MENU

Ciclista realiza palestra com motoristas de ônibus no Rio de Janeiro

Depois de muitas brigas, ciclistas resolvem ajudar na educação dos motoristas

Assim como quase todos os ciclistas, Rodrigo Souza estava cansado de levar fechadas e finas no trânsito. Segundo ele, a pior parte não era as fechadas, mas sim o fato de perceber que a imensa maioria dos motoristas simplesmente desconhece o código de trânsito.

imagem
Rodrigo Souza abraçado com o motorista que discutiu com ele na rua

"Sempre que levava uma fechada e ia falar com o motorista, escutava que lugar de bicicleta não era na rua. Aí, comecei a perceber que o motorista de ônibus desconhece o código de trânsito", comentou Rodrigo.

Porém, depois de ser fechado duas vezes no mesmo local, por motoristas da mesma companhia (como nesse vídeo), ele resolveu tomar uma atitude e entrou em contato com o SAC da NovaCap.

"Liguei para o SAC e após algumas conversas com a chefe do setor jurídico surgiu a oportunidade de assistir um dos treinamentos realizados com os motoristas. Mais alguns minutos de conversa e ficou combinado que eu daria esse treinamento / palestra", explicou Rodrigo.

Quebrando o gelo

Ao chegar na empresa, Rodrigo foi levado, junto com Raphael Pazos e Luiz Zanandrea, da Comissão de Segurança no Ciclismo da Cidade do Rio de Janeiro (CSC-RJ), para uma sala de treinamento. Lá, cerca de 30 motoristas aguardavam para o início da palestra.

"No começo, o pessoal estava meio desconfiado. Quando começamos a falar, alguns ainda estavam olhando meio estranho. Quando eu comecei a colocar alguns vídeos e parece que quebrou o gelo, já que eles começaram a perceber o risco do que realmente poderia acontecer", explicou Rodrigo.

Munidos de um código de trânsito com os artigos de bicicleta destacados, o trio não teve dificuldades em convencer os motoristas de que sim, a bicicleta tem total direito de trafegar na rua, seja pelo bordo direito ou esquerdo da via.

"O pessoal se mostrou bastante receptivo e ninguém mostrou resistência à informação. Alguns ainda alegaram que andar de bicicleta é perigoso, mas ninguém falou que era para andar na calçada", disse. Além disso, a dupla ainda explicou alguns motivos que levam ciclistas a ocuparem a faixa para pedalar.

"Nós andamos no meio da rua por conta dos buracos, um pneu pode furar, podemos cair no meio da pista. Ou até um ônibus pode passar muito perto e o deslocamento de ar pode desequilibrar o ciclista, que pode cair por baixo do ônibus. Então explicamos diversas maneiras de ultrapassar com segurança", continuou.

Dica para o ciclista

Rodrigo, assim como todo mundo que já tirou habilitação, já percebeu que as auto-escolas não fornecem um treinamento especializado em ciclistas. "Quando fiz auto-escola, os instrutores não sabiam que bicicleta pode andar na rua, então da para perceber que nós aprendemos errado já no começo", ressaltou Souza.

"Por isso, fiquei muito feliz em poder passar essa informação para eles. Tenho certeza que todos ali pensarão mais no ciclista da próxima vez que estiverem dirigindo ou falando sobre o assunto", continuou.

Além disso, como a troca de experiências é fundamental, os motoristas fizeram um alerta, falando sobre os riscos de trafegar no ponto cego - muito comuns e grandes em um coletivo. Além disso, graças ao elevado nível de estresse de um profissional que passa do dia no trânsito, os motoristas sugeriram evitar discussões.

Levando em conta a experiência de Rodrigo, talvez seja muito mais inteligente entrar em contato com o SAC da imprensa e tentar realizar uma palestra - algo que certamente será mais efetivo e menos efetivo do que ficar batendo boca na rua.

Próximos passos

Com o sucesso da palestra, Rodrigo já tem ideia de qual será o próximo passo para melhorar o convívio com os motoristas: realizar um treinamento prático, colocando bicicletas estacionárias onde os motoristas de ônibus deverão ficar sentados. Depois, a ideia é passar com um ônibus perto deles para mostrar o quão aterrorizante e arriscada é esta situação.

Para realizar esta nova etapa, Rodrigo afirma já estar em contato com o RH e com o Jurídico da NovaCap para agilizar ao máximo o processo. Felizmente, é muito bom ver que em meio a esse mar de estresse, riscos e mortes que é o trânsito brasileiro, algumas pessoas e empresas estão dispostas a dialogar e trabalhar em conjunto. Por isso, fica o nosso parabéns aos envolvidos e aguardamos os próximos acontecimentos.


Relacionados

Comentários

Outras notícias

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando você concorda com a nossa política de privacidade.