MONARK 10 - Aguardar ou pegar e restaurar?

Muito bom dia pessoal!

Estou achando R$ 400,00 puxado para essa bicicleta.

Você tem boas interrogações aí.
Pelas fotos não dá para saber o estado de peças de movimento, como cubos, movimento central, caixa de direção, catraca, conjunto de câmbios. Se tiver de trocar, é mais um investimento em cima dos R$ 400,00, e é por isso que o preço está puxado.
Pelo estado da ferrugem e geral da bicicleta, tem de trocar todos os cabos e as sapatas de freio parecem ressecadas e endurecidas. Mais uma grana que vai sair do seu bolso.

Aro 27, como o pessoal aqui já cansou de dizer, tem dificuldade de achar pneus novos. Se seu objetivo é ter uma peça de restauração, vá em frente. Se for uma bicicleta para realmente usar, o ideal seria partir para um jogo de rodas e pneus aro 700 - mais uma grana.
Se você vai trocar os aros, nem vale o investimento de usar esses cubos velhos. Coloca cubos novos, o que é também mais uma grana.

Sobre cubos, eu tenho uma experiência não muito boa, pelo menos com o material dessa época. Os cônicos e panelas  dos cubos usados tanto pela Caloi como pela Monark eram de aço carbono cememtado e temperado. Ou seja, eram feitos com aço carbono macio e recebiam uma "casca de ovo" endurecida. Quando a "casca de ovo" gastava ou escamava, as esferas "comiam" a peça muito rápido. Eu ajustava o cubo e logo ele estava com folga de novo. Como as caixas eram um pouco melhores que os cônicos, eu tinha cônicos e esferas de cubos comprados de baciada. Gastou? Trocou.
O mesmo vale para esse sistema de movimento central e caixa de direção.

Se for para comprar peça nova, num cubo Shimano dá para confiar, mas aí temos de novo o fantasma do custo. Se for para comprar um cubo de marca não tão bem reconhecida, aí é melhor pensar em comprar cubos com rolamento. Aí, se vai comprar cubo e montar a roda 700, aproveita que o cubo está na mão e troca o rolamento original (geralmente chinês) por um SKF ou FAG de boa procedência. Você vai ter cubo praticamente sem manutenção para o resto da vida. É um custo a mais, mas compensa.

https://youtu.be/ocR038cL330

De resto, essa bicicleta vai te dar muito trabalho de restauração. Tem muita ferrugem, tem muito cromado enferrujado. Embora isso represente horas e horas de trabalho, eu encaro isso como diversão.

Eu já te disse em outra mensagem que normalmente restaurar uma bicicleta normalmente não compensa em termos de custo, vale pela diversão. Só que você tem que ser objetivo para também não ficar jogando dinheiro fora. O projeto tem que ter viabilidade econômica.

A melhor recomendação que posso dar para você: vai com calma. Não se desespere. Boas oportunidades sempre aparecem para quem sabe esperar.
É por isso que eu acho R$ 400,00 puxado para essa bicicleta. Tem excelentes bicicletas no Mercado Livre e na OLX por R$ 250,00 ou R$ 300,00 e que vão te dar muito menos trabalho. Muitas delas é subir e sair andando.

Outro dia vi na OLX uma Caloi 10 do começo dos anos 80, absolutamente nova, por R$ 150,00 e não ficava longe de casa e o anúncio era do dia anterior. O problema foi que outra pessoa chegou antes.
Em compensação, comprei um quadro de GT cromoly com garfo original por R$ 250,00, sendo que o pessoal pede R$ 500,00 só nesse quadro.
Eu acho que vale a pena investir tempo no Mercado Livre e na OLX atrás dessas preciosidades. É parte do hobby, é parte do esforço que vai te fazer gostar ainda mais da bicicleta que você comprar.

Você começou perguntando de duas bicicletas que você tinha à mão. É uma coisa. Você não ia gastar um centavo para comprá-las e ainda são bicicletas que tem uma história que você pode contar. A bicicleta vale mais pelo que ela representa para você do que pelo valor comercial. É uma situação.
Comprar uma bicicleta que você não conhece é outra história. Você vai gastar para comprá-la e ela não tem uma história para você.

Então muita calma nessa hora.

Não por isso.

