Caminho de Nhá Chica - Inconfidentes a Baependi

Em julho de 2019 comecei a ver postagens nos grupos do Facebook sobre um novo caminho que estava entrando em operação, rotas já existentes que interligadas e sinalizadas nos leva de Inconfidentes a Baependi em seus 257 kms quase que todo por estradinhas de terra e cruzando serras magníficas que acumularam pesados quase 8 mil de elevação, caminho 100% mineiro cruzando 14 cidadezinhas típicas do interior do Sul de Minas, pra mim que já conheço um pouco me surpreendi com a beleza e com a dura altimetria, uma rota fantástica que me deixa muito feliz por ter conhecido e ser um dos primeiros a encara-la e supera-la, vou lhes apresentar da minha forma peculiar o fantástico Caminho de Nhá Chica.

Uma lição que eu tive desta vez é que não adianta muito pistolar com planejamento, explicarei ao longo da viagem.

O plano era ir novamente percorrer o Caminho da Fé (percorri em janeiro passado sozinho) iria novamente pois meus 3 parceiros de pedal e eu conseguimos as folgas necessárias e eles me pediram pra ir com eles, em Novembro de 2018 nós iniciamos e concluimos em Abril de 2019 o Caminho de Aparecida ou Alfenas-Aparecida juntos (preciso atualizar este topico também ) http://www.pedal.com.br/forum/caminho-de-alfenas-aparecida-concluido_topic83777.html e desde então planejávamos esta nova viagem, mas faltando 1 mês um dos meus amigos foi atropelado e ficou de molho, mesmo assim eu e outros 2 estávamos certos, mas faltando 15 dias saiu o intercambio de outro e na semana da viagem o outro teve a folga suspensa na empresa, dai eu que não tive nenhum imprevisto tratei de correr e planejar ''maomenos'' a nova viagem  pois planejava percorrer o Caminho de Nhá Chica apenas em janeiro, mas em uma semana eu desenrolei a troca da passagem e as hospedagens 

Como a empresa que leva de São Paulo Capital a Inconfidentes é a Gardenia e eles não costumam carregar bike eu procurei opções e a melhor que encontrei foi ir com a Santa Cruz até Ouro Fino e iniciar de lá que fica a apenas 10 kms de Inconfidentes, neste trecho usei o Caminho da Fé e os Caminhos seguem juntos até Borda da Mata onde ai sim vai cada um pra um lado e a diversão aumentou e as surpresas começaram 

Eu queria ter ido pra Ouro Fino na quinta feira dia 14/11 mas deu um temporal danado e caiu uma passarela perto da rodoviária aqui e travou toda região, consegui trocar a passagem e viajei na sexta dia 15/11 feriado, por ter apenas horário a tarde cheguei em Ouro Fino bem de noite e pousei por lá em uma pousadinha bem gostosa que ainda não conhecia a Canto de Minas

Sábado dia 16/11 logo cedo eu parti, encontrei logo na saída de Ouro Fino 2 ciclistas que estavam percorrendo o Caminho da Fé e fomos juntos até o Bar do famoso Maurão em Inconfidentes, la eu retirei o passaporte do Caminho de Nhá Chica pois o Maurão é colaborador, eu fiquei batendo papo com ele e os 2 amigos partiram rápido pois iriam pedalar 100 kms naquele dia, depois eu soube que deu tudo certo e eles conseguiram cumprir o plano deles 

Fiquei mais de uma hora batendo papo com o Maurão e comendo pastelzinho  dai parti, a sinalização do Caminho de Nhá Chica é uma seta salmão/rosa que além de não confundir com a dos outros caminhos que ele cruza ou segue junto ainda era a cor do vestido que a Beata Nhá Chica usava pelo que entendi durante toda sua vida em Baependi onde ela é sagrada.

