MENU

Entrevista com Márcio Ravelli

O Monstro Mestre

Márcio Ravelli nasceu em Itu, interior de SP no dia 27 de fevereiro de 1972. Conhecido entre os amigos por Beregué começou a pedalar em 1978, quando seus pais lhe deram uma bike aro 16 e com oito anos já estava competindo, “agradeço muito aos meus pais por isso”, diz. O apoio da família foi fundamental. Aos oito anos, começou a competir no BMX, mas nada sério, o que queria mesmo era curtir, mas já impressionava pela habilidade e domínio. Seu forte era o Freestyle , no entanto, desde aquela época, ele e seus amigos já praticavam o que chamam hoje de urban assalt, dropando escadas, dando wall ride (algo como andar na parede) entre outras manobras.

Foi em 1991, aos 19 anos que Ravelli iniciou no MTB, na modalidade cross country, também conhecida como XC. Ele não gostava muito daquelas bikes grandonas com marcha, achava que seria impossível realizar as manobras que fazia com sua aro 20. Hoje é uma referência na elite do ciclismo nacional e mostra que não só consegue fazer as tais manobras como aperfeiçoou sua técnica, se destacando também no cenário do freeride e DH.

É piloto da Scott há seis anos, compete com os melhores equipamentos da atualidade, mas nem sempre foi assim. Em suas primeiras competições utilizava uma mountain bike da Caloi de 15 marchas, toda remendada, “no começo eu fazia a minha, já utilizei até solda caseira, pois toda semana minha bike rachava ao meio, era muito fraca e não tinha dinheiro pra comprar uma top igual à hoje”, lembra Ravelli. Com a bike montada por ele mesmo, que pesava quase 15 kg, Ravelli ganhou todas as provas que disputou naquele ano se tornando Campeão Brasileiro e se ingressando definitivamente no MTB.

A partir daí começou a despertar interesse em fabricantes de bikes e equipamentos, foi quando aconteceram os primeiros patrocínios. Já foi piloto da Caloi e da KHS. Para a temporada de 2005 o novo brinquedinho será a Scott Genius de fibra de carbono. “Minha bike é uma das mais top do mercado mundial, full suspension, curso traseiro de 95 mm e dianteiro Manitou Skareb 100 mm, quadro em fibra de carbono e balança traseira de scandium, pesa apenas 9,8 kg”.

Perguntamos ao Ravelli se em sua primeira competição já imaginava que seria possível ter tudo o que conquistou até hoje, “imaginava apenas em sonho, mas não imaginava que seria um campeão, sabia que tinha potencial mas achava que seria um trajeto mais longo de percorrer”.

Ravelli é uma pessoa muito competitiva e dedicada, embora leve as competições como uma grande diversão. O número de títulos conquistados mostra o seu diferencial. O título que considera mais importante é o de Campeão Pan-americano de 2002, “um título muito suado”, diz ele.

Em 2004 Ravelli além de competir, esteve por trás de alguns eventos, organizando competições como o GP Márcio Ravelli que aconteceu em Itu no final de agosto. Neste evento, que reuniu mais de 200 atletas, unindo três modalidades XC, dual slalon e freeride, Márcio pode mostrar seu lado freerideiro. “O freeride é muito legal de praticar, você precisa apenas da bike, é claro que muda para uma bike de curso maior (suspensão), mas o interessante é que não precisa se dedicar muito como no cross country. Acho que estamos só começando com o ciclismo, temos muito potencial, principalmente com o cicloturismo e também o freeride e DH que são modalidades que vem crescendo muito no Brasil. Para a evolução do esporte e melhores resultados nas cenas do MTB nacional e internacional o que falta é intercâmbio, esta é a palavra correta, temos que mandar pilotos pra fora e trazer pilotos de fora pra cá”.

Concordamos com o Ravelli e acrescentamos que a participação dele no lançamento da etapa da Copa do Mundo de MTB de 2005, que acontecerá em Santa Catarina em julho foi fundamental, é um grande passo para iniciarmos este intercâmbio. “A copa do mundo está lançada, minha participação será fundamental, pois tenho muita experiência em copa do mundo, já participei de várias e o que precisarem de mim estarei disponível”.

Os planos para 2005 não param por aí, Ravelli estipulou como objetivo conseguir mais um título de campeão Pan-americano de MTB, o décimo título de campeão Brasileiro e um bom resultado na Copa do Mundo, é claro!! Além dos campeonatos, também vem se dedicando ao lado político do esporte. Apoiado pela nova administração pública de sua cidade pretende realizar vários projetos envolvendo o ciclismo, desde competições até projetos educativos e sociais, “estamos realizando um projeto muito legal eu e Cando, um amigo e adepto do mountain bike há anos. Apoiamos o candidato a Prefeito de nossa cidade e então ele ganhou, agora vamos trabalhar juntos com ele para o desenvolvimento da cidade em relação ao ciclismo, estamos em negociações” diz Ravelli.

