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Entrevista - Letícia Cândido, atleta da equipe Audax FSA

Conversamos com Letícia Cândido, atleta da Audax FSA. Confira mais detalhes sobre sua história e carreira

Nascida em 1991, a mineira Letícia Cândido, natural de Sarzedo, é uma das maiores expoentes do MTB nacional dos últimos tempos. Com 27 anos, sendo a maior parte deles vividos em Belo Horizonte, a atleta coleciona importantes títulos e resultados. Durante o Festival Bike Brasil 2018, tivemos a oportunidade de conversar com a atleta, papo que resultou na matéria a seguir.

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    Pedro Cury

Vida de atleta

Como todos sabem, vida de atleta não é fácil. No caso de Letícia, os treinos na bike e de musculação ainda precisam ser intercalados com a faculdade de Educação Física. Assim como muitos outros brasileiros, Letícia descobriu a vocação para o esporte já na adolescência.

"Conheci o MTB mais ou menos em 2005, quando tinha 14 anos, por meio do meu irmão. Ele pegava minha bike escondido e chegava em casa com ela toda suja. Eu brigava, mas no fundo imaginava que ele devia ter ido em um lugar muito legal, já que a bike voltava toda suja", revelou.

"No mesmo ano fui ver ele correr uma prova e fiquei admirada. Aí montamos uma bike para mim, mas acabei usando ela poucas vezes. Em 2010 decidi voltar aos pedais para emagrecer e quando alguns amigos me contaram sobre a CIMTB, fiquei instigada. Imaginei que se me esforçasse perderia peso mais rápido e este foi o ponta pé inicial", contou Letícia.

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    Divulgação

Logo em sua primeira prova e apesar de ter estragado a bicicleta, a ciclista ficou apaixonada pelo esporte, mantendo a vontade de progredir como sua grande mola impulsora. "Comecei a colocar objetivos para enfrentar os próximos desafios e fiz duas provas amadoras antes de me filiar para correr na Sub-23", afirmou.

De onde vem os resultados?

Apesar da empolgação, a vida de Letícia no esporte começou de maneira branda, sem os grandes resultados esperados pela atleta. Por isso, em 2015, ela passou por uma fase de desânimo. Segundo ela, o segredo para progredir foi a mudança de mentalidade.

"No início de 2015 desanimei do MTB, pois não conseguia resultados expressivos da forma que gostaria. Porém, antes de terminar a temporada, coloquei uma meta de 2 anos para mim mesma. Ou eu teria resultados expressivos ou o MTB seria só lazer. Treinar dói, é um trabalho árduo e diário", afirmou.

Segundo ela, até recuperar-se de um treino pesado pode ser doloroso, principalmente quando é preciso entrar em uma banheira de gelo em um dia frio ou nas duras seções de massagem quando os músculos precisam de uma pegada mais firme para relaxar.

"Após colocar este objetivo mudei muitas coisas em minha rotina e com isso os resultados apareceram. Utilizei da bagagem que já tinha, mas também percebi que tinha muitas coisas para aprender. Então, com todo este trajeto me sinto orgulhosa, já que o trabalho tem dado certo", explicou.

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    Pedro Cury

A atleta nos contou que sua rotina de treinos na bike começam pela manhã, com retorno marcado para a hora do almoço. Em dias de musculação, o treino é feito a tarde, antes de ir para a faculdade. Ela ainda explicou que, quando sente-se muito cansada, o treino de bike pode ir para a tarde, aumentando seu tempo de recuperação.

Além da mudança de mentalidade, Letícia agora segue os treinamentos propostos pelo colombiano Hector Perez. "Comecei com ele no fim do ano passado e vejo que tenho conseguido manter um ritmo muito bom neste ano", afirmou.

Hoje, Letícia coleciona títulos importantes como a vitória no Brasil Ride em 2016, na Copa Internacional em 2017, Maratona Internacional em Ouro Branco em 2018, além de dois títulos no Iron Bikes, vitórias de etapa na Taça Brasil e muitos outros. De quebra, ela ainda lidera o Ranking Brasileiro de XCO e de XCM em 2018, a Copa Internacional de MTB e é vice líder no Ranking da UCI, resultados que enchem a atleta de orgulho.

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    Divulgação

Treinos, bikes e equipamentos

Uma das vantagens de ser atleta de uma equipe grande é a boa disponibilidade de equipamentos para treinar e competir. "Tenho 4 bikes, trabalho muito com as mountain bikes full e hardtail, porém dependendo da semana a speed toma o lugar. Tenho também uma All-Mountain, a Audax FS-800, que utilizo em dias tranquilos de treinos ou fim de tarde para explorar um pouco mais os limites nas curvas e descidas técnicas", explicou Letícia.

Além disso, ela conta com um equipamento que só agora está se popularizando entre ciclistas no Brasil, o medidor de potência - algo não muito comum até pouco tempo, principalmente no mountain biking. "Já estou utilizando ele na speed e na MTB. Os parâmetros são muito reais e tenho conseguido uma melhor consciência da força e velocidade" explicou.

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    Divulgação

Aparentemente, Letícia já percebeu o quanto as novas tecnologias podem ajudar, revelando uma certa preferência pelas bikes full. "Elas tomaram seu lugar e estão muito próximas das rígidas em relação ao peso. Percebo uma melhora de desempenho em alguns circuitos, principalmente por terem mais conforto e margem de erro. Com isso da para arriscar mais nas descidas técnicas, o que eu acho perfeito. Percebo também vantagens de rendimento no final de provas longas, principalmente graças ao conforto", disse.

Mesmo assim, ela sabe que, em algumas situações, a "rabo duro" ainda pode ser a melhor ferramenta. "Em provas com muitas retomadas e subidas duras vou de hardtail. Deixo a full para quando tem menos subidas e sei que vou conseguir manter a bike embalada", complementou.

O canote retrátil também está na lista de ferramentas de Letícia. Seu uso fica mais para maratonas com descidas longas e técnicas e provas de XCO que requerem um espaço extra para ganhar velocidade e segurança em curvas e descidas complicadas.

Próximos passos

Com resultados importantes conquistados em território nacional, Letícia Cândido sonha com um objetivo bem definido em sua mente - a segunda vaga para as Olimpíadas Tóquio 2020. "Acredito na segunda vaga olímpica e não vou desistir até que chegue o último dia", afirmou.

Segundo ela, porém, ainda faltam alguns detalhes para que os atletas brasileiros consigam competir em condições de maior igualdade com os internacionais, sendo a falta de experiência em provas o maior obstáculo.

"Atualmente as duas atletas brasileiras que mais se destacam são as que estão vivenciando mais experiências internacionais. Então creio que o que falta realmente é esse detalhe", finalizou.

Para mais informações, acompanhe a Letícia pelo Facebook ou no Instagram. Acesse também o site oficial da Audax Bike.


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