Elogiado por lendas como Fausto Coppi, o ciclista Emile Idée completou nada menos do que 100 anos no último domingo, dia 19 de julho. Conhecido por ser um atleta explosivo e excelente no contra-relógio, ele venceu a etapa 13 do Tour de France em 1949 - segundo muitos, sua carreira teria sido muito mais brilhante não fosse pela eclosão da Segunda Guerra Mundial.
Em uma recente entrevista ao site Velonews, o ciclista relembrou como foi a vida dos ciclistas durante o conflito armado. Durante a guerra, em 1942, ele venceu o campeonato nacional francês - feito que ele repetiu em 1947, quando o conflito já havia terminado.
Segundo ele, as corridas de bicicleta aconteciam na região onde ele morava, mas na maioria dos casos dentro de velódromos. As provas de estrada eram raras e, como era de se esperar, quase não havia presença de público.
O campeonato nacional francês de 42 aconteceu na região da França de Vichy, governo instaurado pelos nazistas depois da ocupação da França. Para correr, ele teve que cruzar a fronteira entre o Norte e o Sul da França de forma ilegal.
"A corrida era em Lyon e o percurso era bom para mim", relembrou. "Eu estava indo bem naquele ano. Era uma fuga com 5 atletas e venci com facilidade", complementou.
"Eu paguei o preço. Assim que voltei para Paris fui preso por cruzar as zonas sem a papelada correta. Passei um mês na prisão. Assim que cheguei em casa eles me prederem. Deveria ter ficado no sul, onde teria sido melhor para minha carreira. Mas, já estava casado e tinha que retornar", afirmou o ex-ciclista.
Segundo ele, não existem arrependimentos sobre sua carreira, que não foi muito vitoriosa nas grandes voltas, mas possui muitos bons resultados em provas de um dia: tanto é que ele mal consegue se lembrar de tantos nomes e vitórias.
"Essa é a parte mais frustrante de envelhecer", finalizou.
Relacionados
