O escândalo de doping institucionalizado e patrocinado pelo governo na Rússia ganhou um novo e assombroso capítulo nesta sexta-feira, dia 9. De acordo com a segunda parte do Relatório McLaren, mais de 1000 atletas russos, incluindo muitos ciclistas, participaram em um esquema de manipulação de amostras retiradas para análise de substâncias dopantes.
Liberado pouco antes das Olimpíadas Rio 2016, o relatório culminou na exclusão de inúmeros atletas russos da competição, incluindo o ciclista Ilnur Zakarin.
"Não só conseguimos confirmar os achados do primeiro relatório mas também conseguimos coloca-los de forma mais focada e clara. Aumentamos o número de atletas envolvidos e o escopo da conspiração. Trata-se de um sistema que encobriu casos de doping desde 2011 e seguiu pela Olimpíadas de Inverno de Sochi", disse o professor Richard McLaren, designado pela WADA (Agência Mundial Anti Dopagem) para fazer o relatório.
Segundo ele, ciclistas estavam no coração do desenvolvimento de um sistema sofisticado de troca de amostras de urina "limpa", que era contrabandeada para dentro dos laboratórios a noite, substituindo as amostras de ciclistas dopados - para testar a funcionalidade do sistema, dois ciclistas foram utilizados em 2013.
"Esta conspiração visava a manipulação de amostras contava com a participação do ministro dos Esportes, da Agência Russa Antidopagem [RUSADA], do laboratório antidoping de Moscou e dos serviços secretos", disse o professor.
Listas com nomes de atletas que testaram positivo estavam detalhadas em diversos emails trocados entre Grigory Rodchenkov, diretor da RUSADA e Alexei Velikodniy, ministro dos esportes russo. Embora os nomes dos envolvidos não tenham sido divulgados, sabemos que ciclistas de pista da Junior e da Elite estavam envolvidos, assim como um atleta do MTB.
Além das trocas de material, outros métodos como misturar Nescafé para sujar a amostra também foram utilizados. Por isso, apesar de ter investigado uma imensa quantidade de material, o Professor McLaren afirma que a real profundidade da conspiração talvez nunca venha a tona.
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