Pelo terceiro ano consecutivo, Henrique Avancini iniciou sua temporada na Cyprus Sunshine Cup, prova que abre o calendário internacional na Europa e é conhecida pelo alto nível de pilotos vindos de várias nações (Em 2011 foram 29 países).
O Brasileiro relata tudo sobre a sua participação na competição
“Foi a terceira vez que participei do campeonato. Sem dúvida foi o ano que cheguei mais treinado e com maiores pretenções, mas como não tinha feito uma preparação mais específica para ritmo de competição, acabei não obtendo os resultados desejados. Esse foi o campeonato que me revelou internacionalmente quando em 2009 conquistei a sexta colocação geral após 4 etapas. Em 2010 fiz mais uma vez um belo campeonato terminando em sexto novamente; mesmo tendo problemas mecânicos na primeira etapa. Nesse ano terminei na vigésima-quarta colocação geral. Não foi o que esperava, mas optei, junto com meu treinador Helio Souza, em mudar um pouco a forma de preparação evitando começar o ano forte de mais e não conseguir manter o ritmo durante a temporada. Nos dois anos anteriores tive uma performance excelente no Chipre e depois a temporada foi regular mas sempre com um desempenho inferior ao das provas do Chipre.” Comenta Avancini.
Primeira Etapa
“A primeira etapa foi a de Voroklini, uma prova Classe 1 no calendário internacional. Esse é um dos percursos que mais me agrada no circuito internacional. Eu estava realizando uma boa prova, andando nos 'TOP 15' quando tive um problema mecânico na quinta de sete voltas. O meu pedivela soltou-se e perdi muito tempo tendo que correr mais de meia volta até chegar na zona de assistência mecânica onde fiz o reparo, e depois continuei andando bem e recuperei muitas posições. Eu tinha tido meu primeiro contato com a bike apenas dois dias antes da prova e algumas peças novas, mesmo aparentando estarem no torque correto acabam cedendo um pouco quando colocadas sobre um esforço maior”. Henrique Avancini terminou em 37° nesta etapa.
Segunda Etapa
"A segunda etapa da Sunshine Cup é a “Afxentia Stage Race”, uma prova Hours Class(fora de categoria) no calendário internacional. Para se ter uma ideia da importância e nível da prova, existem apenas duas provas do genêro durante o ano que recebem a classificação de prova HC (fora de categoria), a outra é o Cape Epic, disputado na Africa do Sul. O nível nessa prova foi assustador, com vários atletas de alto nível do cenário internacional. Essa foi a prova de nível mais forte que participei, com exceção das etapas da Copas do Mundo e Campeonato Mundial.
A prova é constituída de um contra-relógio individual, uma XCP(maratona de curta duração) e um XCO (circuito em formato olímpico). Em relaçao aos outros anos, os circuitos do CR (contra-relógio) e XCO aumentaram muito o nível técnico, exigindo muita destreza dos pilotos.
Na sexta-feira fiz um bom CR, perdendo 1 minuto para o líder e empatando com o mesmo tempo com outros 5 atletas. O resultado não foi ruim, tendo em vista que tenho às vezes atuações modestas em contra-relógios desse tipo. No sábado a prova começaria a ser definida. Essa é a prova mais perigosa que já participei. Os primeiros 25 km, são muitos velozes, com terreno muito ondulado e sinuoso em uma estrada estreita que corta a montanha, deixando um abismo que chega a assustar. A disputa no pelotão nesse trecho é uma experiência particular. A disputa por posições para ficar mais próximo da cabeça do pelotão é muito intensa, e se você relaxar e ficar no fim do grupo, é impossível reentrar na prova. Esse ano a largada foi diferente, a organização acrescentou 5 km de asfalto com uma subida de 3km e uma leve descida até entrar na terra. Larguei me sentindo muito bem e estava nas primeiras posições na roda do holandês, ex-campeão do Tour de France de MTB, Jelmer Pietersma, quando este caiu no meio do pelotão a 50km/h bem no início da descida, acabei travando nele e tive que passar por cima do piloto para não cair. Isso gerou um prejuízo enorme para mim, que fiquei com o campeão belga Kevin Van Hoovels e tentamos alcanar o pelotão, antes do famoso trecho crítico que corta a montanha. Fiz um imenso esforço nesse trecho e alcançamos o pelotão. Era a única opção, porém o preço pelo esforço foi alto, quando o pelotão começou a se quebrar não consegui me manter no primeiro grupo e acabei perdendo muito tempo nos primeiros 25 km de prova. Após os 25km começa uma longa subida com desnível de mais de 1000m. Nessa subida consegui recuperar algumas posíções, mas não foi um dia feliz para mim que terminei na 32a colocação. No domingo a prova de XC era tudo ou nada. No momento eu era o 30° colocado na geral e deveria me manter no mínimo entre os 40 para pontuar no ranking internacional. Fiz uma boa prova, mesmo largando mais atrás consegui fazer uma boa largada e ganhar várias posições. Fiz uma prova crescente, sempre ganhando posições. Na penúltima volta acabei cometendo um erro e perdi um grupo que tinha acabado de alcançar, devido a esse erro acabei ficando sozinho em um trecho mais plano onde era bom revezar com alguém. Acabei sentindo o esforço desse momento e perdi um pouco no final acabando na 20a colocação e subindo para a 25a colocação geral da prova."
Terceira Etapa
“A prova é uma XCO classe 1, realizada nas ruínas de Amathous, um sitío arqueológico da ilha. Esse é um circuito muito exigente já que é completamente tomado por pedras, o que faz com que a bicicleta trepide com muita força. A grande maioria dos atletas utiliza bikes full-suspension para essa prova. Todos os 10 primeiros da prova andaram com bikes full-suspension. Larguei bem, talvez o melhor começo de prova do ano, no circuito que seria o mais complicado para mim. Durante o start-loop e as duas primeiras voltas (cerca de 50 minutos) estava andando muito bem, no primeiro grupo e bem próximo dos líderes. Estava motivado e pilotando bem a bike no circuito muito exigente em termos físicos e de pilotagem. Na terceira volta, não sei bem o que aconteceu, mas parece que fiz algum esforço em uma posição errada e acabei machucando a lombar que passou a incomodar muito. Como a bike 'bate' muito nessa pista, acredito que alguma vertebra tenha trabalhado em uma posição errada enquanto eu realizava um esforço muito grande. Acredito que não tenha sido nada muito sério que possa comprometer a temporada, mas tive que reduzir imediatamente o ritmo. Durante a terceira volta andei bem tranquilo, tentando aliviar a dor e sem me preocupar com posições, nas duas ultimas voltas voltei a nadar forte, mas não como no começo da prova, e sempre dando atenção a minha posição na bike para não forçar ainda mais a lombar. Acabei na 34a colocação no dia.
No geral, terminei na 24º colocação geral na Cyprus Sunshine Cup 2011."
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