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Circuito Vale Europeu - SC |
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josemar
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Cadastrado em: 15 Mar 2005 Valinhos - SP Offline Mensagens:704 |
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Postado: 13 Jan 2021 as 15:34 |
A escolha do local da
ciclo-viagem. A escolha foi mais ou menos simples, já havíamos feitos
juntos 2 Caminhos da Fé, então a ideia era fazer algo novo. O Planejamento: -Não teve planejamento, escolheu-se uma data onde os 3
pudessem ir. Escolhemos julho de 2020. Por estar em um período complicado da
pandemia, mudamos a data para dezembro de 2020. Na verdade o único planejamento
foi decidirmos em quantos dias faríamos a cicloviagem, e chegamos ao número de 4
dias.
Assim como no caminho da fé, resolvemos optar por mochila
nas costas e levando o mínimo possível. O treinamento Após a data escolhida, bastava agora dar inícios aos treinamentos, só que não teve treinamento, pedalávamos quando dava. A semana que
antecedeu a viagem. Bicicletas revisadas, agora era apenas ajustar as bagagens, comprar gel, rapadura, suplementos e esperar o dia. Algumas trocas de ideias para ver o que cada um levaria. O trajeto Campinas Indaial seria feito de carro, combinamos de sair de Campinas no dia 12 de Dezembro de 2020, dia 13 começaríamos o rolê. Para minimizar os custos, levamos um cooler com um kit básico, garrafas de água de 500ml, Todynhos e suquinhos em caixinhas, 2 pacotes de pão de forma com presunto, queijo e requeijão. O dia da viagem Era sábado, 12/12/2020, marcamos as 7h, passei na casa dos
dois e pé na estrada. De Campinas até Indial/SC (mais pra frente explico o
motivo de sairmos de Indaial, já que o Vale Europeu começa na cidade de
Timbó/SC) são um pouco mais de 700Km. Dividimos o trajeto em 3, cada um dirigiu
1/3 do caminho, para depois não entrarmos na discussão de que um ou outro não
rendeu o que deveria na cicloviagem por alegar que estaria cansado pelo tempo
que ficou no volante. Saindo de Campinas, ou de São Paulo, o caminho é bem
parecido, ficamos horas em uma única rodovia, a Régis Bittencourt. Chegamos em Indaial por volta das 18h, tinha dados uma bela
chuva antes de nossa chegada. Ficamos em um Hotel simples, porém aconchegante,
o recepcionista nos sugeriu que deixássemos as 3 bikes no auditório do Hotel.
Não ficamos muito a vontade com isso, retiramos as bikes do auditório e levamos
para o quarto, que era bem grande. Bikes semi prontas para o início no dia seguinte. Antes que alguém fale alguma coisa, sim, o Rodrigo teve a coragem de ir de Gravel. As Bikes: Soul Volcano MTB Full (coroa 32 dentes com cassete Saram GX 10-50) Caloi Carbon Racing MTB (coroa 32 dentes com cassete Saram GX 10-50) Razão de termos saído de Indaial e não de Timbó. Então ficamos em Indaial, no primeiro dia faríamos um
deslocamento de 10Km para Timbó e daríamos o início a jornada. Como iriamos
largar e voltar para o mesmo ponto, não ouve a necessidade de levarmos as
bagagens (está ai o "pulo do gato", ainda usam esse "jargão" ?), seria um primeiro dia mais “tranquilo”, 100km sem malas nas costas. 1º Dia - Indaial-Timbó-Indaial - 100km - Altimetria: 1040m Acordamos relativamente cedo, dentro do quarto do hotel, ar condicionado passou o noite ligado, ainda não sabíamos a temperatura que estava lá fora, nas já era possível dar um palpite. 6:30, o sol já dominava. No quarto tinha frigobar, então os todynhos e os lanhes estavam bem protegidos, e esse foi nosso café. Tudo pronto, saímos e já de cara percebemos como seria nosso dia. Quente. Estávamos em Indaial, então o começo seria em Timbó, seria 10km de reta. Não é papo de ciclista não gente, é reta mesmo. No centro de Timbó, não era nem 8h da manhã e o termômetro já estava chegando perto dos 30ºC, mas pela manhã, início da cicloviagem, todo mundo empolgado, não demos muita bola para a temperatura. Será que no pico do meio dia o motor do Marea ia ferver? Acredito que umas 7:00h ou um pouco mais tarde, estávamos prontos para o deslocamento de Indaial até Timbó, se fosse uma competição, poderíamos dizer que foi 10km de aquecimento. Pouco antes da largada. No primeiro dia, já levantamos com calor, lembro que um pouco antes da partida em Timbó o Garmin já marcava uns 33ºC, o dia prometia, fritaríamos no sol, ou pegaríamos uma tempestade de verão. Fabinho, em Timbó, estava preocupado, queria comprar o
