Como você viu nesta matéria do Pedal, a UCI acaba de liberar o uso de freio a disco em bicicletas de estrada para todo o pelotão profissional. Isso quer dizer que, a partir de 2016, todas as equipes poderão utilizar a tecnologia em qualquer prova do calendário, incluindo as clássicas de primavera e as grandes voltas.
A Shimano, que patrocina diversas equipes do pelotão profissional e foi uma das pioneiras neste mercado, oferecendo um grupo de estrada com freios hidráulicos ainda em 2014. Além disso, a marca japonesa é responsável pela criação de algumas tecnologias que melhoram o uso de freios a disco em bikes de estrada.
Discos na estrada
Em um primeiro momento, o uso de freios a disco em bicicletas de estrada parece dispensável. Afinal, quem já pedalou uma speed sabe que, na maioria dos casos, as ferraduras são mais do que o suficiente para travar a roda traseira ou jogar o ciclista sobre o guidão ao apertar o dianteiro. Porém, a verdade é que, ao andar com um sistema de discos hidráulicos de alta qualidade em uma bike de estrada, as vantagens tornam-se imediatamente evidentes.
A primeira coisa que se nota é a sensação da alavanca. Nas ferraduras tradicionais, é possível sentir uma certa flexibilidade, causada pelo esticamento dos cabos de aço e pela borracha das sapatas, que acaba cedendo com a pressão. Com os discos, o manete assume uma sensação muito mais sólida.
Além disso, temos a potência de frenagem, que acaba sendo maior com os discos. Diferente dos freios de aro, os discos não perdem potência no molhado - uma dificuldade particularmente grave nos aros de carbono. E por falar em aros de carbono, o uso de discos elimina o problema de superaquecimento e delaminação que podem acontecer com algumas rodas quando submetidas a frenagens fortes e longas.
Outro detalhe é a modulação. Com o uso de discos hidráulicos, controlar a potência de frenagem é uma tarefa bem mais simples. Com isso, é possível reduzir a velocidade com o máximo de segurança, evitando travamentos de roda que podem causar tombos.
Flat Mount
Com este padrão de montagem, desenvolvido em conjunto com diversos fabricantes de bicicleta especialmente para bikes de estrada, é possível criar uma interface mais limpa e sem parafusos de montagem aparentes. Além disso, o alinhamento da pinça também é melhorado, assim como o acesso de ferramentas, especialmente na pinça traseira que fica montada na união do chainstay com o seatstay, com os parafusos de fixação entrando por baixo do chainsatay e não por cima como é de costume.
Na frente, a pinça é presa por parafusos em um adaptador que vai parafusado no garfo. Trocando o tamanho do adaptador, é possível usar discos de diferentes tamanhos. Além disso, a Shimano oferece adaptadores para que as novas pinças Flat Mount possam ser utilizadas em quadros e garfos para discos do padrão convencional, que usam 74mm post/direct mount ou o 51mm ISO.
Rotores
Atualmente, a Shimano oferece o rotor SM-RT99-SS para bicicletas de estrada. O modelo, que utiliza o padrão Center Lock, aposta no conceito Ice-Tech para manter a temperatura mais baixa, aumentando a durabilidade e a segurança. Eles podem ser encontrados nas medidas 140 mm e 160 mm (opcional).
Pinças
Os modelos BR-RS785 e BR-R785 também apostam nas soluções Ice-Tech. Isso quer dizer que os materiais e desenho das pastilhas, pistões, mangueiras e demais componentes foram desenvolvidos para dissipar o calor.
Manetes
A Shimano oferece manetes hidráulicos tanto para sistemas mecânicos como para seus grupos eletrônicos Di2. O manete ST-R785 pesa apenas 498g e é destinado aos usuários de grupos eletrônicos de 11 velocidades. Ele oferece uma ótima ergonomia e ajusta-se a vários tamanhos de mão, permitindo acertos tanto de alcance quando do curso livre do manete.
Já o novo ST-RS685 é destinado aos grupos mecânicos de 11 velocidades. Pesando cerca de 650 g o par, ele tem sistema de sangria simplificado, formato ergonômico e ajuste de alcance do manete em até 10 mm.
Conclusão
Os sistemas de discos para estrada são a solução ideal para quem deseja frenagens consistentes em todas as condições climáticas e reduções de velocidade mais precisas e seguras.
Além disso, esse tipo de mecanismo ainda elimina o problema de delaminação de aros de carbono, bem como a falta de potência de frenagem em situações de chuva.
Porém, assim como foi no Mountain Bike, os freios a disco hidráulicos não vem necessariamente para tomar o lugar dos sistemas de freios tradicionais (ferradura, cantilever). Eles são uma nova tendência de mercado e constituem uma alternativa a mais para os ciclistas. Como qualquer outro componente, oferecem vantagens como as que você observou nesta matéria, e desvantagens como por exemplo, manutenção que requer maiores cuidados e um custo maior que sistemas tradicionais. Porém, é a evolução constante do nosso esporte e que com certeza atenderá às necessidades de um grande número de ciclistas.
Relacionados