiana Terry se confirmou, e as mulheres agora são muito mais do que um nicho no ciclismo – estão redefinindo o mercado e o esporte.

Da mesma forma, os fabricantes de bike agora estão definitivamente comprometidos com suas linhas de roupas e acessórios. Muito, mas muito dinheiro e investimento tem sido canalizado para o desenvolvimento de roupas, luvas, sapatilhas e capacetes por marcas que sempre viram esse mercado muito mais como um complemento ou uma iniciativa de consolidação de marca ou mercado. A Specialized se destaca, com sua cada vez maior linha de produtos de todos os tipos com ênfase na qualidade e no desempenho, além do consagrado conceito Body Geometry. Certamente elas realizaram o potencial financeiro desse setor, que está altamente competitivo a avançado.

A tradicional guerra dos componentes foi outro destaque da Interbike esse ano, com a entrada da Sram no mercado de componentes de estrada. Muitas linhas oferecem para 2007 bikes com os grupos Force e Rival “OEM”, como já vêm acontecendo com os grupos de MTB. Ainda assim, Shimano e Campagnolo continuam sua dominação na estrada, e a japonesa não fez feio no off road com seu novo XTR e demais grupos. De resto, o de sempre: as marcas apresentando seus novos modelos para speed e mtb, os prós em férias e fora-de-temporada passeando pelas galerias e estandes de seus patrocinadores, os nerds da imprensa atrás de furos e novidades e as tradicionais festas e buffets oferecidos nos salões dos maravilhosos hotéis de Las Vegas... tudo sempre igual, mas tudo sempre tão diferente! Negócios e prazer, prazer e negócios... bem ao estilo americano.

Alex Torres


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