Passaporte, onde iriamos carimbando ao longo da viagem, era domingo, não conhecíamos
muito sobre o Vale Europeu, se tinha algum escritório ou algo assim que poderíamos
comprar tal passaporte em um Domingo, resolvemos seguir sem carimbar nada mesmo,
vamos apenas pedalar. Pedalamos alguns poucos kms dentro do trecho urbano de Timbó, e logo estávamos em estradão de terra, com praticamente zero de subidas, (uns 30km sem subidas) isso nos possibilitou obtermos uma boa media de velocidade, inclusive questionamos ser era uma cicloviagem ou se era Vale Europeu Race . Rodrigo e sua Sense Versa Gravel. Segue o plano, alta velocidade nos retões. Eu de olho no termômetro do Garmin, pois a sensação de calor
aumentava muito ao logo do tempo. Passamos por belas paisagens, casas “diferentes”, que não costumamos
ver para os lados de São Paulo, eu particularmente adoro apreciar a
arquitetura, principalmente as mais antigas. Escolas abandonadas... Em um ponto da estrada, torneira com água para reabastecimento. Uma das escolas abandonadas até serviu de ponto de parada, do outro lado da rua, tinha uma Igreja, onde reabastecemos as caramanholas com águas de torneira. Nessa escola onde paramos, parou um senhor Japa em uma van e perguntou: "Vocês cruzaram com fulano?" Não me recordo o nome do caboclo que ele perguntou, mas da forma que perguntou, parecia que nós conhecíamos. Ele continua. "Ele está vindo de Indaial, não consigo contato com ele" Até então, não cruzamos com nenhum ciclista fazendo o caminho, sugerimos a ele que siga o caminho de van, logo vai achar. Pedalamos muito ao lado de um Rio, lindas paisagens, calor insuportável, foi dando aquela vontade de entrar no rio. Passados um pouco mais de 30Km, a subida começou levemente da as caras. Mas como apenas subir era pouco, o termômetro ia acompanhando a subida. Bom, pelo menos a bateria do Garmin ia durar até o fim. O calor já estava difícil de suportar, as subidas se tornaram um tormento para o resfriamento, forte calor com baixa velocidade não tem vento, Marea na aguenta. Aquele rio foi ficando um fonte de desejo quase que inevitável. Qual será o próximo ponto fácil para entrar nele? Mas que ponto fácil que nada, a ocasião pedia a entrada imediata. Analisando os riscos, agora vai... Foi aqui mesmo. Sério mesmo, depois que entra a primeira vez, na subida, com 41ºC, deu vontade de entrar a cada 100m Parece que com uma temperatura dessas, as subidas ficam muito pior, e de fato as subidas estavam de certa forma, piorando. Não tinha como, pausas constantes, água na cabeça, entradas no rio e tome subidas. Já no desespero, rezando para alguém parar e entrar no rio, vejo que o Rodrigo encostou, procuramos uma sombra, pontos estratégicos para sentar nas pedras do rio e refrescar. Nesse momento vimos uma dupla de ciclista se refrescando e também fazendo o caminho. Ficamos ali uns 20 minutos, os a dupla já estava lá. Fomos embora e eles permaneceram lá. Quem iria querer sair de um lugar daqueles? Mais pra frente uma curva.. (era nosso sonho ao chegar em uma curva, ver que a subida acabou, mas não era bem assim não.) Um ponto de encher novamente as caramanholas e tome subida. Terminada a interminável subida, veio uma bela descida que era bem desingrime (íngreme ao contrário). Pensei comigo: Já não é simples descer de MTB, como alguém desce aqui de Gravel? Terminada a descida, já na reta, aparece o tio Japa da Van. "E ai? vocês viram o fulano?" O homem de caro não achava o caboclo. Falando sério. Foi um dia tenso, primeiro dia, aquela expectativa, o calor nos deixava "zureta", não me recordava quando havia pedalado com mais de 40ºC na cabeça. Estávamos no interior de Santa
Catarina, passando por cidades pequenas, em um domingo, em períodos de
pandemia, não tinha muitas opções abertas para reabastecimento de água, ou
