Caminho de Santiago de Compostela de bike

Bem, pessoal,

Fiz em setembro de 2010 o famoso Caminho de Santiago de Compostela e fiquei devendo um relato/fotos. Pretendia montar um blog, mas até agora não consegui fazer isso (preguiça mesmo), portanto, seguem as fotos para os que se interessam por cicloturismo, aventura, peregrinação, doidera, como quiserem chamar. Alguma dúvida/curiosidade, terei imenso prazer em responder.

Foram 866 km de pedal, em 16 dias, com o menor percurso de 20.02 km dia e o maior de 76.50 km dia. Tudo muito variado, terreno, altimetria, clima, etc.

Acessem as fotos em:



https://picasaweb.google.com/carlhenrique/CAMINHODESANTIAGODECOMPOSTELAEMBICICLETA2010#

e

https://picasaweb.google.com/carlhenrique/CAMINHODESANTIAGO2010COMPLEMENTO#


divirtam-se!

lyra escreveu: Parabens pelas fotos e pelo caminho! Sensacional! Agora falta só um relato! Seria interessante compartilhar a experiencia, como foi a programação, dificuldades, dicas, lugares para ficar, lugares para não ficar, etc.

Oi Lyra,
Obrigado!

Quanto ao relato, farei isso em breve. Minha idéia é fornecer dados sob demanda, pois é tanta informação que dá para escrever um livro. Temo me perder e ficar prolixo/chato, então, iria a conta-gotas mesmo. É até bom para não esquecer pontos relevantes da viagem.

Posso adiantar alguma coisa, já em cima do seu post: (como é a primeira parte de um relato, aviso que vai ficar longo:)

A programação: foi tudo meio na bucha, já tinha feito outras cicloviagens mas nunca me imaginei dando um salto tão grande; de uma hora para outra, coisa de 6 meses mais ou menos, resolvi que faria a viagem, iria me preparar fisica e psicologicamente, estas coisas que a gente promete. Não fiz nenhuma coisa nem outra. Eu sabia que 2010 seria um Ano Santo * e o Camino estaria muito cheio, e realmente estava: Fomos 272.000 peregrinos, cerca de 32.000 só em bikes!. O Próximo Ano Santo será em 2021, estarei meio "velho" para tentar isso novamente. . Simplesmente comprei as passagens, o seguro de saúde (obrigatório para a entrada nos países da Comunidade Européia) e fiquei aguardando a partida. Uns dez dias antes de partir, comprei um cartão de débito Visa Travel Money, para evitar carregar muito dinheiro vivo, acompanhei as notícias do clima na região que iria percorrer lendo os jornais espanhóis diariamente e com isso programei que tipo de roupas levaria, estas coisas. E funcionou.

A viagem para a Espanha é um perrengue, pelo menos foi para mim, que sofro de "aerofobia": onze horas e meia dentro de um A340 apertado (pelo menos são os da Ibéria) não é o melhor programa a se fazer, esta talvez a maior dificuldade que senti.

De todos os lugares onde fiquei, apenas não recomendo El Burgo Ranero, especificamente o albergue El Nogal (particular). Não sei se foi por causa de uns franceses ** ou pelo local mesmo. Também em San Juan de Ortega tive alguns problemas com a grosseria de um atendente do único bar do local, e em Burgos, onde cheguei por volta das 9:00 da manhã: precisava urgentemente de um mecânico de bikes para dar uma geral e prosseguir a viagem, e como Burgos é uma cidade grande com variadas tiendas de bici, resolvi me adiantar: me apresentei ao albergue público, onde grosseiramente fui dispensado pelo hospitaleiro, que me mandou pedalar mais, já que a prioridade do local é para peregrinos à pé (isto ocorre em todos os albergues públicos: primeiro os à pé, depois os a cavalo e por fim os ciclistas). Nada como um bom palavrão em português para o cara mal educado e me mandei dalí, uma pena, já que Burgos é uma cidade grande, linda, tem uma vida social (entenda-se: bares e restaurantes) agitadíssima, estava nos meus planos tomar umas pela cidade, talvez ficar mais de um dia.

