Bike pra cicloturismo

Pessoal, bom dia

Estou pesquisando sobre bike pra cicloturismo, gostaria de montar uma que fosse resistente o e que pudesse ser concertada em qualquer lugar do mundo, por esse motivo acredito que quadro em cromoly e aço seja opções melhores por conta de sua versatilidade em reparação.

Porém quadro de cromoly são muito caros e difíceis de achar. E aqui vai minha pergunta: quais quadros em aço de qualidade vcs indicam para cicloturismo??

Acabei de voltar de uma curta, mas cascuda, viagem com minha RockRider 100. Obviamente que eu troquei tudo nela, mas o quadro é definitivamente robusto. Apesar de feito em aço, tb não é dos mais pesados, com apenas 1480g (somente o quadro, sem nada). Se achar uma usada vc pode acabar fazendo um bom negócio.

Agora, pra ser consertada em qualquer lugar do mundo eu já fico meio ressabiado. A bike certa pra isso seria uma barra forte, pq em oficinas do interiorzão rural é o que a galera sabe mexer. Eu penso por outra ótica: boas peças, escolhidas pela robustez e não pelo peso, que não vão te deixar na mão.

A primeira coisa séria trocar o guidão (e consequentemente a caixa de direção e mesa do guidão) de rosca, original dela,, por outro aheadset. A caixa de rosca abre folga com relativa facilidade e, mesmo que vc saiba ajustar isso, a ferramenta é muito grande pra ser levada numa viagem.

O movimento central de ponta quadrada é forte e durável. Eu uso atualmente um hollowtech SM-BB52, mas confesso que tive mais problemas que o ponta quadrada BB-UN26 que usei antes: instalei um e quebrou após 6 meses, no que acionei a garantia, mas tive que comprar outro pra não ficar parado. Agora eu tenho um instalado que deu uma roçada nas roscas (descobri na revisão antes da viagem, mas tá usável) e outro guardado novo. Penso seriamente em voltar pro ponta quadrada, mas o BB-UN26 saiu de linha e só recomendaria o BB-UN300 (o BB-UN100 tem relatos de baixa durabilidade).

Na relação, vc pode tomar duas linhas: cubo de catraca, mais fácil de achar no fim do mundo, mas mais propenso a empenar o eixo; ou cubo de cassete, que vai te dar mais opções de relação e ainda é menos propenso a empenar o eixo. Eu uso cassete, pois os cubos são geralmente melhores e tem uma rolagem idem.

Indo pra cubo de cassete, não recomendo mais de 8v por conta que a corrente é a mesma usada em 7v e abaixo. A partir de 9v e acima as correntes são mais estreitas (e talvez mais fracas, mas definitivamente mais caras) e específicas para aquele número de marchas. Se ficar em catraca, opte pelas Shimano 7v e se limite a isso.

Câmbios não devem ser do sistema shadow (já achei mecânico cabeça de porco que não abria a embreagem dele pra tirar a roda, isso em Belo Horizonte, imagina na roça braba?), mas não fique na linha mais básica, pois costumam perder regulagem com facilidade. Sugiro um par de RD-M310/FD-M311, que é a combinação que minha esposa usa, ou RD-M370/FD-M371, que eu uso, ou uma série Deore antiga, de 9v. Um par de TX800 já serviria, na verdade, mas eu tenho preferência por câmbios dianteiros de abraçadeira alta e os TX800 são todos de abraçadeira baixa, mas não tenho muito argumento a favor disso não, é só preferência mesmo.

Em tempo: pra relação 3x8v, que tanto eu quanto minha esposa usamos, os meus costumam raspar a corrente no câmbio dianteiro, acredito que é devido aos meus câmbios serem pra 9v. Pra algo que funcione e não seja melindroso pra ajustar, talvez os RD-M310/FD-M311 sejam melhores.

Corrente eu sugiro as KMC Z8.1 ou Z8.3, que dão muito robustas e ainda possuem emenda, mais fácil pra abrir a corrente. Eu uso a X8, que percebi um funcionamento mais suave mas trocas, mas ela alongou mais rápido que a Z8.1 mais ruidosa que usei antes.