fazer alguma refeição, quando muito, achávamos uma vendinha ou outra pelo caminho. Enfim, passados 3 morros, sol escaldantes, refrescamento do Marea no Rio, Tio Japa que não acha o ente querido, falta de uma alimentação "rica" (arroz, macarrão, feijão) e Fabinho, menino de apartamento que demorou a entrar no rio..... Chegamos são e salvos em Indaial. Paramos na pizzaria Don Corleone em Timbó. Tinhamos de fazer o pedido no balção pagar na hora e depois o garçom levaria na mesa. Então que venham as heineken, pois foi merecido. Sobrou alguns pedaços de pizza, embrulha, vamos levar. A pizza estava boa, a cerveja também (podia estar um pouco mais gelada), mas a pizzaria não linga muito para os clientes não, ou não liga para forasteiros. 2º Dia - Indaial, Ascurra, Rodeio e terminando em Dr. Pedrinho - Um pouco mais de 70Km - Altimetria: 1150m Hoje seria dia dos Anjos dizerem amém. O dia teria praticamente uma subida, então seria "aquela" subida. Novamente levantamos com um dia típico de verão, bem quente,
por sorte tinha ar condicionado no hotel. Desta vez começaríamos o pedal mais
cedo, ainda havia sobrado pão com presunto e queijo que trouxemos no carro no
dia que chegamos, mais alguns pedaços de pizzas de peperoni que sobrou da Janta
do dia anterior, pronto, o café estava tomado. Uma coisa que fizemos antes do Vale Europeu, foi assistir alguns vídeos no YouTube do canal chamado "Canal de Bike" do Rafa. (http://www.youtube.com/channel/UCaA5e9PJXY3Ci57AP96OUWg), ele fez o Vale mais de uma vez, em uma ocasião ele deixou o carro na rua por 3 dias, tempo que ele fez o caminho. Existem as opções de estacionamento onde vc combina o valor pelo tempo que fará o caminho. O nosso Vale Europeu começou de Indaial e iria terminar lá, no mesmo hotel, isso possibilitou, além de não precisar levar bagagem no primeiro dia. como também poder ter deixado o carro no estacionamento do hotel, onde terminaríamos o caminho. Não pagamos nada a mais por isso. Vai aprendendo ai Rafa. Saímos de Indaial e fomos até Rodeio com um plano de um pouco mais de 30k, como sempre, a velocidade nesses trechos nos permite tirar a diferença de tempo que teríamos na tal subida. 30km socando a bota é bão demais. Logo chegamos no centro nervoso de Rodeio. Esse dia estaria com a Jersey do Roda Fina Bike Clube (RFBC), era preciso achar um ângulo bom para uma boa foto para mandar pro Jota (http://www.instagram.com/jotaciclo) Fotos na praça, olha aqui, olha ali.... Acho que era apenas uma forma de enrolar um pouco mais, pois estávamos no pé da subida de exatos 8km. Diferente do dia de ontem, o primeiro dia, hoje a temperatura não passou dos 33ºC. Porém, a sensação era de estarmos dentro de uma estufa. O Sol pouco apareceu, ficou aquele nublado e abafado o dia todo, já contaríamos com uma chuva no final do dia. Chegaríamos antes dela? Bora lá, a subida nos aguarda. Antes paramos em um posto e completamos as caramanholas. Para quem conhece um pouco do Circuito Vale Europeu, deve saber que nessa subida tem o caminhos dos Anjos, várias estátuas de anjos em um determinado ponto, mas antes temos que subir. Olha, no primeiro dia conversávamos os 3 sobre esse caminho. Por achar que já temos "experiência" com 2 ou 3 caminhos da Fé, acharíamos que o Vale Europeu seria mais "fácil". Sofremos que foi uma beleza no dia 1 e já estávamos no pé da subida de 8km no dia de hoje. Já nos primeiros metros de subida, o suor já começava da descer por tudo que era partes. Acho que nos primeiros 3km, já tinha um ponto de hidratação, na foto abaixo já parados e por sorte tinha um banco, primeiro descanso. Novamente estávamos margeando um rio de águas muito limpas, já cedo com vontade de entrar no rio. Alternando entre subidas, paradas, rezas, desejos que a cada curva terminasse a subida.... chegamos nos Anjos No centro do Anjos, tem um cristo. Ali, um pavão tomava conta da região. Mesmo com toda a sua imponência e seu belo rabo, era hora de continuarmos a subida. Após o Amém dos Anjos, fomos deixando eles para trás. Me recordo que nesse ponto da subida, passou um caminhão, fui ouvindo o ronco do motor dele e prestando atenção.... Se ele mudar