Dicas: É bom ficar em albergues públicos às vezes, mas tem dia que você estará tão cansado que vai preferir os privados. Os albergue públicos são enormes, alguns tem mais de 200 leitos, a agitação, principalmente dos jovens, chega a ser irritante. Nesses albergues, você vai conviver toda noite com o ronco simultaneo de mais de cem pessoas , que tomaram todas na tarde anterior e isso não é uma das audições mais agradáveis para quem está cansado de um dia inteiro de pedal, portanto a possibilidade de compartilhar seu próprio ronco com menos pessoas, nos albergues privados, é uma boa opção . Ah, nos albergues privados não existe esta escala de prioridade. Quem chegar primeiro fica com o leito.

Bem, é isso.

* O Ano Santo é quando o dia de Santiago, 25 de julho, caí em um domingo. Acontece em ciclos de 5,6, e 11 anos.

** Não tive uma convivência muito boa com os franceses, pelo menos com os peregrinos com quem esbarrei em alguns albergues. Eles têm um hábito ruim: andam geralmente em bandos e o primeiro a acordar sai de leito em leito cochichando ao ouvido de outro do grupo, até que toda a turma esteja acordada. Daí, acendem as luzes do albergue e disparam a conversar em voz alta, fuçam nas mochilas, trocam de roupa, tudo alí, no meio dos outros. Pouco se importam se há mais 40, 50 ou 100 pessoas descansando. Isso aconteceu em diversas ocasiões, não foi um caso isolado.
 

W0LVER1NE_MG escreveu: Que isso, seu álbum de fotos lá no blog ficou muito show, Carlos Henrique!   Parabéns pela viagem, pelas fotos, e pelo relato completo que tenho certeza que está por vir

Obrigado, Wolverine!

As fotos tive preguiça de dar uma  "tratada", dava para melhorar um pouco, mas deixa estar. Para fazer um relato completo precisaria ser "provocado" pela curiosidade dos leitores, pois como disse, existem inúmeras "pontas" de lembranças que precisam ser puxadas.

Algumas curiosidades: Saí do Brasil pesando 62 kg e voltei com 54!, peso que conservo até hoje, com pouca variação. Explico em parte: Apesar de a Espanha ter uma culinária fantástica, senti uma falta imensa do nosso feijão com arroz; sem querer parecer bairrista, mas sendo: a comida mineira faz muita falta; o mais próximo que chegava de arroz seria a paella, e eu não como peixes/frutos do mar, minha alimentação basicamente se resumia a proteínas/carboidratos: bife ou frango, invariavelmente e as indefectíveis patatas fritas!, muito vinho e cerveja!

Outra coisa: A peregrinação a Santiago de Compostela pode ser considerada uma forma de turismo muito barato: o custo médio diário é baixo, se comparado ao turismo interno (Brasil), algo em torno de 2 a 5 euros pelo desayuno (desjejum), mais 10 euros em média pela cena (o jantar. Não almoçava: comia frutas e nozes que comprava pelo caminho ou apanhava as que estivessem ao alcance, como peras, uvas, maçãs, amoras) e pagava de 5 a 10 euros pelo albergue, pela conta mais alta daria uns 25 euros dia, coisa de R$ 57,00. Com esse valor não alugo nem um quartinho de pousadas no Brasil. Em alguns albergues o desayuno é cortesia, como no albergue das Irmãs Beneditinas de Carbajal, em León, em outros você paga algo entre 2 e 3 euros, em esquema self-service.

Não tive qualquer quebra, sequer um pneu furado, apenas precisei regular o cambio dianteiro e lavar/lubrificar a relação, pois peguei muito barro, chuva, uma areia finíssima que colava na corrente.

Fisicamente também foi tudo ok, tirando um joelho que deu problema. Dois tombos, por absoluta imperícia mas sem consequencias.

lyra escreveu:   Bom... está nos meus projetos futuros fazer o caminho, mas com minha esposa. Pelo que eu entendi vc tem a opção de albergues publicos ou privados. Os privados seriam algo mais próximos às nossas pousadas?

Quase isso. Como disse, há albergues privados com quartos para até duas pessoas, como o que utilizei em Triacastela, e há os públicos com até 800 camas, como o de Monte do Gozo, já em Santiago. Em alguns albergues privados, você só vê o hospitaleiro na hora que chega, quando  ele carimba sua credencial e indica a cama a utilizar, e depois, some!