No dia a dia, Márcio Ravelli é uma pessoa simples, alegre e bem humorada. Quando não está treinando está se dedicando a sua loja (Ravelli Bikes), amigos, filhos e à namorada Tatiana, para a qual deu uma bike de presente e está incentivando-a a praticar o esporte, “a Tatiana é uma pessoa fantástica, não só como pessoa, mas no pedal também, faz só alguns dias que adquiriu uma bike e já está pedalando por todos os lugares, são poucas as pessoas que conseguem isso!!” diz admirado.

Para os iniciantes no MTB, Márcio deixa um recado: “pedale com muita consciência, sempre utilizando equipamentos de segurança, respeitando a natureza e acima de tudo seus próprios limites, esporte é vida, é saúde, mas não se envolvam com drogas e lembrem-se que o ciclismo sempre será o melhor esporte pra se praticar, seja em estrada, terra, pista, etc...” e diz que seu maior sonho é ver o ciclismo brasileiro um dos tops mundiais.

Pedal.com.br pergunta ao Márcio Ravelli:

PEDAL - Qual foi o momento mais marcante na sua vida?
Ravelli - Foi quando conquistei a Cactus Cup aqui no Brasil, ganhando de Andrés Brenes (Costa-Rica).

PEDAL - Melhor momento no esporte?
Ravelli - Conquista da vaga Olímpica de Atlanta.

PEDAL- Decepção no esporte?
Ravelli - Perda da vaga Olímpica em Sidney por problemas mecânicos.

PEDAL - Esquema de treinos e alimentação?
Ravelli - Pedalo quase todo dia, gosto muito do Freeride e down hill, mas a paixão é mesmo o cross country. Alimentação bem balanceada com muita fruta, cereais, vegetais e uma dieta com proteína rigorosa.

PEDAL - Patrocinadores para 2005?
Ravelli - Em 2005 estarei com a SCOTT, MANITOU, FADENP SÃO JOSE DOS CAMPOS e MARCONDES CESAR.

PEDAL - Você tem algum ídolo tanto no ciclismo mundial como alguém no BRA?
Ravelli - Tenho acho Lance Armstrong um cara que superou todos e tudo na vida pra chegar onde está, um exemplo de vida.

PEDAL - Favoritos: Comida, bebida, hobby, música, passatempo?
Ravelli - Strogonoff, sucos, freeride, rock alternativo, ouvir muita música e passear com a galera de Itu.

PEDAL - Qualidade e defeito?
Ravelli - Técnica nas trilhas, humildade e perseverança. Defeito, ser ansioso.

PEDAL - Conte-nos sobre sua loja no geral.
Ravelli - A minha loja, comecei em 2001 com o Cleber, amigo meu aqui de Itu. Ele já tinha uma bicicletaria e então fiz proposta para ele montar junto comigo e então ele aceitou e estamos até hoje, com uma estrutura legal. Apesar de não estar muito na loja, é um trabalho para o futuro, quando estiver parando de pedalar pretendo ficar com a loja e me manter por toda vida. Pra galera que tiver a fim o telefone da loja é (11) 4025-1591, falem com o Marcos ou o Japão, serão bem atendidos!!

PEDAL - O que você acha sobre as "briguinhas" do XC e DH? Referente a galera que faz críticas de ambos os lados.
Ravelli - Acho que isto veio mais do DH, porque o cross foi sempre mais divulgado e organizado que o DH e é uma modalidade olímpica. Acho que existe um pouco de ciúmes por parte do DH, mas isso está acabando, pois ambos estão se dando bem, faço os dois e acho que o DH está muito profissional hoje em dia tanto quanto o cross country.

Curiosidades sobre Márcio Ravelli

Antes de ganhar a vida em cima dos pedais, aos 12 anos, Márcio já trabalhava duro para ajudar no orçamento da família. Já foi entregador de pão e leite, marceneiro e mecânico de motos.

Com 18 anos tentou conciliar o esporte com a música, era vocalista e tecladista de uma banda de rock e pop da cidade. Com o passar do tempo e a necessidade de se dedicar cada vez mais ao MTB, abandonou a música.