de marcha sei que estaria terminando a subida.... Por fim o som desapareceu ao longe, sem mudar a marcha. Subidas um hora acaba, e logo estávamos na divisa de Rodeio com Benedito Novo, não passariamo na região central de Benedito Novo, nosso destino era cidade do Dr. Após a placa, cautela... descida. Fomos do Km 39 até quase o km 60 descendo, claro, com algumas pequenas variações do caminho. Cara, quem é que combina as havainas com a bike? É pracabá mesmo Pensa em um rio convidativo... Paisagens fantásticas nessa região de Santa Catarina Quase chegando na cidade do Dr. (D. Pedrinho), e cada hora ficava mais abafado. Encostamos na cidade aproximadamente umas 13:30, naquele momento tínhamos 2 prioridades. Primeiro, achar um local para pousar Segundo, achar um local para almoçar Talvez a ordem não era tão importante, o que tivesse primeiro era lucro. Pergunta um aqui, pergunta outro ali, paramos em uma pousada. Conversa vai conversa vem, quarto acertado. Prioridade, acomodar as bikes, ligar o ar condicionado, tomar banho e almoçar. Banhos tomados, descemos para procurar comida. Descendo as escadas, na minha diagonal, vejo a dona da Pousada. Pergunto: "Você tem alguma cerveja aqui?" Ela responde: "Olha, antes eu vendia cerveja aqui mais parei. Os ciclistas vinham, tomavam demais e a coisa saia do controle." Pensei comigo: "Nossa, que constrangedor, logo essa minha classe " Após alguns segundo ela me diz: "Eu tenho algumas aqui, você quer?" Rapaz, aquilo desceu goela abaixo que nem senti. Já passava um pouco das 14:30. E quem disse que em cidade pequena tem restaurante aberto a essa hora? Jamais. Do outro lado da calçada, a gente avistava uma lojinha de doces e salgados, pensei em perguntar ali mesmo, ou para uma única cliente que estava sentada sozinha na mesa na calçada, encostada na parede. Mas era praticamente impossível, ela mal conseguia segurar a cabeça de tanto que cochilava. Achei por bem deixá-la ali, tentando se manter acordada. Mas pra frente, em uma rua, um restaurante acabará de encerrar seu dia. Não tinha outra opção. Voltamos para a lojinha de doces e salgados e ali almoçamos. A moça já havia despertado e seguido seu rumo. Na lojinha, experimentamos uma cerveja mais apurada. Nesse momento, os primeiros pingos de chuva começaram. Tínhamos que voltar para a pousada, a dona da pousada disse que pediríamos lavar as roupas e colocar na centrífuga. Acertamos duas coisas como a pousada, o café do dia seguinte que não estava incluso e a janta de hoje, havia uma grande necessidade de uma janta com mais sustância. Afina, o cavalo anda o que o cavalo come. Enquanto lavávamos as roupas, a chuva veio com gosto, fomos pro quarto e descansamos até umas 19h. Na tarde, chegaram mais 2 ciclistas que faziam o caminho. Aparentemente eles faziam nos tradicionais 7 dias e nós em 4. Janta, quarto e cama. Acordava a noite e a chuva mandando ver. 3º Dia - De Dr. Pedrinho até Palmeiras - Um pouco mais de 70Km - Altimetria: 1400m Foi um dia que se algum dos 3 falasse alguma coisa, corria o risco de "sairmos na mão", quero dizer, na porrada mesmo. No dia anterior, fomos avisados que o café seria servido as 7:30, não gostamos, queríamos acordar mais cedo, talvez se fizéssemos "pressão" já a partir das 6:45, poderíamos ganhar uns minutos. Não sei porque, acordei as 5:30 já acendendo luzes, fazendo barulho.... Depois que fui ver que não era 6:30. Chuviscava lá fora, havia chovido muito durante a noite, o mundo perfeito seria ficar hoje a pousada e seguiríamos amanhã. Talvez não exista um tal mundo perfeito. Nessa foto de satélite, está a cidade de Dr. Pedrinho, ficamos perto da bolinha verde. Café tomado, a chuva era bem fraquinha e alternava com paradas. Já tínhamos decidido seguir viagem, o dia seria longo e pesado. Acho que o clima de festa não transcorria em nossas veias nesse momento, sair com chuva é para os fortes. Deu aquela pausa, mas claro, a chuva vinha e voltava a todo tempo, eu e o Fabinho já saímos de capa de chuva, o Rodrigo, talvez não querendo chamar chuva, saio "normal". Não deu nem 5 km, a chuva veio e pausa para capa. Passamos por algumas plantações de