Em outros, existe um clima bem intimista, parecido mesmo com uma pousada como conhecemos, e até melhor: um exemplo é o albergue do Brasil, de Acácio (Brasileiro) e Orietta em Viloria de Rioja, que recebem muito bem os peregrinos, principalmente os patrícios. Em muitos destes albergues, ocorre uma verdadeira confraternização em volta do fogão: os peregrinos se cotizam e compram suprimentos e cozinham o próprio jantar. É fabuloso ver, sentados a uma grande mesa, uma dúzia ou mais de pessoas, cada uma falando uma língua diferente, e todos se entendendo, pelo menos em torno da ceia do dia! Isso é permitido em alguns albergues públicos, também.

às vezes você fica em um albergue não por escolha, mas por contingência. O Albergue público de El Burgo Ranero, por exemplo, estava lotado quando cheguei. Havia um clima gostoso, de festa, com volão e canto, mas tive de optar entre um hotel (bastante caro) e o albergue privado El Nogal, com pouca infra a oferecer. É também coisa de sorte.

 


Editado por carlos_henriquefj - 15 Mar 2011 as 17:43

marcorn escreveu: Também pretendo fazer este caminho ano que vem. Diga-me Carlos, o preço dos albergues privados são muito maiores do que os públicos? pois para passar raiva e ficar catando vagas só por estar de bike, eu prefiro ir direto para um privado, a nao ser que a diferença de $$ seja demais. Conte lá!

São maiores, mas nem tanto. Há albergues privados com preços entre 5 (simples) e 15 (com café da manhã) euros, na média. O mais caro (privado) que paguei foi em Santiago, mas também fiquei em um verdadeiro 5 estrelas, a no máximo 200 metros da Catedral, diária de 25,23 Euros (não me pergunte o porquê da fração de euros), fiquei lá por 4 dias, me cobraram somente 3, fiquei amigo de uma garota, a hospitaleira do turno da noite e ela me invitava a uma rodada de chopp no balcão do albergue todos os dias! Nesse albergue tem jardim de inverno, churrasqueira, cozinha, tvs de plasma, sala de espera, etc. Preço mais que na faixa!

A grande vantagem dos albergues privados é, obviamente, o tamanho, o sossego, o ambiente e uma certa independencia: de modo geral, todos abrem a partir das 14, 15 horas e cerram as portas às 21 horas. Às 20, 20:30 no máximo todas as luzes devem ser apagadas, ninguém sai, ninguém entra; portanto, se você quiser ficar na rua até tarde, sem chance, pelo menos não usando os albergues públicos. Neste de Santiago, como cheguei à noite e precisava sair para comer alguma coisa, me deram um cartão magnético que abria a portaria do Albergue! Eu poderia voltar para dormir quando desejasse. Você não pode sair, mas pode voltar!.

Essa de ficar catando vaga é relativo, coisa de azar eu acho. A rejeição que sofri em Burgos acredito ser fato isolado: Em Astorga, por exemplo, no albergue público onde fui selar minha credencial, fui muitíssimo bem recebido pela hospitaleira, que me mostrou as dependencias e contou algumas coisas sobre a cidade, queria realmente que eu ficasse por lá, e ainda era muito cedo, haveria muitos peregrinos a caminho certamente, mas minha vaga estaria garantida. Agradeci e segui viagem, pois não era minha intenção dormir por lá.
 

Bem, Paulo, vamos lá:

Sim, levei a bike daqui. Apesar de haver serviços de aluguel de bikes para fazer o Camino, não quis me arriscar, afinal minha bike estava "customizada", como o tamanho, o peso, a confiança nos componentes instalados, etc. Fiz o Caminho Francês, o mais "famoso", vamos dizer assim. Começa em Saint Jean Pied Port, na França.