Aqui a primeira placa e seta do Caminho, neste ponto seguimos junto com o Caminho da Fé, o outro caminho da placa o da Prece foi o meu primeiro pedal com a Moab em 2017 http://https://www.pedal.com.br/forum/caminho-da-prece-jacutinga-a-borda-da-mata_topic90523.html e é um caminho curto e muito bonito, segue para a mesma Borda da Mata mas é 10 kms mais longo e tem uma serra brava, em uma próxima eu quero seguir por ai, desta vez não fui pois queria conhecer a Capela dedicada a Nhá Chica que está na outra rota a 5 kms deste ponto 

 

Aqui a capelinha que é simbolicamente o inicio deste Caminho, tem um ponto de apoio aos peregrinos com banheiro e água e é mantido por um dos idealizadores da rota e devoto dela que mora na casa em frente, os conheci e são pessoas adoráveis.

Fiquei um tempão na Capela pedindo proteção e agradecendo por poder estar ali e mais uma vez ser agraciado e estar pronto pra mais uma jornada que eu encaro de várias formas, dai chegou meio tímida uma moça e se apresentou como uma das idealizadoras e mantenedora do Caminho, ai bati um papo bem longo com ela e a hora voou  um pouco antes de Borda da mata eu parei no caldo de cana do Kiko e chegou um casal bem de idade que viaja pedalando e também batemos um longo papo, sei que fui chegar em Borda era 13 horas já  e o plano ja tinha ido pro brejo  almocei e tratei de começar a pedalar pra valer, dai veio a surpresa pois o trecho depois de Borda pra mim era novidade e é bem pesado, eu esperava algo parecido com o Caminho da Fé e levei uma tijolada de subidas duras e uma serra brava entre Congonhal e Espírito Santo do Dourado, o plano era ficar hospedado em Silvianópolis mas terminei a serra no escuro e parei por lá onde consegui uma pousadinha simples mas acolhedora, pra que plano 

Serra mais brava do dia entre Congonhal e Espírito Santo do Dourado, além de dura é muito bonita e tem em seu topo um bebedouro feito sobre uma mina d'água, lugar lindo e água gelada depois da dura subida

Quando iniciei a descida ja estava escurecendo, cheguei na pousada as 19 horas, foi um dia fantástico de viagem e de pedal, pessoas e lugares sensacionais, nenhum imprevisto e muita história boa pra começar a contar

Cheguei na Pousada as 19 hrs, a idéia era ir até Silvianópolis mas consegui uma pousadinha acolhedora por ai mesmo e fiquei, o bom papo que tive com várias pessoas no trajeto compensou a mudança de planos  

Pra quem curte os números

continua...

Eu queria ter feito este relato antes mas estava sem tempo a noite e no trabalho eu não consigo fazer e pelo celular acho ruim também, mas vou tentar relatar a noite em casa, tem bastante coisa legal sobre a rota que por ser novidade eu achei interessante postar, as outras que fiz este ano acabei nem postando pois ja são bem conhecidas.

Foram apenas 3 dias e meio mas foram sensacionais, a noite de casa eu prometo continuar pois da um trabalho organizar e postar tudo de uma forma legal, mas este caminho merece.

Muito esclarecedor suas mensagens.

Eu pretendo fazer o Caminho de Nhá Chica ainda este ano e seu relato está ajudando.

Espero que você termine o relato com os outros dias !!!!

O endereço dos dados do Strava dos dois primeiros dias foram muito interessantes. Enquanto você não relata os outros dias, poderia pelo menos passar o ponteiro para os dados do Strava do terceiro dia em diante?

Clenio  

Você não precisa se desculpar, e meus pêsames pela perda. Certamente deve estar sendo dificel.

Já consulto o caminho no facebook e tem ajudado também

Abraços

Clenio

Valeu mais uma vez Martins, belas palavras 

Eduardo coloca na lista mesmo, valeu a pena demais conhecer 

Bóra continuar o dia 3 saindo de Conceição das Pedras, falta pouco e muito ao mesmo tempo, este trecho foi espetacular, teve de tudo...

