Cicloativismo "de resultados"?

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Abri este
tópico para sugerir alguns caminhos para o movimento cicloativista. Eu
tentei embutir sugestões e idéias nas minhas críticas e questionamentos
e o tiro saiu pela culatra: apesar de pedalar há mais de 20 anos e
estar ligado à bike de diversas
formas, como colaborador de revista a organizador de evento, mecânico e
competidor, entre
outras coisas, me tornei o anti-ciclista preferido de alguns hippies-destrambelhados-que-pedalam-bikes-antigas-sem-capacete-e-de-papete-com-mochila-nas-costas aqui de SP 

Não
que eu me importe com isso, pq eu pedalo do meu jeito e na boa e vou
continuar pedalando idependente de tudo (assim espero), mas... Quem
sabe agora a crítica se torna mais construtiva na visão de alguns, ou
ao menos dá início a um debate em vias razoáveis. Então aí vai algo
mais sólido e bem pensado, na linha do que eu imagino (e que
comprovadamente funciona pois é feito em várias frentes nos países
desenvolvidos) que poderia ser desenvolvido por aqui pra dar em algum
resultado prático:

1)      
Lobby e busca de
apoio de entidades civis, comerciais e públicas pela criação de uma “Semana da
Bicicleta e do Ciclista”,, ou “Semana da Bicicleta no Trânsito”,  com realização de atividades diversas ligadas
ao uso da bicicleta como meio de transporte e lazer no espaço urbano. Algumas sugestões
para atividades que podem ser desenvolvidas durante a Semana da Bicicleta:

·        
Mesas-redondas e
debates com diversos temas ligados à segurança, pilotagem, direitos e deveres
do ciclista, conscientização de motoristas e demais usuários, educação no
trânsito, legislação e representação, com a participação de membros da
sociedade civil e entidades, representantes do poder público, ciclistas, etc.

·        
Workshops e
cursos práticos e teóricos de pilotagem defensiva, mecânica básica, segurança
no trânsito, utilização de vias alternativas, integração com transporte
público,  poluição e estacionamento, etc.

·        
Palestras com
convidados de diversas representações: autoridades no assunto “bike na rua”,
autoridades de trânsito e planejamento urbano, nas áreas de legislação,
jurídico, médico, inclusive “gringos” com experiência nesses assuntos (ex.: Bob
Mionske e Rick Bernardi (bicyclelaw.com), Roger Geller  e Mattew Arnold (BAC/PDOT), etc.).

2)      
Criação de
umacartilha educativa, com dicas de Pilotagem Defensiva e Direitos e
Deveres do
Ciclista Urbano, etc. poderia ser criada também uma cartilha para os
motoristas, com mensagens sérias e bem desenvolvidas, com foco. Ao
mesmo tempo que serviriam para educar e conscientizar, estaríamos
mostrando o lado do ciclista, a importância e reforçando a mensagem
positiva e atual da bicicleta como meio de transporte, de forma concisa
e planejada. 

3)      
Lançamento de
uma camisa no estilo “3 Feet
Please” (www.3feetplease.com). Uma idéia singela que tem se mostrado
poderosa e ampliado seu alcance rapidamente nos EUA, atraindo atenção
da mídia, usuários, motoristas, autoridades, etc. Melhor do que as
camisas de algodão básico largas, desmilinguidas e manchadas com
logotipos tímidos - coisa de hippie. A imagem é importante para
qualquer organização, mesmo de contra-cultura e protesto, e se o
movimento pretende alcançar seus objetivos é bom começar a pensar em
mostrar mais seriedade e comprometimento.

4)      
Renda: Criação
de atividades e comércio gerador de renda (renda esta que poderá ser
utilizada
na produção de material de divulgação, material educativo, auxílio
legal e
apoio psicológico, ações organizadas, palestras, convidados, viagens,
etc.). Coração, fé e motivação são importantes... mas sem grana, o
fôlego e a disposição são curtos, e tudo fica informal demais. Money is
power, e como eu disse: se o movimento pretende chegar a algum lugar, é
bom pensar em se tornar mais sério.

5)      
Busca pelo apoio
e simpatia de artistas, personalidades, entidades, etc. ao uso da
bicicleta no
transporte urbano (assessoria de imprensa, comunicação e marketing,
etc.). Isso facilita o acesso aos meios de comunicação, abre portas,
atrai atenção e pode angariar simpatias. 

6) Realização
de estudos e pesquisas ligados ao uso da bicicleta, trânsito e deslocamento urbano
intermodal, etc. para realização de um trabalho embasado  junto às entidades públicas e privadas para
implantação de projetos que contemplem a bicicleta em futuras alterações da
legislação urbana e civil, além de orientação do comércio e entidades privadas
para implantação de um modelo de acomodação da bicicleta e do ciclista no
espaço urbano (estacionamentos para bikes, bike lanes, ciclovias, integração
intermodal, etc.). 

Enfim,
eu acredito que para melhorar a situação do ciclista no trânsito de Sâo
Paulo (ou de qualquer outra cidade), é preciso mais planejamento.

Mais foco na definição dos objetivos;

Mais objetividade na definição das metas;

Isenção,
mas acima de tudo precisão, no diagnóstico da situação (nada de
contaminações esquerdistas e radicais, nada de dizimar os carros, nada
de imolar os motoristas ou coisas do tipo);

Clareza e profissionalismo no desenvolvimento de projetos, propostas e soluções;

Melhor postura e mais coesão na apresentação, representação e defesa das idéias e projetos perante os canais de comunicação da sociedade e as autoridades;

Por falar em autoridades... trabalhar com as autoridades, e não de forma a obirga-las a tomar uma postura contra a bicicleta. Muitas vezes nos colocamos numa posição e ainda reclamamos dos outros, mas temos que avaliar nossa postura tb.

Mente
aberta, mais disposição, serenidade e paciência na hora de responder às
críticas e provocações, para agregar. Em qualquer empreendimento, seja
um negócio ou a luta por melhores condições e respeito, pequenos ganhos
e conquistas exigem grandes sacrifícios, muito trabalho, e vêm aos
poucos. Mas se não houver serenidade e objetividade, as perdas são
rápidas e custosas. Moral não é algo que se ganha na porrada ou no
grito, mas sim na atitude e na postura. Qualquer movimento ou pessoa
precisa de moral para alcançar seus objetivos e dar longevidade a suas
conquistas.

Editado por Alex SP - 02 Abr 2009 as 17:30