arroz, vimos muitas plantações de arroz ao longo do caminho todo. Do nada, chegamos em uma estrada asfaltada, parecia um asfalto novo, foi uma excelente visão para quem estava pedalando na chuva. Andamos uns 10km na reta, boa parte de asfalto, logo começa uma serra de aproximadamente 2km, e tome chuva. Passados os 2km, pausa em um ponto de ônibus, se hidrata, come e segue. Não comentei, mas como sempre, levamos nossas comidas de mão. Rapadurinha, paçoquinha, Gel e o que mais tiver. Acabou a serra, me empolguei no asfalto e segui na frente no "Vale Europeu Race" As vezes incorporava em nós a sensação de que estávamos em uma corrida, mas isso passava na primeira subida. Me empolguei tanto, que não via os meninos atrás, até que parei em um ponto de ônibus na estrada e olho pra trás... Vejo o Rodrigo acenando. Logo entendi que havia passado do ponto e que a bela estrada estava com seus metros contados, a realidade é voltar para terra. No meio do caminho até esse ponto, tinha várias propagandas de um local com coxinhas, cafés e etc. O local fica bem no término do asfalto para quem está fazendo o caminho. E e claro, dia de semana, logo cedo, chovendo. A cidade parecia um deserto molhado. Entramos na terra, metros depois... uma "subidinha" No final da descida, na chuva, rodrigo parado para trocar a câmera, pneu furou. Essa subida foi o divisor de águas do dia, na terra, com chuva, nessa inclinação. Ninguém estava com cara de "bons amigos". Praticamente o silêncio reinou dai pra frente, isso que não era nem 9h da manhã. Nesse trecho, não existe moradias, não existe índios, não existe nada além da mata e seus animais, apenas sabíamos que teria uma represa habitada há alguns km pra frente, acho que perto do km 35 Em algum ponto, estava eu e o Rodrigo, o silêncio imperava... Ele me diz: Vamos achar um local e encerrar o dia na metade mesmo. Nossa, que frase mais bem vinda, bastava convencer o Fabinho e estava tudo certo. Subimos montanhas, atravessamos rios, a chuva caia sobre nossas cabeças, matas eram atravessadas, nada nos parava, o objetivo era terminar o dia no meio. Mas a cada curva vinha uma nova subida, a hora não passava, a civilização havia desaparecido a muitos kms atrás, estávamos no meio do nada. Passados os perrengues, demos de cara com a represa e sinais da civilização. Ufa, já era, dia terminado, vamos caçar uma pousada. Tinha uma placa, 2 opções, ou vc seguia o caminho pela esquerda, e dizia que tinha uma pousada a 6km, ou vc seguia pela direita, com outras propagandas de pousadas. Qual queria a escolha ideal? Ambos ia para o mesmo local, qual o menos ruim? Optamos pela direita, parecia que tinha mais civilização. Percebam na imagem de satélite nosso caminho, antes de atravessar a ponte, veja a opção a esquerda, seguimos a direita. Mas pra frente no nosso traçado, veja nosso zig zag entre as casas procurando uma pousada. Nada de achar, vamos mais a diante. O relógio já marcava mais de 11h, a fome já dava alguns sinais. Acho que passamos em uma pousada, mais não estava dentro do nosso planejamento, a diária ali não cabia no bolso. Ali já começamos a pensar que o dia não terminaria na metade, teríamos que seguir o plano de ir até Palmeiras. Seguimos os 3 meio frustrados e já preparando o psicológico para a outra metade do dia. Andamos alguns metros... Opa, uma vendinha. Sujos, chovendo, paramos ali mesmo. Desço da bike, entro, 3 caboclos parados, um sozinho a minha direita em uma mesa, outros dois a minha esquerda, todos apreciando uma bela cerveja, a marca era o menos importante. Ouvi que dois deles falavam algo olhavam o barranco do outro lado da rua, nem dei muita atenção. Prestei atenção na moça da vendinha, que olhou meio torto para mim quanto estava entrando... Todo sujo, pé de barro, ela havia acabado de passar pano. Paciência. O que tem para comer? Salgadinhos de saquinhos, tipo chips. Não obrigado Questionei onde teria algo para comer, os caboclos disseram: "Mais pra frente, (disse o nome do local, não me atentei) tem até restaurante, como já passava das 11:30, imaginamos que chegaríamos na hora certa. Pois ele deve ter falado em algo como