Em Conceição das Pedras assim como em todas cidadezinhas que passei tem a bela pracinha e sua igreja e em frente elas tinha uma padaria mercearia e encostei nela, mesmo ainda estando sem fome empurrei um lanche pra dentro  e peguei uns petiscos pois o ''Godzila'' que iria encarar era o maior do Caminho, as pessoas que puxavam conversa perguntavam pra onde eu seguia e quando dizia Cristina já perguntavam por onde era, quando eu dizia que era pela Serra já me chamavam de louco pra cima  iniciei o trecho por volta de 10 da manhã e o bicho deu trabalho.

Novamente cruzei a cidade rapidamente e logo estava no Caminho, aqui terminou o asfalto e olhando eu imaginei que subiria por ai, mas o caminho pouco a frente dobrou a direita e começou a prova da ''Luminosa de Nhá Chica'' 

Pedalei muito na 22x40 sentado, reduzia pra 22x34 pra pedalar em pé e descansar, cansava de pedalar  e empurrava um pouco, pensava muito na vida e a Serra ia sendo vencida, as horas passavam voando e pouco depois do meio dia perto do topo a inclinação é tão forte que até pavimentaram um pedaço que devia ser um enrosco muito grande para os agricultores do topo que cultivam banana, é tão alto que mesmo cercado por montanhas o celular deu sinal e consegui postar uma foto e mandar notícia pra família 

Olha a situação  já estava sem capacete, óculos, luva e quase largando tudo ali e indo a pé mesmo  zuera é claro

Perto das 13 horas vencia a subida, ai temos a visão da Pedra Branca que tem uma trilha que leva lá em seu topo e é famoso pelos bikers da região, é um lugar bem bonito pra quem curte o que eu curto

Bateu aquela sensação fodástica de vencer um desafio, mal sabia que pra descer é pior do que pra subir  aqui é o início da descida da Serra, em sua grande parte não da pra ficar em cima da bike, tinha chovido e os agricultores usam tratores pra carregar a produção, imagina um pântano e era bem isto a descida, tive de empurrar a bike boa parte pois era impossível descer por causa das cavas, lama e pedras, nunca imaginei isso na descida ali  mas já encarei coisa igual ou até pior em outras viagens, vamo do jeito que dá

  

Dos 10 kms de descida devo ter empurrado metade, com certeza mais do que empurrei na subida  e no fim da Serra tem uma Vila, parei por lá pra comer e comprar água lá pelas 14 hrs, imaginei que ficaria em Cristina mesmo pois estava morto, mas após me abastecer e descansar um pouco as forças voltaram, o trecho ajudou e o pedal redeu até no coroão e pouco após as 15 hrs chegava a Cristina 

Aqui saindo do último enrosco já em Cristina

Finalmente Cristina

Parei em uma lanchonete neste ponto, o clip cheio de barro e advinha  fui dar aquela parada clássica e desclipar no último instante e ''ploft'' cai na calçada   como estava de boa eu ria e todos em volta também, sou descarado mesmo e já encostei e fui fazer um lanche e planejar se ficava ou seguia, sabia que Carmo de Minas estava próximo e poderia pousar por lá, abastecido e descansado segui viagem, Cristina por ficar nas margens de uma MG já é bem maior e movimentada mas tem seu charme especial.

O pedal entre Cristina e Soledade de Minas foi sensacional, estrada de terra lisa e nela tinha uma Chácara chamada Nhá Chica  um trecho de rodovia vazia e de novo o coroão entrou em uso e voei baixo na medida do possível, apenas cruzei Carmo de Minas e segui pra Soledade de Minas onde consegui reservar uma excelente hospedagem e jantar.

E aqui após um trecho todo por terra sensacional entre Carmo e Soledade de Minas o dia de pedal acabou, com certeza com tudo que passei foi o dia mais sensacional de pedal e caminhada 

E aqui foi mais uma noite de descanso perfeita, um jantar muito bom por encomenda e um papo muito legal com um casal recém aposentado que chegou por lá e me fez companhia enquanto cuidava de minha companheirona e deixava tudo pronto pra agilizar o último dia por vir que sempre é o mais difícil de descrever e foi muito bom também.

Números do dia

Continua... chegando na conclusão