Não há como sair do aeroporto pedalando, pelo menos não vislumbro essa possibilidade vendo o gigantismo de Barajas: aquilo é uma cidade, rodeado de auto-estradas. Saí do aeroporto em taxi, com destino à estação de autobuses, uma rodoviária. Como estava cansado do vôo e ainda tinha o problema do fuso horário (5 horas a mais que no Brasil), e teria muito tempo até chegar a Pamplona, que era o meu destino no primeiro dia (Fiz reserva em um hotel da cidade, uma precaução caso a imigração resolvesse criar caso comigo), decidi fazer por via terrestre e não aérea o trecho Madri-Pamplona, cerca de 410 km. Cheguei em Barajas por volta das 8 da manhã, teria muito tempo pela frente, já que a idéia era seguir para a França apenas no dia seguinte e começar o pedal efetivamente daí a dois dias. Dormi em Pamplona e no dia seguinte peguei um taxi com destino a Saint Jean, como planejado, quando paguei 80 euros, pechinchando com o motorista, que queria 100 euros. Você pode compartilhar o taxi com outros peregrinos, mas não estava com paciencia de ir até a rodoviária esperar alguém querendo seguir o mesmo caminho, então fui sozinho. Cheguei em Saint Jean em um dia festivo, acho que lá todos os dias devem ser assim: você está próximo de Biarritz, um local de bacanas no litoral francês e a invasão das pequenas cidades próximas é inevitável.

Lojas de bike: utilizei cinco: uma em Pamplona, quando troquei de bagageiro, esta aqui: http://tienda.mundoraintxe.com/,
outra em Santo Domingo de la Calzada, quando regulei o freio dianteiro e lubrifiquei a relação e a terceira em León, quando precisei fazer uma geral e comprar roupa de ciclismo e um novo capacete, já que o meu estava me machucando. As outras nem eram lojas de bike propriamente: em Sahagun, comprei uma capa/almofada para o selim, pois estava precisando aumentar o conforto, e em Astorga, quando comprei extensores para prender os alforges. Os preços são mais altos que os daqui, mas nada fora do normal. Existe uma relação de tiendas (oficinas/lojas), albergues e afins "amigos" dos ciclistas pelo caminho. Vou vasculhar minha papelada e se alguém interessar posto aqui, a infra-estrutura voltada para o ciclismo na Espanha é imensa, afinal eles adoram bikes, talvez tanto quanto o futebol.



Editado por carlos_henriquefj - 16 Mar 2011 as 11:52

Vamos lá:

1 - O ciclista vai sentir falta de levar isolante térmico?
Somente se precisar dormir no chão. Levei por precaução, pois em Ano Santo corre-se o risco de não encontrar vaga em albergues (leia-se: camas) e será preciso dormir em qualquer lugar. Mesmo com o Camino muito cheio (272.000 peregrinos em 2010), sempre achei vaga, e quando não havia, pedalava mais alguns kms e resolvia. A distancia entre pueblos/cidades é muito pequena, serão mais de 160 localidades a atravessar, impossível não conseguir lugar para ficar com um mínimo de conforto.

2 - O ciclista tem de levar saco de dormir? Nos albergues não tem cobertor?
Em alguns albergues tem sim cobertor, mas você paga por tudo que não for "default", ou seja, o lençol e a fronha descartáveis que você recebe logo ao fazer sua ficha (É necessário identificar-se, exigem o passaporte). O saco de dormir tem uma segunda utilidade: é com ele que você "marca" território, ou seja, abre-o sobre a cama que lhe indicaram e esta passa automaticamente para o status "caia fora: aqui tem dono".
 
3 - O ciclista tem lugar para lavar roupa em qualquer albergue?
Sim, em qualquer albergue há a possibilidade de lavar roupas, tanto nos tanques quanto nas máquinas. Nas máquinas, funciona mais ou menos assim: você compra uma ficha ou insere créditos em euros, como se fosse máquinas caça-níqueis, e o equipamento é automaticamente liberado. A máquina de lavar funciona durante +/- 20 minutos para lavar, e a de secar, mais ou menos o mesmo tempo. Sugestão: localize outro peregrino na própria lavanderia e sugira dividir os custos, normalmente isso é bem aceito (fiz isso algumas vezes). O custo pode variar de 2 a 6 euros por lavagem/secagem e a máquina trabalha ociosa com as roupas de apenas uma pessoa. Dependendo do tempo, dá para secar as roupas em varal e economizar o dinheiro da secadora, pois ela já saí quase seca da lavadora.