menos de 10km pra frete e nada muito difícil. Fomos embora, e antes de subir na bike, uma parte do barranco na frente despencou. Era isso que os caboclos diziam quando entrei na vendinha. Se olharem na foto de satélite em nossa rota, verá que entramos na vendinha. Claro, quem faz o Vale Europeu, principalmente pela primeira vez, segue as placas e setas da rota. Nessa mesma foto, mas pra frente vocês observam que passamos pela ponte, não fomos reto, pq seguíamos as placas do caminho. Seria esse o caminho do restaurante? Andamos mais do que gostaríamos, com sobes de desce, e nada de civilização. O local que os caboclos disseram, com certeza era reto, fora do caminho. Paciência, vai de rapadurinha. Dai pra frente, se quisesse água, tinha que economizar, ou abria a boca e tomava da chuva, ou pegava do rio, que as vezes corria em nosso lado ou torcia para o surgimento da civilização. Por mais de uma vez, encostávamos um no outro, pq estávamos pedalando separados, ela melhor, era mais prudente, o clima era pesado. Caramanholas ou até bicicletas poderiam ser arremessadas um no outro, dependendo do fosse dito. Em algumas ocasiões que parávamos e encostávamos, o Rodrigo logo seguia e deixava a frase: "já vou, quero sair daqui". Será que eu e o Fabinho queria ficar lá? Até cruzamos em um determinado momento com algumas casinhas, mas sem sinal de civilização. Olhem o gráfico de elevação do dia. Pensa num dia difícil de acabar. Fabinho já reclamava da falta de água, mas cadê água? Um um determinado ponto, exatamente no km 52, encontramos uma espécie de curral, entramos, o Rodrigo chegou uns segundos antes, e já estava apreciando aquele liquido delicioso, que deveria ser incolor e sem sabor. Ele pegou sua água, bebeu, completou a caramanhola. Eu fui beber e encher as minhas, e para puxar papo digo: "Vcs perceberam que a água está um pouco amarelada?" Rapaz, quase fui crucificado ali mesmo no curral, era um tanque com uma torneira, não sabíamos de onde vinha a água. "Bebe ai e fica quieto, é a única que tem" Em seguida o Rodrigo lança novamente sua frase: "Vou embora quero sair daqui." Na foto do satélite com nossa rota, dá pra ver o mento que fomos ao curral. Pela foto do satélite, vocês podem nos questionar. Cadê o povo dessas casas? Não tínhamos respostas, era uma espécie de êxodo. Andamos muito nesse trecho, até que começamos a avistar casas e em um determinado local, achamos uma vendinha. Paramos, e claro, a única opção era salgadinhos de saquinho. Compramos logo 3 dos grandes, esses tipo fandangos ou algo assim. O almoço foi salgadinhos com coca, já devia ser umas 16h Ficamos ali uns 40 minutos, ao sairmos perguntamos onde teria uma pousada, ela nos disse, um pouco mais a frente. Em fim, a esperança do dia terminar, estávamos sujos, molhados e cansados. Chegamos! Era um mercadinho/mercearia/materiais diversos/hostel. Acertamos as acomodações, ele nos falou que poderíamos deixar as roupas como ele que colocaria na maquina, bastando apenas a gente dar uma pre lavada no chuveiro. O hostel fica em cima da mercearia, tem alguns quartos e dois banheiros, masculino e feminino, mas éramos os únicos hospedes aquele momento, usamos os dois banheiros. Pela foto área, o local do hostel é privilegiado Tomamos banho, deixamos as roupas para lavar, bikes acomodadas em um galpão atrás da mercearia e fomos "andar" na cidade. Uma meia dúzia de passos na rua, fim, acabou, voltamos. Ao lado da mercearia, anexo, tinha um restaurante/pizzaria/lanchonete/padaria e acertamos de ir jantar lá. No meio da janta, que era lanches enorme, descobrimos que ele servia café da manhã já por um preço combinado. Então acertamos para tomar nosso café do último dia do giro. Após a janta, fomos para o quarto, internet péssima, então o melhor era dormir cedo mesmo. 