Freios eu sugiro que fique nos v-brake mesmo. Sapata de disco não é universal e pode não ser encontrada em qualquer lugar, enquanto sapata de v-brake tem até em boteco de beira de estrada (testemunhei isso anteontem). Pegue um modelo da Shimano, Tektro, WinZip, Alhonga ou Avid (o primeiro e o último são os melhores, os outros são mais simples). Eu uso um par de Avid Single Digit 5 há pouco tempo, mas são os melhores freios que já tive, deixando muito disco hidráulico pra trás.

Mesa e guidão eu recomendo optar por modelos de 31,8mm em alumínio, são mais robustos até mesmo que os de aço 25,4mm e nem vou citar os obsoletos de 22,2mm (essa medida é só da área de pinça do guidão, nas manoplas todos tem 22,2mm).

Manetes de freio em alumínio, qualquer que seja. Não inventa de colocar algo em plástico. Eu meti a mão no bolso aqui e comprei umas Avid Speed Dial 7 que permitem ajustar a alavanca da puxada do cabo pra deixar mais forte ou mais fraco, mas uns manetes ou rapid fire (esse último é integrado com o passador) originais Shimano são muito bons tb.

Sobre os passadores, os modelos i regrados são práticos, mas se rolar um tombo e quebrar a peça vc fica sem freio e sem câmbio. O ideal é que sejam componentes separados, mas minha esposa usa integrados devido à preferência dela pelo guidão mais estreito (não caberia o passador e manete separados).

Pedal em alumínio de plataforma, tipo BMX. Tem modelos melhores e mais caros, mas não vejo muito porque numa bike assim.

Pedivela vai do seu gosto. Eu uso um de coroas removíveis, mas as coroas não são fáceis de encontrar e ainda estão caras. A vantagem que me oferece é personalizar a relação, mas eu sou nerd de bike. Pegue um pedivela de marcas confiáveis com a relação que vc quiser, sempre lembrando que precisa de compatibilidade com o câmbio dianteiro: o FD-M311, por exemplo, tem uma única versão projetada tanto pra pedivelas de 48-36-26d quanto 42-34-24d, sempre triplas; mas se optar por um FD-TX800, ele tem versões específicas pra 48-38-28d ou 42-34-24d.

Os passadores vão ao gosto. Acho que o mito de que indexados não são consertáveis no fim do mundo já caiu por terra a está altura, mas é suposição minha. Indexados precisam ter versões específicas para aquele número de marchas, então podem não ser encontrados pra reposição em qualquer budega, enquanto passadores de fricção vão funcionar em qualquer situação. O mercado atual de passadores de fricção só tem modelos ruins, no entanto.

Acho que é só. Coloquei tudo baseado em experiências, relatos e suposições minhas, na boa fé. A galera ainda pode complementar, se achar que ficou algo em aberto. Boa sorte aí!

EDIT: Eu havia citado guidão de aço de 31,8mm, mas era alumínio.

Editado por dwsmartins - 08 Nov 2021 as 15:21

Com a devida licença, vou recortar e guardar esse texto, monte de informação boa, parabéns!

Estava querendo um quadro em aço carbono, será que encontro um de qualidade boa? Tenho pensado em compra a btwin 120, usar somente o quadro para montar uma nova com componentes Shimano acera

Só pra concluir: bike pra cicloturismo não deve custar os tubos, só precisa ser bem pensada e compreendida. Esse último é importante, pq muitas vezes rola alguma manutenção e a gente que tem que fazer.

E quanto à bike base, as antigas MTB dos anos 90 são notoriamente fortes. Acho que o lance é pegar uma usada em bom estado mesmo.

Biciloko escreveu: quais quadros em aço de qualidade vcs indicam para cicloturismo??

Eu indico uma MTB usada dos anos 90.
As Caloi Aspen dessa época são bem resistentes, e não é difícil encontrar uma em bom estado e com bom preço.

Rodas, ainda faço um adendo, usa com cubos de 36 furos. São mais raios, aguentam mais peso, e ficam alinhadas. Cubos, de Aluminio com rolamentos, se encomodar, troca os rolamentos (ainda que podem durar milhares de kilômetros) 
Mais uma coisa. Aprenda a fazer os concertos básicos na bicileta, isso evita muita dor de cabeça.