Os treinos em altitude não são nenhuma novidade no mundo dos esportes. Com eles, o corpo do ciclista precisa se adaptar em um ambiente com menos oxigênio, o que estimula naturalmente a produção de hemoglobina e aumenta a capacidade do sangue para transportar o oxigênio para as células - uma dádiva para atletas de endurance.
Obviamente, existe um limite para este aumento nas células vermelhas. Via de regra, é muito difícil ultrapassar a casa dos 50% de hematócrito sem recorrer ao uso de drogas como o EPO ou transfusões de células vermelhas - ambos métodos ilegais.
Porém, o ciclista Victor Campenaerts, atual detentor do recorde da hora, parece estar disposto a levar o treinamento em altitude ao limite, mesmo que isso coloque sua saúde em risco.
Há cerca de um mês, o atleta afirmou que, usando uma máscara especial, ele estava passando as noites em uma altitude simulada de 4700 metros para "Sentir-se como um ciclista que tomou EPO". Até ai, nada muito fora do comum.
Porém, em uma recentre entrevista ao periódico belga Het Laatste Nieuws, o atleta afirmou que estaria passando cerca de uma hora em uma altitude simulada de 10 mil metros. Vale destacar que o ponto mais alto da terra, o Monte Everest, tem "apenas" 8.848 m.
O método chamado "Exposição Intermitente à Hipoxia" já é utilizado por montanhistas e atletas. Porém, mesmo aqueles que estão treinando para chegar ao topo do mundo, normalmente ficam nesta condição apenas por alguns minutos.
Segundo Ruud Van Thienen, fisiologista que trabalha com o atleta, os níveis de oxigenação de Campenaerts a 4700 metros são semelhantes aos de uma pessoa normal a 2500 metros.
"Você não conseguiria aguentar nem por um minuto. Então, não faça isso sem orientação profissional, por que você corre o risco de ficar mortalmente doente", afirmou.
Apesar de ser recordista da hora com 55.089km, Campenaerts ainda está devendo uma vitória profissional em sua carreira. Para 2020, o atleta deve focar suas primeiras atenções no Giro, onde ele deve buscar vitórias de etapa.
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