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Emplacamento de Bicicletas em SP - Votação é adiada novamente

A Comissão de Trânsito, Transporte, Atividade Econômica, Turismo, Lazer e Gastronomia da Câmara Municipal de São Paulo decidiu adiar novamente a votação do Projeto de Lei do vereador Adilson Amadeu (PTB), que pretende emplacar as bicicletas do município. A sessão ordinária da Comissão aconteceu na quarta-feira, 9 de outubro.

Confira a audiência no Link: http://camarasp.flashserverbr.com/9455

A decisão foi adiada por mais cinco semanas, apesar do vereador Ricardo Young (PPS) ter sido favorável à votação. A expectativa da Comissão é que, com esse novo prazo, Adilson Amadeu se sensibilize e retire o projeto.

Dois cidadãos pediram a palavra: Gabriel di Pierro, da Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo), e um ciclista profissional (atleta) que se apresentou como Vanderlei. Alguns vereadores falaram um pouco sobre a decisão de adiar e deixaram transparecer sua tendência a reprovar o projeto na votação, mas como nada está definido, ele ainda pode ser aprovado. Acompanhe nos vídeos do final desta página.

Vereador manterá projeto e nega diálogo

Durante a sessão, Roberson Miguel, da Ciclocidade, nos contou que tentaram contato com o vereador, que se negou a recebê-los. Ainda assim, decidimos procurá-lo ao final da reunião da Comissão.

O Vá de Bike e o Bike é Legal foram até o gabinete do vereador Adilson Amadeu, para tentar uma entrevista. O objetivo era obter um posicionamento sobre a retirada do projeto e lhe dar voz para expor suas motivações para mantê-lo. Porém, através de sua assessoria, o vereador se negou a nos receber, mesmo deixando claro que estávamos ali como imprensa, não como ciclistas ou cicloativistas.

De forma enfática e bastante áspera, uma assessora exaltada disse que Adilson Amadeu não iria mais conversar com ciclistas, pois havia sido ofendido diversas vezes. A assessora afirmou que os ciclistas, cicloativistas e entidades a eles relacionadas “não representam a sociedade” e que o vereador pretende levar o projeto a votação no plenário, pois “essa é uma casa de debates” e “os 55 vereadores vereadores representam 100% da cidade e são livres para votar com sua consciência”. Perguntamos se não poderíamos gravar esse posicionamento e a resposta foi um enfático não, com a justificativa de que ela não era porta-voz do vereador. “Procurem no Facebook dele, lá está a posição dele. Ele não vai mais discutir, ele não quer mais ser desrespeitado.”

Em resumo, o vereador se fechou ao diálogo, recusando-se até mesmo a atender a imprensa, e divulgou seu posicionamento no Facebook, uma rede social sem caráter oficial.

Reproduzimos abaixo o texto do vereador em sua página na rede social, que pode ser visto aqui. Parece que, por ali, o vereador continua aberto a dialogar – ou melhor, a defender seu posicionamento.

Ciclistas vão a comissão de Trânsito e Transporte pedir a retirada do projeto que trata da licença para bicicletas. Me acusam de ser despachante. Não trato disso, não pedi a criação de IPVA para bikes e nem vou me beneficiar dele. A sociedade civil não é representada apenas por ciclistas. A Câmara é um lugar para debates e ele está aberto. Por que devo retirar o projeto? Por que não é popular? Os projetos da Casa não são 100% populares e os vereadores tem ampla liberdade para votar como bem desejarem. Defendo a ida do projeto para plenário. E que cada um dos 55 possam se posicionar.



Cabe esclarecer que os motivos para retirar o projeto são inúmeros e foram expostos em audiência pública, em presença do vereador, indo muito além de simples impopularidade.

A novela

Em meio a tantos problemas que São Paulo enfrenta, como a constante insegurança que o ciclista sofre no trânsito, o vereador Adilson Amadeu (PTB) levou para votação um Projeto de Lei de sua autoria (PL 224/2012) que pretende estabelecer o emplacamento e licenciamento de bicicletas, além de obrigar o uso de capacete, óculos, luvas e “calçado de sola antiderrapante”.

O vereador é proprietário de um grande escritório de despachantes em São Paulo, a SODESP, mas rebate as acusações de que teria interesse pessoal na aprovação do projeto, afirmando que os custos seriam arcados pelo fundo de transportes da cidade, sem onerar o cidadão no momento do licenciamento.

A justificativa do PL afirma que o objetivo é “criar em âmbito municipal uma espécie de cadastro e controle das bicicletas utilizadas nas vias públicas da cidade” e o embasamento são “matérias jornalísticas que informam sobre o desrespeito às regras de transito por ciclistas”. O texto da lei informa que a bicicleta “será de imediato apreendida” quando estiver sem placa ou licenciamento vencido e, apesar do autor do afirmar que não haverá cobrança, o artigo 8º especifica que o poder público poderá “cobrar do proprietário taxa para custear o licenciamento e emplacamento das bicicletas”.

Em 12 de junho foi realizada uma audiência pública, onde Amadeu esclareceu suas motivações para o projeto e os cidadãos presentes apresentaram inúmeros argumentos para que ele não seja aprovado. Cerca de 70 ciclistas estavam presentes na Câmara. Apesar disso, o autor não se sensibilizou e o PL continuou na pauta. Veja aqui como foi a Audiência Pública e as justificativas apresentadas, com relato e fotos.

No início de setembro, o PL já havia entrado na pauta da reunião da Comissão, mas decidiu-se adiar a votação por cinco semanas, para que os ciclistas pudessem conversar com o vereador, convencendo-o a retirar o projeto. Amadeu não estava presente à sessão, que foi acompanhada por cicloativistas. Veja como foi a sessão de setembro, com vídeos.

Muitos e-mails foram enviados por cidadãos ao autor do projeto e foram feitas tentativas de diálogo pela Ciclocidade, mas Adilson Amadeu se negou a recebê-los.

Fonte: vadebike.org


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