Rangidos ao pedalar - Onde será ?

Fala rapeize!

Minha bike apresenta um rangido toda vez que eu pedalo mais forte. Ontem lubrifiquei o eixo central hollowtech, mas hoje, quando precisei ir a uma cidade vizinha, os rangidos continuaram quando precisei pedalar mais forte. O que pode ser nesse caso? Tenho que lubrificar também a rosca do quadro e do movimento central? Vou precisar viajar amanhã com a bike e devo fazer um pedal de uns 1000km no total. Esse rangido não é alto, mas é uma coisa que incomoda. Valew!

Leoparreiras escreveu: será que não é falta de lubrificação no pedal?

Pode ser, mas o pedal direito já está com graxa, pois eu havia trocado as esferas dele. O rangido acontece quando forço os dois pedais.

Leoparreiras escreveu: o meu pedal, candy 1 da cranck range se eu não lubrificar ele constantemente, ainda mais depois de pegar uma lama. A cada 3 ou 4 pedais, tenho que lubrificar.

Mas você lubrifica com óleo?

Ironman escreveu: Leoparreiras escreveu: o meu pedal, candy 1 da cranck range se eu não lubrificar ele constantemente, ainda mais depois de pegar uma lama. A cada 3 ou 4 pedais, tenho que lubrificar. Mas você lubrifica com óleo?

Sempre que um rangido VOLTA, significa que a lubrificação acabou... Se a frequência é alta, ou as peças em contato já "morreram" ou o lubrificante é insuficiente...

Limpe tudo e aplique graxa BR-2 da Molykote. Adeus ruído...

Cuidado com rangidos. É preciso sempre investigar a origem do rangido antes de tacar graxa para ele sumir. Ele pode ser um aviso que algum componente mecânico não vai bem.

Peças submetidas a muito esforço podem entrar num processo de degradação e o sintoma é um rangido. Pode ser um quadro com trinca ou um cubo com rolamento estragado.
Se você enche o lugar do rangido com graxa, o rangido some, mas não o problema que o originou. Aí, quando você menos espera, a peça quebra e pode causar um acidente grave.

Depois que você se arrebentou, vai dizer o que? Que não tem sorte? A peça cumpriu o papel dela. Ela avisou que ia quebrar. Mas ao invés de arrumar, você deu um "cala boca" nela.
Consertar um problema que causa um rangido é sempre mais barato e seguro do que arrumar depois que a peça quebrou.

Em 30 anos de vida técnica, dei muita bronca em mecânico por isso.
Para o mecânico dar o "cala boca" é cômodo. Uma graxinha e o cliente para de reclamar do rangido chato sem dar muito trabalho. Só que dali 2 ou 3 meses, quando a peça quebra, o estrago é grande.
Melhor é sempre fazer o diagnóstico direito do porque do rangido e corrigir o problema antes que tome uma dimensão maior.

Leoparreiras escreveu: EDULPJ Vou testar essa graxa, pois já vi o pessoal usando ela em alguns equipamentos rotativos aqui do navio, e o pedal não deixa de ser um equipamento rotativo! Boa sugestão!

Essa graxa tem como componente ativo bissulfeto de molibdênio. É um lubrificante seco, enquanto a graxa forma uma emulsão para manter o lubrificante seco aderido à peça.
A ideia é a mesma para grafite ou o lubrificante seco de corrente à base de cerâmica.

O bissulfeto de molibdênio é especialmente indicado para sistemas mecânicos com baixas velocidades de acionamento e altas cargas, como em caixas de redução mecânica, como caixas de engrenagens ou de rosca sem fim.
Não é tanto o caso da bicicleta. Para o nível de carga e velocidade da bicicleta o grafite é o mais indicado.

A indicação não diz que está errado usar bissulfeto de molibdênio na bicicleta, mas sim que, como essa substância é cara, acaba sendo um desperdício diante do uso com grafite.