4º e último dia tinha a intensão de ser mais Suave, afinal era penas 60Km e uma elevação de 700m Palmeiras - Benedito Novo - Timbó e terminando onde tudo começou, Indaial. Um dia que desceu. Levantamos cedo, mas não muito. O dia seria mais suave, a chuva de ontem, dava lugar a uma neblina logo cedo, mas não demorou, o sol chegou. Seria uma dia quente. Roupas não secaram direito, sapatilha molhada, deixamos algumas coisas no sol enquanto íamos para o café. Nesse momento, os ânimos já haviam voltado aos níveis normais, o bucho estava cheio e o dia de ontem deixaremos guardados para os anais da história. Sobre o dia de ontem, olhem a foto do satélite abaixo. Eu risquei o a "mão" em amarelo, deve ter sido a dica que os caboclos daquela vendinha deu, era exatamente onde iriamos finalizar o dia, nosso rota foi a de vermelho. Teria poupado muitos perrengues, mas iria faltar muita história. Palmeiras e sua represa foram ficando para trás. O dia estava nebuloso Mas o sol logo foi aparecendo. Como sempre, lindas paisagens. Conversando com um ou com outro, nos diziam que teríamos uma subida casca grossa, isso foi preparando nosso psicológico para o pior. Depois do Km 10, começamos a descer.... E desceu muiiiiito, coisa linda. Uns 15 km descendo. O medo pairava sobre nossas cabeças a espera da subida. Mais ou menos no km 26, começamos a subir, quando vimos, estávamos no km 29 e fim da subida. Tem mais? Essa foi rápido. Na verdade, ela foi curta, mais bem inclinada Fabinho se inclinando para frente para bike não empinar.
Fim da grande descida. Do km 35 até o final, 60, era só administrar, praticamente reto. Mesmo após 3 duros dias de caminho, ali a velocidade começou a aumentar. Lá pro km 37, chegamos em Benedito Novo, dali pra frente não teríamos mais estrada de terra até o final. Pareamos em um posto de combustível, na loja de conveniência, ali lanchamos. Sem subidas até o final. Já nas primeiras placas indicando a cidade de Timbó, começamos um sprint final. E foi assim até a reta de chegada, nem mais importava o sol forte daquele momento. Esse FINAL ai da foto acima, não é nosso final, já havia acertado com o Hotel em Indaial, então teria mais 10km naquela "lua", claro, ficamos ali em Timbó absorvendo tudo aquilo, mais pensando ainda nos 10Km. Fabinho pôs-se a procurar um suvenir do caminho, uma camiseta. Nada, não tinha, ninguém tinha. Eu e Rodrigo ficamos ali, esperando o menino voltar. Estava muito quente, devia ser umas 13h, ficamos ali em Timbó uns 30 minutos ou mais. Tínhamos que seguir viagem, ainda não era hora de comemorar o fim, mesmo depois do fim chegar. Olha rapaz, o 10km finais foram torcendo o cabo, não dava para perder tempo nem para pegar a caramanhola para beber água, já que tem que acabar, bora acabar com isso logo. Chegamos no hotel, um bom horário ainda para poder almoçar, mais ainda tinha que subir para os quartos e tomar banho. Próximo ao hotel tinha uma churrascaria. Tinha o tal de espeto corrido. Mas será que tinha chuleta com polenta? Banhos tomados, pega o carro e vai a procura do rango. Chegamos na churrascaria, descemos, devia ser perto das 14:30. Nada, já encerrou. Informaram que retornariam após as 19h, então não tínhamos opção, o negócio era voltar para o hotel e descansar. No caminho da volta, passamos em uma rua, próximo ao hotel, tinha uma espécie de Cooperativa, grande, era como um hipermercado, mas avistamos ali a loja da Subway. Opa, o almoço foi ali mesmo. Eu e o Fabinho escolhemos um lanche de 30cm, o Rodrigo também, mas com um segundo lanche de 15cm, caracas, 45cm de lanche. Mas a gente podia, depois desse rolê, qualquer pode. Comemos, voltamos para o hotel e dormimos muiiiiiiito. umas 19 e pouco, ou 20h, voltamos a churrascaria, pouca gente, a nossa mesa e mais uma, depois chegou outro pessoal. Tinha self Service, espeto corrido e rodízio de pizza, no espeto corrido a gente podia se servir no Self e ainda se servir no rodizio de pizza Foi esse o escolhido. Há, e ainda tinha self de sorvete. Comemos muito, voltamos e dormimos muito. Quando fomos para o Vale Europeu, tínhamos a ideia de se deslocar mais alguns km de carro e subir a serra do Rio do Rastro e uma outra serra. Nos informaram que a Serra do Rio do Rastro estava com desbarrancamentos em razão das chuvas, desistimos da ideia, no dia seguinte, guarda tudo no carro e "de volta pra minha terra". Considerações finais Fazer um cicloturismo, como qualquer outra coisa em uma pandemia, requer cuidados extras