4 - Albergues são seguros para as bikes? tem lugar para guardá-las?
Sim, os grandes albergues tem paraciclos, e os que não tem, disponibilizam um cômodo para guardar. O único local onde senti insegurança foi exatamente em El Burgo Ranero, quando a bike ficou em um lote vago, ao lado do albergue.

5 - Albergues tem lugar seguro para deixar carregadores e baterias ligadas durante a noite para recarregar os faróis, GPS, câmeras, etc? Ou deixou - perdeu?
Há recomendações para se ficar de olho no que é seu, ladrão existe em qualquer lugar.
Acho que dei sorte: deixava em uma mochila eletrônicos diversos, como gps, carregadores de baterias, lanterna, câmeras (2), celulares (2), gravador de voz, mp3player, monitor, etc. Há albergues que tem uma tomada de força exclusiva por leito, um luxo, dá para carregar tudo ao mesmo tempo (com a ajuda de uma extensão).
Fiz um teste forçado, mas com a bike: em um grande albergue, com paraciclo no pátio, deixei a bolsa de selim com câmaras de ar, ferramentas, óleo, etc., mais uma capa de selim e no quadro da bici, a bomba de suspensão e pneu. Apenas prendia uma roda ao paraciclo com cadeado. Nunca sumiu nada.

Ouvi dizer que temos de dormir sobre a carteira para não acordarmos sem dinheiro/cartões/documentos, é tudo isso?
Acho que há um pouco de exagero, mas precaução e canja de galinha não fazem mal a ninguém, né?
Fiz isso: Levei uma pochete própria para carregar dinheiro, onde guardava os cartões de crédito e o dinheiro (pouco) e o passaporte. Ela só saía da cintura quando ia para o banho, mesmo assim arranjava um jeito de deixá-la sempre à vista, de preferencia no mesmo ambiente, pendurada na torneira ou cano do chuveiro, quando havia. E mesmo em trânsito, sempre verificava se estava bem presa. O que acontecia com frequência era deixá-la aberta e aí o susto era enorme, mas não perdi nada.

rafa72, obrigado.

O Camino é praticamente todo um trilhão, atravessando cidades e zonas rurais,  com todo tipo de calçamento imaginável: cascalho solto, areia, barro, argila, bosta de boi, pedras lisas e cortantes como ardósia, terra compactada, cimento, asfalto, calçamento urbano, ciclovias em grandes cidades, etc.  É claro que dá para faze-lo todo pelas carreteras (estradas), mas perde-se muito do seu encanto. Encontrei muitos bikers no aslfalto com essas bikes, pois em certos trechos fica impossível passar com elas, somente empurrando, então tem que ir para o asfalto, mas tem bike de todo tipo, desde reclinadas e tandens até monociclos fazendo o caminho!, mas o ideal mesmo é uma boa e confiável MTB com suspensão, pelo menos uma dianteira.

O custo total não tive a curiosidade de levantar, mas posso adiantar, é baixo, não é necessário nenhum grande esforço ou "paitrocínio" para fazer: como disse em outro post, é uma espécie de turismo muito barato, exceção seja feita ao transporte aéreo+seguro-saúde, que ficam em média 3100,00 reais e que podem ser financiados em até 10X.

Em euros, gasta-se (média) 10,00 para a ceia, outros 10,00 para dormir, uns 20,00 para as cañas (cervejas) do dia, talvez uns 10,00 para desjejum e beliscar alguma coisa durante o pedal, dá uma média de 50,00 euros/dia, tem gente que faz com menos de 30,00 (cozinhar o próprio rango diariamente nos albergues, aí fica muito mais barato, além de optar pelos bons e baratos vinhos espanhóis, em detrimento das cervejas que são mais caras, que variam de 1,50 a 2,50 euros pela long neck ou pelo chopp, podendo chegar até a 4,00).
 

Se vc comentou sobre isso eu não achei ... Sobre sua bike, vc levou eu alugou por lá? ... como foi o transporte?