Vivo muito disso no ambiente de carros antigos, que é um ambiente muito mais complicado que o das bicicletas. Já vi muito principiante quebrar a cara e a carteira muitas vezes em coisas que nem valem tanto assim.

Um problema que temos hoje em dia é que esse negócio de "é antigo" virou praga. Qualquer coisa com mais de 10 anos "é de colecionador" e o sujeito quer esfolar. Aí você vê câmbio Dimosil da década de 80 custando três vezes um Alivio novo. É perder a noção da realidade.

Só para você ter uma noção:
http://sp.olx.com.br/sao-paulo-e-regiao/ciclismo/bicicleta-caloi-aspen-sport-18-marchas-222709395?xtmc=caloi+aspen&xtnp=1&xtcr=24
http://sp.olx.com.br/sao-paulo-e-regiao/ciclismo/bicicleta-caloi-aspen-sport-18-marchas-217760742?xtmc=caloi+aspen&xtnp=1&xtcr=25

Ambas estão muito melhores que aquela Monark e custando quase a metade.
Pena que estou duro, senão a laranja já seria minha. O anúncio é no meu bairro.

Agora olha essa Caloi 10:
http://sp.olx.com.br/sao-paulo-e-regiao/ciclismo/caloi-10-em-perfeito-estado-de-conservacao-207410075?xtmc=caloi+10&xtnp=3&xtcr=34

Bicicleta nova com acessórios. Mesmo preço que você iria pagar na Monark.

Todas as três bicicletas aparentam estar em condições perfeitas de uso. No máximo precisam de uma revisão de limpeza, lubrificação e ajuste. O resto é sentar e pedalar.

Por aqui você vê se pagar os R$ 400,00 na Monark vale a pena.

Marcelo, os modelos que eu mostrei são com quadro de aço. São bicicletas da transição para o alumínio.

Eu ando vendo muita bicicleta "antiga" de alumínio com quadro quebrado.
Minha velha T Type de primeiro lote quebrou o quadro no canote de selim e comprei há 2 semanas uma TRS que teve uma das "pernas" traseiras arrancada só para aproveitar as peças. Paguei R$ 100,00 nela.
Isso só para citar duas.

Alumínio tem certas propriedades que o aço não tem, e algumas são bem ruins.
Uma das piores para restauradores é que o alumínio sofre de um processo natural de envelhecimento. Esse processo causa um endurecimento e uma fragilização do material assim como a têmpera é para o aço, com a diferença que ele acontece sozinho, com o tempo. Isso torna o quadro mais frágil e ele quebra.

Há anos eu falo para o pessoal de carros antigos para tomarem cuidado com as rodas de liga dos anos 70 e 80. É o caso das famosas "cruz de malta" muito usadas nos Opala, e que podem quebrar em alta velocidade ou numa frenagem forte e deixar o carro fora de controle. Há muitos casos de rodas antigas de liga que quebraram até de forma boba.
Pelo que tenho visto, a mesma cantiga tem se repetido com os quadros de bicicleta, quando muitos já passaram dos 20 anos de fabricação.
Por isso, para reforma, prefiro bicicletas de quadro de aço.

Mas tem boas opções na sua lista. Fiquei babando na Supra azul e preta. Essa sim está barata pelo equipamento. Só a suspensão que deixou a desejar e a bicicleta está pronta. Não tem a graça da reforma.

Pronto. Já está adicionado no meu WhatsApp.

Só para você ter uma noção do que estou fazendo, olhe isto:
http://www.pedal.com.br/forum/ajuda-para-identificar-um-quadro-caloi-60-cm_topic87118.html

Ligeirinho escreveu: Oi Marcelo,VC é do rio? Vi uma Peugeot 10 que ao parece é de cromoly pelo OlX. A questão é perguntar sobre o estado da gancheira q não aparece na foto. Quem conhecer as Peugeot daquela época pode falar mais a respeito da qualidade delas. Só não gostei da saída prematura da marca do mercado. Motivado pra variar por uma gestão incompetente por parte de brasileiros. Os franceses saíram fora...

Parabéns pela aquisição.  Depois poste uma foto da magrela para o nosso deleite.

Opa! Grato pela lembrança!!!

Felicidades com o brinquedo novo!