Eu tenho usado as duas soluções e o grafite não tem me decepcionado na maioria das aplicações mais comuns. Eu já fiz um preparado caseiro de graxa azul (base de sabão de lítio para rolamentos, com alta aderência em superfícies metálicas) com grafite. Um uso que fiz em corrente para kart (uma aplicação muito mais severa que em bicicletas) foi a melhor solução que já vi no caso.
O problema no entanto é que graxa grafitada suja que é uma desgraça, e com a graxa a base de sabão de lítio fica difícil de remover. Se sujar uma camisa, vai ser bem difícil limpar.

Nos EUA existe uma cera lubrificante com grafite, feita para ser derretida em banho maria  e lubrificar corrente de bicicleta por imersão.

Esses dias começou um rangido, que ao meu parecer vinha do HOLLOWTECH. Eu que sempre andei de ponta quadrada pensei que esse famoso hollow era bem mais imponente.

Pra vocês terem uma noção, olhem a descrição do fabricante da graxa Molikote (nome comercial da graxa com bissulfeto de molibdênio):
http://www.lumobras.com.br/graxa-grafitada/

O texto diz:
"...
Por possuírem lubrificantes sólidos em sua composição, elas podem aumentar a vida útil de mancais e rolamentos consideravelmente, pois os sólidos lubrificantes evitam o contato direto entre metal-metal e, com isso, ocorre a redução do desgaste durante a aplicação.
...
Porém é importante lembrar que ele é um lubrificante de emergência, entrando em ação apenas quando a pressão entre as duas partes é grande e o filme lubrificante da graxa já foi rompido. Onde não há essa grande pressão, o óleo ainda é a melhor solução para promover o afastamento das duas partes em movimento.
...
Dentro do seu campo de aplicação, a graxa grafitada é indicada, principalmente, para a lubrificação de cabos de aço e engrenagens abertas.
A desvantagem do grafite em comparação com outros sólidos mais avançados, como o bissulfeto de molibdênio, é que o bissulfeto aguenta manter a separação das peças de metal em cargas mais elevadas.
..."

Entenda por "cargas mais elevadas" a pressão das esferas de rolamentos sobre as pistas e a pressão entre dentes de engrenagens em caixas de redução mecânica, como as usadas em máquinas, onde se transmitem dezenas ou centenas de cavalos vapor.

Bicicleta é carga bem leve para esses padrões.
Reparem que fora os movimentos centrais selados e os rolamentos de cubos, a bicicleta usa cubos de esferas e sistemas de corrente que são abertos, condição descrita pelo fabricante da graxa como a mais indicada para o grafite.

Em resumo: existem especificidades diferentes para aplicação com grafite e bissulfeto de molibdênio, tanto que o próprio fabricante oferece uma graxa com ambos os componentes, pois suas funções lubrificantes são complementares.

Agora tomem cuidado, porque do mesmo jeito que tem gente que acha que molykote é divino sem entender as especificidades de aplicação do lubrificante, também tem quem senta a lenha sem ter noção:
http://www.showmoto.com.br/artigos/863/nao-utilize-grafite-com-oleos-e-graxas-para-lubrificacao-de-corrente.htm

O sujeito usa grafite de lápis como base de comparação. Pelo visto ele nunca pegou grafite de alta pureza nas mãos.
Ele diz textualmente que não se deve usar grafite em mistura com óleos e graxas porque o poder lubrificante do grafite só ocorre em via seca e que em via úmida ele cria grãos duros e abrasivos. Só que isso não explica a imensa oferta de graxa grafitada no mercado. Se fosse tão absolutamente ruim como ele diz, graxa grafitada não teria vez e nem seria indicada por fabricantes.

Apenas um lembrete... Quem quiser experimentar produtos Molykote, NÃO É NECESSÁRIO VENDER UM RIM pra comprar... Quando se fala em lubrificantes à base de bissulfeto de molibdênio, logo vem aquela conversinha que é caro demais... Mito...

Os rangidos voltaram depois de uns 400km ou 500km semana passada. Fiz um pedal longo de 610km. Vou trocar os pedais, que já estão bem velhos.