Lyrajl escreveu: Se vc comentou sobre isso eu não achei ... Sobre sua bike, vc levou eu alugou por lá? ... como foi o transporte? Parabéns pela sua viagem e pela reportagem que foi ótima ... Um abraço,

Obrigado, Lyrajl. Comentei sim aí para cima, respondendo a um questionamento do Paulo H: levei a bike daqui, mesmo sabendo que existe serviço de aluguel de bikes por lá: você retira na cidade de partida, por exemplo em Pamplona e devolve em Santiago de Compostella; são bikes básicas. Preferi levar um equipo ao qual eu já estivesse acostumado. Agora, é um stress fazer isso, viu: apesar de estar bem acondicionada no Mala-bike, você se preocupa com possíveis danos causados pelo transporte e/ou manuseio; se preocupa com extravio em aeroportos, coisa que não é incomum; se stressa tendo que carregar uma bagagem enorme em locais onde não há carrinhos como nos aeroportos, descendo escada-rolante por exemplo, ou entrando em banheiros; Por sorte, correu tudo bem com a bike, apenas algumas marcas e cortes no mala-bike; tive um perrengue grande no aeroporto de Madri, na volta, por erro da própria Ibéria (e a gente acha que incompetencia e overbooking é só no Brasil), mas isso é assunto para outro post.


Editado por carlos_henriquefj - 18 Mar 2011 as 17:19

mariozitow escreveu: Belas imagens! Pretendo fazer um passeio de longa distancia tipo esse algum dia, abraçõs!

Obrigado, mariozitow. Tenho fé que conseguirá!

PauloH escreveu: Você fez o caminho francês entretanto optou pelo aeroporto de Madrid, não teria sido melhor Paris? Houve algum motivo econômico ou de maiores facilidades logísticas na opção pela Espanha? Passe mais esta dica para nós. Abçs, PauloH

Oi Paulo,

Há mesmo muito de logística nisso: embora o caminho seja o francês, a facilidade de chegar até Saint Jean por Paris não é a mesma partindo de Pamplona, por conseguinte, dentro da Espanha. Além disso, o desembarque em um país estranho (foi minha primeira viagem internacional) é mais "amigável" quando se fala algo próximo da língua nativa; meu francês está desatualizado há quase 40 anos, não me sentiria seguro jamais em Paris precisando usar apenas o inglês, que não é lá essas coisas também não.

Para conhecimento: Existe(m) tramo(s) que passa(m) por Paris, inclusive há as famosas setas amarelas marcando o passo do peregrino dentro daquela cidade. Pode-se percorrrer o Caminho Holandês por exemplo, a partir de Utrecht, com passagem pela capital francesa, assim como diversos outros caminhos; não existe uma regra  como "aqui começa o Caminho de Santiago", nem como ele acaba: isso depende de cada um; diz-se que o Camino começa quando você se decide a fazê-lo: a partir disso, já será um peregrino, e nunca terminará sua procura pela conclusão do projeto, obtendo ou não sua Compostelana.



Editado por carlos_henriquefj - 19 Mar 2011 as 23:25

marcorn escreveu: Carlos, voce foi pela Ibéria? Teve de pagar os 75 euros por levar a bike e na volta mais 75 euros como está escrito no site deles? O que aconteceu no aeroporto de Madrid na sua volta? A PF não empombou com a bike quando desembarcou no Brasil?

Fui sim de Ibéria. Já saí daqui sabendo da taxa de 75 euros cobrada por trecho, mas em São Paulo embarquei sem que me cobrassem. Antes de sair do Brasil, fui até o posto da RF no aeroporto de Guarulhos e lá retirei um documento que atestava que a bike estava voltando para o Brasil. É a extinta DST, ou Declaração de Saída Temporária de Bens; agora é preciso levar a nota fiscal da bike (ou de qualquer outro bem) ou poderá ter problemas com a RF no retorno.

