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Entrevista - Rosinha, de cobrador de ônibus a campeão brasileiro de MTB

Você conhece o Atleta Edicarlos Oliveira da Silva? Provavelmente não por esse nome, porém se o nome Rosinha lhe soar familiar é dele que estamos falando.

Em homenagem ao aniversário do Rosinha que aconteceu no começo deste mês, o Pedal posta um bate papo descontraído que tivemos com ele em sua oficina de bicicletas localizada no Bairro Ipanema em Belo Horizonte, MG.

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Rosinha nos contou sobre sua trajetória no Mountain Bike e o porquê de utilizar a cor rosa em suas bicicletas e uniformes. Ele destaca que o apoio recebido de suas amizades foi fundamental para chegar aonde está hoje e como era trabalhar de trocador de ônibus e pedalar profissionalmente.

De origem humilde sua história inicia-se no município de Pedra Azul, região norte do estado de Minas Gerais. Lá ele trabalhou por muitos anos como agricultor e ajudante de pedreiro.

Pedal: Rosinha, como foi o começo de tudo?
Rosinha: Meu dia começava cedo, às 4 ou 5 horas já estava no curral tirando leite e em seguida ia cortar cana para fabricar cachaça, variava muito os serviços que iam de capinar ou roçar cana a ajudante de pedreiro. Só tinha esse tipo de serviço na época e trabalhei por muitos anos assim. Foi uma época sofrida.

Já meu primeiro contato com o Mountain Bike foi em 1999 através de meu maior amigo Dalton Souza, pedalávamos juntos e o Dalton foi o maior incentivador na cidade de Pedra Azul. Se não fosse por ele eu não estaria na batalha até hoje.

Tive um início difícil no MTB, minha primeira bicicleta de competição era uma Barra Circular com peso mínimo de 17kg, era sem marcha como as bicicletas fixas. Meus treinos eram sem incentivo de treinador e começavam logo após uma puxada jornada de trabalho de pelo menos 13 horas, tudo isso na raça.


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Brou e Rosinha no Brasil Ride

Pedal: Como foi sua evolução no esporte?
Rosinha: Comecei a evoluir no esporte após me mudar para Belo Horizonte, lá conheci meus incentivadores Carla e Geraldo Elísio, os dois me davam apoio para que eu pudesse ir nas corridas iniciais e com o patrocínio deles estreie em uma prova de alto nível, o Iron Biker em 2001.

Conforme o tempo passou fui participando de mais provas em Minas Gerais e me profissionalizando aos poucos e com muita dificuldade. Passei a adquirir e manter equipamentos de qualidade com muito esforço.


De trocador de ônibus a Campeão Brasileiro Sub 35 - 2012

Pedal: Você trabalhava de trocador de ônibus e competia tendo significativos resultados. Como era conciliar trabalho, treinos e competições?
Rosinha: Essa era a parte onde eu tinha maior incentivo da empresa, quando entrei na viação Fênix tive muito apoio da diretora Carla Papini e da Fabiana.

A viação sempre me incentivou a estar disposto para participar das provas e a gerencia programava minhas escalas conforme calendário de competição. Então eu treinava de madrugada e depois ia trabalhar, ou então fazia um lanche dentro do ônibus e após meu turno saia direto para os treinos. Foram 6 anos e 7 meses nessa rotina, uma grande experiência e satisfação na minha vida.


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Rosinha na Copa dos Inconfidentes

Pedal: Hoje você possui uma oficina de bicicleta, nos conte sobre o caminho que você percorreu até chegar até aqui.
Rosinha: Sai da Viação para ser acompanhante de meninas para pedalar, cobrava um valor fixo mensal e fazia acompanhamento dos grupos de pedais femininos afim de obter uma renda. Era muito cansativo, pois além de fazer o acompanhamento delas eu ainda tinha de treinar.

Havia dias que eu rodava 200km por exemplo, era muito treino e pouca recuperação. Fiquei assim por quatro anos e quando estava cada vez mais difícil pensei em voltar a trabalhar de trocador de ônibus. Foi então que recebi apoio dos amigos Júnior da Milene Engenharia, Fernanda Amaral e do Thiago Brou para montar minha oficina.

