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Entrevista - Théo Duarte - Chaoyang Brasil Enduro Series

Batemos um papo com Théo Duarte, responsável pelo Brasil Enduro Series. Durante nossa conversa, ele falou do passado, do presente e, como não poderia deixar de ser, do futuro da competição. Confira.

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Pedal: Vamos começar pelo começo. Quando e como surgiu o BES ?
Théo Duarte: O BES surgiu em setembro de 2013, durante um jantar entre amigos, quando um dos fundadores do BES, o Dalcio, sugeriu que fizéssemos uma competição de Enduro, aproveitando o momento de nascimento da “Enduro World Series”, para implantar no Brasil o mesmo tipo de competição. Isso, na sua opinião, provocaria o crescimento do mercado, movimentando a cena de mountain bike mais voltada para a gravidade. Gostamos da idéia e logo partimos para fazer o projeto. Fomos bater na porta de marcas do segmento, conseguindo vender o projeto. Começamos assim nossa jornada.

Pedal: Enduro vive um bom momento no mundo e também no Brasil. Que futuro você vê para essa modalidade ?
Théo Duarte: As competições de Enduro estão em crescimento no Brasil e no mundo. A modalidade traz valores fortes que vão além da competição - como aventura, camaradagem, possiblidade de conhecer lugares legais e união dos fatores físicos e técnicos que um biker deve ter. Isso é mountain bike na essência. Por isso é muito fácil se encantar com a modalidade. O biker que curte andar de bike, se divertir na descida, mas quer se expor menos aos riscos do que em uma competição de downhill e não quer ter que virar um atleta com horas e horas de treino físico, vai conseguir participar de uma prova e voltar pra casa realizado e cheio de histórias pra contar.

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Pedro Cury: Foto: Rodrigo Philipps

Pedal: Com base nisso , como está o BES no início de mais uma temporada ?
Théo Duarte: Estamos no quarto ano realizando provas de enduro e temos crescido a cada ano. Em 2016, um péssimo ano para economia de forma geral, crescemos 15% em número de inscritos, estreamos duas novas locações e evoluímos muito como evento. Temos uma equipe top que, em sua maioria, está conosco desde o início, além de colaboradores nas cidades-sede que ajudam muito.

Essa equipe é o que faz o BES. Em termos de produção, conseguimos alcançar uma boa performance, o que nos permite agora focar em detalhes e fazer mudanças e adaptações ao gosto do endureiros.

Em 2017 teremos um grande desafio ao lidar com mais um ano complicado na economia. A diminuição de investimento atinge todos e por isso teremos de ser ainda mais criativos e assertivos em nossas ações e em nosso trabalho.



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Pedal: Além das séries existentes, outras estão entrando no circuito, além de algumas competições “open” . Em países como a Inglaterra, o excesso de provas fez com que alguns eventos não tivessem continuidade. Você considera isso um risco por aqui ?
Théo Duarte: Não vejo dessa forma. Gosto de fazer uma analogia: quando a maré sobe, todos que estão na superfície sobem também. Ou seja, se o movimento aumentar, todos se beneficiarão. Temos uma forma de trabalhar e oferecer nossos eventos que é singular. Nosso propósito não é fazer um evento por fazer, somente pra gerar volume de atletas ou algo parecido.

Queremos, sim, aumentar o número de praticantes, oferecendo uma prova completa com diversos quesitos. Somos bikers de longa data, com muita experiência. Ao organizar a competição, pensamos em cada detalhe. Para isso trabalhamos com uma equipe que, apesar de pequena, é super profissional e bem entrosada, que busca entregar o que nos propomos, com alto nível. Todos os envolvidos são amantes da bike de alguma forma e hoje são grandes amigos.

Existe espaço para várias competições . Quanto mais endureiros no cenário, mais apoio teremos da indústria e mais retorno para os patrocinadores. Assim poderemos crescer e evoluir ainda mais em nossos eventos. É um “ganha-ganha”.


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Foto: Ximiti

Pedal: Muito se fala sobre o estilo das pistas e também o balanço certo entre físico e técnico. Algumas pistas do BES sofrem críticas com relação ao perfil de estágios cronometrados e deslocamentos longos. Como você encara essas críticas e qual sua opinião sobre o assunto ?
Théo Duarte: Eu acho que, para falar de pistas, temos antes que falar de algumas coisas:

1) um evento não é feito somente com pistas. Nossa proposta é oferecer o pacote completo, que traga benefícios para os pilotos, suas famílias que os acompanham, segurança para os atletas, garantia para donos de terras e fazendas que nos autorizam a utilizar suas propriedades, retorno para patrocinadores.

Além disso, precisamos de proximidade com hospitais, acesso para equipes de resgate, restaurantes e hotéis que atendam. E encaixar isso a nosso orçamento. É claro que nunca conseguimos atingir todas essas características, mas nossa intenção é sempre chegar perto de um equilíbrio.

2) Locação: sempre buscamos locações diferentes, cidades charmosas e de acesso relativamente fácil. Fazemos nossas pistas dentro deste conceito e procuramos sempre equilibrar os vários aspectos de uma competição de Enduro. Temos uma forte crença que as pistas também devem ser acessíveis a iniciantes.