Levamos um kit de mascaras descartáveis e um pequeno álcool gel cada um, Rodrigo providenciou para os 3. Para quem está acostumado com o Caminho da Fé, que a qualquer época do ano cruzamos com muitos ciclistas, o Vale Europeu foi diferente, no começo cruzamos com uma dupla, nunca mais vimos, na metade do caminho cruzamos com outra dupla, que desapareceu tão rápido quanto a primeira. (Esqueci, será que o Japa da Van achou seu ente querido?) Não sei se pela pandemia, se pelo época do ano ou outros fatores que espantaram os ciclistas. Outro detalhe, o Caminho da Fé é muito mais demarcado, em alguns trechos do Vale Europeu, temos que ficar bem atentos para não se perder. Para quem já fez o Caminho da Fé sabe como as subidas são duras, o Vale Europeu não é diferente. Experiência com as bikes Eu fui de Hardtail Caloi Carbon Racing, já havia feito 2 caminhos da fé com ela, bike muito leve, robusta e que transmite segurança O Fabinho foi de Soul Volcano Full Suspension, infelizmente no último dia, a suspensão traseira afundou, vazando todo o ar, ficou uma hardtail. Mas sim, uma bela bike para qualquer terreno. O Rodrigo foi de Sense Versa Gravel, eu já andei de gravel, fico um pouco inseguro (talvez muito) em grandes descidas, na reta é um avião, deixa qualquer MTB pra trás (claro que depende da perna). Ele passou em alguns buracos em descidas mais fortes e que acabaram por furar a câmera de ar, inclusive, um rasgo na lateral do pneu. Pergunta para o Rodrigo: "Como foi sua experiência com a Gravel nesse rolê" Resposta: "Igual dirigir uma empilhadeira em rua de paralelepípedo... " Como se deu as pousadas/hotel? Marcamos os dois primeiros dias no Booking, uma em Timbó e outra em Indaial, ao descobrir que o deslocamento Timbó-Indaial era de apenas 10km, cancelamos a de Timbó, o primeiro e segundo dia ficamos no mesmo local, e também no dia de chegada. Na cidade do Dr., chegamos lá e procuramos na hora. Ao sair do segundo dia de Indaial, via booking mesmo, já marcamos para voltar lá no último dia. Comidinhas durante o Pedal. Seguindo as orientações de como ser "Leve e Bruto", compramos em Campinas ou Mercado Livre, rapadura, gel, suplementos. Nunca deixe de colocar na boca, a cada 40min algum alimento e tomar um gole d'água, está ai o segredo para que a marreta do Thor não te pegue e nem para o motor do Marea explodir. Custo da viagem de carro mais hotel/pousada Com 3 ou 4, o custo é baixo, vale muito a pena. Você termina o rolê querendo saber quando e onde será o próximo. >>>> F I M <<<< Editado por josemar - 15 Jan 2021 as 15:49 |
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Josemar Andrade
Valinhos/SP |
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murilorangel
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Cadastrado em: 19 Nov 2020 São Paulo Offline Mensagens:115 |
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Sensacional! Excelente história e dicas. Uma hora quero fazer essa viagem.
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elton40
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Cadastrado em: 23 Jan 2008 Campo Grande Offline Mensagens:1374 |
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Que beleza. Parabéns
relembrei quando eu fiz, acho que em 2016, junto com +5 amigos, do grupo "Peregrinos do Pantanal" (vejam no facebook e Instagram). Fizemos nos 7 dias recomendados, distâncias pequenas diariamente, mas com a diferença que fomos completamente carregados, preparados para camping e com todos utensílios para fazer as refeições. Cargas de 30 a 40kg cada um. |
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XAMÃ * TREK 3700 - TROLLER
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marcosweimer
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Cadastrado em: 26 Fev 2009 M.C.Rondon-PR Offline Mensagens:60 |
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Estou querendo ir acampando com familia, acha viável? passou algum perrengue referente a camping?
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-=Ma®©oS=-
Marechal Cândido Rondon-PR-Brazil |
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