Dê início tive de conquistar os clientes, conforme os trabalhos eram realizados fui ganhando marketing através da boca a boca, assim fui garantindo minha clientela e mantenho meus clientes até hoje fora os novos que chegam.


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Rosinha no lugar mais alto do pódio

Pedal: Quanto a ser campeão brasileiro sub 35?
Rosinha: Fui campeão Brasileiro de MTB na Categoria Master 30, conhecida também como Sub 35. A prova foi realizada em Salvador e o Guiné do Pedal elaborou a pista, ele fez um ótimo trabalho.

No dia do evento caiu um toró mudando tudo na pista, quem tivesse mais habilidade, força e coragem de pedalar na chuva levaria essa. Nisso entrou minha parte técnica de chuva, situação da qual ando muito bem. Isso me favoreceu bastante na busca peço título, ainda por cima fui o atleta de volta mais rápida no circuito, me considero um campeão.

Outra prova que destaco foi meu vice-campeonato Brasileiro sub 35 em Juiz de Fora, foi uma Super Pista e mesmo com esse resultado me considero um campeão, desta vez devido as dificuldades de quase não ter ido na prova, então com apoio de amigos e da Federação Mineira de Ciclismo consegui me inscrever e participar do evento, também me considero um campeão por esse motivo.


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Pedal: Seu famoso apelido é Rosinha, como ele surgiu e porquê você optou por essa cor em seu uniforme e bicicletas?
Rosinha: Isso foi no final de 2004, meu colega Thiago Parreira me vendeu a bike de sua esposa, era uma Schwinn Moab Rosa. Fizemos essa negociação porque eu precisava de uma bike melhor e então passei a andar com quadro rosa.

No começo eu era bem zoado pelos outros atletas, ainda mais quando cheguei na largada do Iron Biker 2005 com essa bike rosa. Me colocavam apelidos, me chamavam de viadinho por andar com quadro rosa, diziam que era coisa de Mulher.

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Hoje em dia não sou apenas eu quem usa Rosa, muita gente passou a usar rosa desde então, ainda mais pelo crescimento do número de mulheres adeptas ao mountain bike. Os equipamentos rosas evoluíram bastante e creio haver uma pitada minha nesse caso.


Pedal: Quais dicas você deixa para quem está começando hoje no esporte e pretende crescer profissionalmente?
Rosinha: Muita gente me pede incentivo e perguntam o que devem fazer para obter bons resultados. Se você quer resultado tem de ter calma e paciência com seu crescimento.

Tudo começa de leve e de acordo com as instruções das pessoas. Assim você vai evoluindo, recomendo também a busca por um treinador, desta maneira seus treinos serão mais profissionais. Eu treino a 12 anos com o Júlio Cesar e minha vida profissional evoluiu muito a partir do acompanhamento dele.

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Campeão Brasileiro de XCO

Conte também com apoio de parentes e amigos, eles são fundamentais. Devo minha trajetória no mountain bike ao incentivo das diversas pessoas que conheci pelo caminho, em especial ao Dalton de Pedra Azul, a Carla Papini, Fabiana, Fernanda Amaral, Júnior, Brou e muitas outras.

Cada um pode te ajudar de uma maneira, no exemplo da minha namorada Alexa, ela me emprestava milhas de viagens para eu poder completar meu ciclo de competições, assim terminei o Ranking Brasileiro de MTB em 6° lugar no ano de 2014.


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Rosinha é um dos atletas mais conhecidos do Mountain Bike Brasileiro, seu uniforme Rosa é bastante famoso e diversos atletas utilizam seu modelo nas provas e treinos. Por onde ele passa chama a atenção e é bem comum velo dar entrevistas para os meios de mídia.

Ele é atual Campeão Mineiro do Ranking XCO e XCM 2016 na Categoria Master e coleciona troféus e medalhas em diversas competições pelo país. Destacamos também que ele já foi campeão do Iron Biker junto a seu parceiro Thiago (Brou Bruto) e é figura garantida nos eventos Brasil Ride e CI MTB.

Para saber mais sobre a trajetória do atleta Rosinha acesse seu site pessoal http://www.rosinhaxco.com.br/


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