Márcio Ravelli já participou de diversas clínicas de MTB, repassando toda sua experiência e técnica para os iniciantes e menos experientes. Uma delas já virou tradição, todos os anos, em comemoração ao aniversário do Bikemagazine, Marcos Adami promove esta clínica ministrada pelo Márcio.

O que os amigos dizem sobre Márcio Ravelli...

Conheci o Beregué, não lembro muito bem a data, só sei que faz bem mais de 15 anos, na época o point era o triângulo de tartarugas (aquelas de trânsito) na praça da matriz, onde rolava o encontro da galera. Toda vez que ele aparecia, ou era um nose weely ou um 180 vindo de costas, também rolava um wall ride na parede do Museu, era curtição garantida!! Um episódio que não me esqueço foi uma trip que fizemos juntos, eu, Beregué, Ricardo Muleke e meu irmão. Saímos de Itu para dar um rolê no shopping de Campinas, lembro que na época para se comprar um Nike tinha que ir para outra cidade. Saímos de lá quase perdendo o último busão, no caminho combinamos de na chegada pegarmos as bikes, nos encontrarmos e darmos um rolê, na última hora meu irmão desistiu, minha mãe tinha ido viajar e aproveitei a oportunidade. Fomos fazer uma trilha que dava uns 40km, com muito single track, trilhas de vaca, tudo isso na madrugada. Minha bike era uma Caloi Big-light aro 24, do Ricardo uma Caloi Pro-light e do Márcio uma Monark de Freestyle, com rotor e pedaleiras. No meio do caminho resolvemos que iríamos dormir por ali mesmo, no meio das pedras, pois a trilha a frente era bem casca, mas o Beregué com seu walk-man, cantarolando o tempo todo não deixou ninguém dormir, seguimos e fomos chegar em casa umas dez horas da manhã. Daí em diante venho acompanhando sua evolução no esporte e pessoalmente até os dias de hoje. Minha admiração pelo Márcio é, principalmente, pela pessoa simples e dedicada que ele é. Com todo o talento e humildade, tudo o que tem até hoje é fruto do esporte que pratica e da paixão com que conduz sua carreira.

Cando.

Bom, sou amigo do Ravelli bem antes dele ser atleta. Já sabíamos que ele era um cara que tinha futuro na bike, pois andávamos o dia todo atrás de bike. Naquela época andávamos de aro 20 em half pipe e freestyle, o qual nossos pais não gostavam muito, mas enfim, a persistência do lado dele e o apoio de sua família fez com que surgisse esse cara que alguns de nós denominamos de "Monstro Mestre", é acho que esse nome diz tudo, acho também que não veremos tão logo um cara com o potencial, técnica, dedicação e respeito à bike como o Ravelli.

Um abraço Pardal...


Com o brilho intenso dos seus olhos, o Ravelli é capaz de sentir toda a verdade daqueles que o cercam.
Uma pessoa extremamente especial, sempre pronta a ajudar, interessada em tudo, aberta a todo tipo de conhecimento, um lutador nato que sabe muito bem onde quer chegar e sempre encontra forças para continuar em frente, alegre , brincalhão . Nos seus gestos e na luz de seu rosto resplandece toda a grandeza de uma alma que abarca os mais diferentes universos e não se fecha a nada de novo. É magnífico estar e trocar, experiências inesquecíveis ao seu lado.

A namorada Tatiana.

Bom galera, acho que não precisamos dizer mais nada!! Com humildade, simplicidade, dedicação e um “dom” que com certeza nosso amigo Ravelli recebeu no dia em que nasceu, chegou onde está!! Um dos pilotos mais completos do Brasil, mostrando habilidade e eficiência em todas as modalidades do ciclismo que vem praticando, seja profissionalmente ou como um hobby.

Feliz 2005 a toda galera do Pedal.com.br e que em 2005 role muito pedal !!!


Títulos:
Campeão Pan Americano 2002
Sul Americano 2002 e 1994
Brasileiro 2003, 2002, 2001, 1999, 1998, 1996, 1995, 1992, 1991
Paulista 2000, 1999, 1995, 1994, 1993, 1992, 1991
Iron Biker 1996, 1995, 1993
Ametur, 2001
Cactus Cup Cross 1996 e 1998
3º Pan Americano 2004
4º jogos Pan Americano 2004 em Mar Del Plata
6º jogos Pan Americano Winnipeg
26º Olimpíadas Atlanta 1996.

Agradecimentos: Cando e sua esposa Laininha, Org do Amigos da Bike e a todos que colaboraram para esta entrevista.

Fotos (6)

foto 0 - Márcio Ravelli Mais Fotos


Comentários

Outras notícias

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando você concorda com a nossa política de privacidade.