Em 2016, começamos a mudar um pouco o perfil das pistas por pedido dos pilotos e entendemos que o nível técnico geral já é melhor, após dois anos de nossas provas. A idéia é continuar a aplicar essa evolução e respeitar o feedback dos participantes.

Não estamos aqui para definir o que é o “Enduro de verdade” por conta de pistas ou trilhas. Fazer isso inibe uma característica essencial do enduro - o fato de ser uma modalidade muito democrática. O Enduro é muito abrangente e essa é a essência do mountain bike. Cada um curte coisas diferentes.

Há quem goste de uma pista casca grossa. Outros preferem uma pista mais fácil. Pode ser curtinha, pode ser longa. Difícil ou moleza. No final das contas o mais legal do enduro é a oportunidade de aproveitar o mountain bike, mesmo que seja competitivamente.


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Pedro Cury: Foto: Rodrigo Philipps

Pedal: Qual perfil de pilotos que o BES quer atingir e o que a organização quer realizar a médio-longo prazo ?
Théo Duarte: Queremos fomentar a modalidade e dar oportunidade de todos se divertirem. Aumentar o nível técnico das pistas é algo que estamos aplicando aos poucos.

Já tivemos etapas muito técnicas, outras menos. A curto prazo conseguiremos aliar muito bem as duas vertentes. Mas é importante se entender que Enduro é Enduro. Não é downhill. Não é cross-country. Cada piloto tende para o lado que mais gosta e isso nos traz um desafio em agradar a maioria. Queremos atingir o máximo de pilotos, de todas as vertentes.


Pedal: Por que não fazer não fazer mais estágios e pistas mais longas?
Théo Duarte: Até o momento, conseguíamos entregar três, no máximo quatro estágios, com segurança e qualidade. Com diferentes dinâmicas de prova e formatos, porém, poderemos já esse ano aumentar o número de estágios, por exemplo.

Temos visto alguma polêmica com relação a “pré treino” de pilotos em lugares que são sedes de etapas do EWS. Existe até um hashtag do movimento que é #freeridenotpreride, ou seja “andar livre, não treinar anteriormente”. Sabe-se que essa situação também é recorrente no Brasil. Como vocês tratam esse tema?

Théo Duarte: Tenho visto um movimento contra o “pré-treino”. Aqui no Brasil, apesar da maioria ser contra o pré treino, muitos se aproveitariam da vantagem de treinar antecipadamente. E alguns até fazem isso. Nós tentamos fazer o máximo em nosso alcance para que as pistas sejam surpresa e não sejam divulgadas com antecedência. Em muitos lugares, porém, as trilhas já existem há muitos anos.

Não podemos impedir que sejam conhecidas dos bikers locais. Mas evitamos ao máximo compartilhar nossos planos e idéias de circuito. Essa é uma questão de muita controvérsia. Por vezes sofremos pressão de atletas que acham que um ou outro atleta é beneficiado e que deveríamos fazer diferente. Acho que o modelo que aplicamos é o mais próximo do ideal e estamos totalmente abertos a sugestões criativas e eficazes que resolvam esse tópico.


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Pedro Cury: Foto: Rodrigo Philipps

Pedal: Você acha que o BES deixa de punir alguns atletas que não seguem as regras ?
Théo Duarte: Negativo. Procuramos seguir as regras. Não estamos aqui para fazer papel de polícia nem estamos interessados em punir as pessoas. As regras são feitas para que a coisa funcione.

Procuramos ser sensatos. Sabemos que existem atletas que escondem comida, pegam caminhos mais curtos em deslocamentos, cortam caminho na pista...Isso vai contra o que acreditamos ser honesto e, quando o presenciamos, procuramos punir. Mas não dá pra colocar fiscal em todos os lugares vigiando tudo e todos.

Temos procurado trabalhar evitando as situações em que poderíamos ter algum problema, colocando staff até escondido em alguns locais estratégicos. É uma pena que nem todos tenham a educação e o caráter necessário pra curtir a prova em igual condição.

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Foto: Ximiti

Pedal: Na sua opinião , qual o melhor atleta do Brasil atualmente e quem irá despontar nesses próximos anos? Temos chances de colocar atletas entre os top do mundo ?
Théo Duarte: O Bretas (André) sem dúvida é o atleta mais forte e ao mesmo tempo o mais promissor, por seu empenho nos treinos e resultados. E apesar de toda a questão que envolve as pistas e o equilíbrio entre técnico e físico, Bretas tem o background do downhill. Mas, como em qualquer esporte, para andar na ponta tem que treinar. E para ser o melhor do Brasil e figura frequente entre os 50 melhores do mundo, tem que treinar muiiiiito!

Outro atleta que está tendo uma evolução incrível e já provou também que anda bem em provas técnicas e provas físicas é o Evandro Soldati.


Pedal: E agora, a pergunta que não quer calar: quais são as novidade do BES para 2017 ?

Théo Duarte: 2017 será um ano de desafios. Já estamos com o pré calendário pronto, fechamos nosso patrocinador master- Chaoyang Tires, que renovou para esse ano - e ainda estamos em negociações para fechar mais patrocínios e apoios. Teremos novas locações, formatos de prova diferente e seremos uma etapa classificatória para o mundial de enduro, o Enduro World Series, entre outras coisinhas...


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