Cara, o perrengue no aeroporto foi brabo: viajei de Santiago a Madri de ônibus, a noite toda. A idéia era ficar cansado e conseguir dormir um pouco no vôo. Cheguei ao Aeroporto amanhecendo e o meu vôo seria às 12:25 com destino ao RJ. A Ibéria abriu o check-in com menos de duas horas para o embarque, e até despachar a bike foi uma luta: primeiro, só tinha duas pessoas nos guichês para atender a todos os quase 300 passageiros daquele vôo, e um desses atendentes saiu para almoçar exatamente às 12:00!, ficando apenas uma mulher. Ao pesar minha bagagem (mala-bike) ela percebeu que se tratava de uma bicicleta e me mandou ir até um balcão onde deveria recolher a tal taxa de 75 euros, tudo bem, acontece que esse balcão fica a uns 500 metros da área de embarque, as pessoas que atendiam lá nem sabiam como cobrar a taxa, o tempo estava passando, já chamavam o meu vôo pelo auto-falante, isso coisa de 20 minutos para a decolagem. Enfim, consegui pagar e corri para a área de embarque, mas a bici tinha que ser despachada em outro local, foi um desespero, um corre-corre medonho. Por fim, uma funcionária da Ibéria ligou para a pista e informou que o vôo para o Rio deveria esperar um passageiro que estava descendo e havia uma bicicleta para ser embarcada. Eu já pressentira problemas logo na fila do check-in: um funcionário da companhia abordava todos os passageiros da fila e oferecia 300 euros + hotel para quem se dispusesse a embarcar no dia seguinte: ou seja, o clássico overbooking. Recusei, é óbvio.

Quando entrei no avião, todos os passageiros já estavam acomodados e suas bagagens de mão também. Não consegui guardar minha mochila, que precisou viajar debaixo das minhas pernas até aqui, um suplício. Ah, um detalhe: este avião tem uma câmera em cima do leme (não sei como se chama aquilo, seria isso mesmo?) que é ligada no momento da decolagem e da aterrisagem. O avião já estava em manobra, quando foi parado, um carrinho veio pela pista e o que estava lá dentro? meu mala-bike. Tiveram que abrir o compartimento de cargas, retirar algumas malas, colocar a bike e novamente reorganizar  as bagagens; isso levou quase meia hora. Dei uma gargalhada vendo aquela cena e depois expliquei para o passageiro do lado o que se passava, antes que ele me achasse doido!

rafa72 escreveu: E Carlos, pq não quiseste ficar mais um ou dois dias, afinal, hotel mais 300tão não é de se recusar...e a PF fotografa a bike, tipo assim, se chegasse lá e colocasse umas rodas top e vendesse as tuas lá, seria possível?

A mão coçou, mas era dia 5 de outubro, aniversário da minha filha caçula.

Não, a PF não fotografa a bike, o que eles fazem é retirar a bike da mala, anotar o número de série e relacionar os grupos (o fiscal sabe identificar as peças). Se tivesse mais tempo para ficar lá, faria exatamente isso: tiraria a suspa e enviaria para o Brasil via correios, assim como as rodas, e compraria novas peças, bem top. Acho que com a revenda disso aqui eu pagaria minha viagem e ainda sobrava grana para uns up's.

Parabéns... ainda irei realizar esse sonho também!!!

também tenho esse sonho.. por enquanto algo no "mercado nacional"

maurici escreveu: Com certeza... minha esposa precisa treinar durante uns 12~18 meses antes de ir, ela está iniciando no ciclismo agora.... onde rolou os trechos com mais subida? As subidas são desanimantes para ela. Adorei as fotos.... dá até pra montar um livro heim.   Baitabraço

Editado por carlos_henriquefj - 16 Ago 2011 as 18:02

Então vai sobrar pra eu empurrar 2 bikes kkkk

Excelentes as tuas fotos e em grande quantidade! Parabéns.
Fiz o caminho duas veses, a pé, em set/out de 2006 e maio/jun de 2007.
Em outubro de 2007 ainda voltei lá, mas como turista e acompanhado de minha esposa que não curte caminhadas ou pedaladas.
Eu até comecei a me preparar para fazer o caminho de bicicleta mas acabei resolvendo fazer da maneira tradicional mesmo.
Uma observação: as fotos que antecederam Foncebadon, você nomeou como sendo Rabé de las Calçadas mas na realidade seria Rabanal del Camino.
No mais o teu álbum está excelente. Quando puder acrescente a narrativa.
Um grande abraço.

Armando Jorge
Niterói-RJ

Carlos,