André Pasqualini no Estadão

Sobre o capacete, a única coisa que realmente me incomoda é esse radicalismo inverso, as vezes até tachando de forma pejorativa quem não usa. Conheço pessoas que não usam porque não querem, ou porque não tem condições de comprar. Motivos conheço vários, mas foda-se os motivos, cada um usa o que quiser. Garanto que a maioria aqui não anda com buzina e espelho como manda a lei. Eu não os condeno, pois eu uso só uma buzina trim trim, espelho não achei nenhum que realmente me foi útil e acho uma besteira usar, mas tem gente que usa. Aliás essa coisa de espalho e campainha deve cair na revisão que está sofrendo o código de trânsito e acho bom.

Agora eu sou contra a obrigatoriedade do capacete pois isso é fato, se obrigarem o número de ciclistas irá diminuir sensivelmente. Em Ubatuba passaram a obrigar o capacete e em uma semana não havia mais lugar para armazenas as bicicletas apreendidas. Pior é que quando você olha as estatísticas, numa cidade de 69 mil habitantes e com uma frota de 80 mil bicicletas, há um acidente fatal por ano, que ocorre em época de férias e feriados, datas quando a cidade é invadida por motoristas de cidades mais desumanas. Ou seja, não vejo motivos para obrigar o uso do capacete.

Lá foi constatado que a obrigatoriedade foi inócua, só serviu para dar trabalho a prefeitura e a população, criaram um problema que não existia. Quem conhece a cidade sabe que NINGUÉM usa capacete. Eu fiz uma viagem até lá e quando cheguei na cidade me senti até mal em andar com aquele mar de ciclista e com capacete, tanto é que na cidade tirei e deixei pendurado no guidão.

Outro dia minha amiga estava pedalando no minhocão de domingo. Para quem não é de Sampa, o Minhocão é um elevado exclusivo aos carros que aos domingos e a noite é fechado para os carros e aberto as pessoas. Ela estava de "roupas civis", de bota, toda arrumada pois iria para um barzinho com uns amigos, me passa um cara com a camiseta do Sampa Bikers, fantasiado da cabeça aos pés e fala "Menina, cadê seu capacete?". Sério, se fosse comigo falava que havia esquecido na casa da mãe dele.

Essa patrulha que me incomoda, esse preconceito que me incomoda, acho que cada um tem que pedalar como achar melhor, a única obrigação dos ciclistas é zelar pela segurança dos mais fracos como manda a lei e manter sua bike em condições seguras para evitar acidentes e pronto. Mesmo assim se a pessoa não o fizer, paciência.

Se repararem bem, verão que tem gente muito mais radical do que eu.

[]s

André

Muito bacana os exemplos e muito bem escrito. Parabéns!

A palavra radical é forte e muito usada com tons negativos, mas tem uma diferença de ser radical e intransigente. Quando falei que aqui há pessoas muito mais radicais do que eu, não falei com tons negativos.

Agora em cima do que o Cebo disse, no dia daquela reunião no Palácio do Governo, criaram uma comissão e o Dragão Fantasma fez questão de entrar e participar da primeira reunião. O cara entrou com um tchaco na sala de reunião e mandou a sua técnica de adestramento de motorista (já vi isso num blog mas não achei o link). Depois que ele foi embora, uns amigos meus do governo, que geralmente participam desses tipos de reuniões, disseram para eu sempre levar esse cara, assim todo mundo fica achando ele o "radical" e levam mais a sério minhas opiniões... rs