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Cebo no Pedal #10 - GP Ravelli #4 - Etapa 1 - Quanto maior o sofrimento, maior a satisfação

Confira como foi a Etapa 1 da Final do GP Ravelli 2018, um dos dias mais exaustivos que passei sobre uma bicicleta

Há algum tempo, quando resolvi correr a final do GP Ravelli, uma stage race com duas etapas, confesso que fiquei animado. Depois da animação inicial, ver que teria que encarar dois dias com 4 mil metros de subidas acumuladas, me deixou relativamente preocupado. Porém, apesar de estar bem treinado e já ter concluído provas duras, nada poderia ter me preparado nem para a dureza do percurso e nem pela satisfação em completá-lo.

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    SportStock by Rodrigo Barreto

GP Ravelli#4 - Etapa 1 - Dureza do começo ao fim

Na primeira etapa da prova, realizada em 13 de outubro de 2018, cerca de 250 atletas alinharam para o que prometia ser um dia extremamente cansativo. Isso porque, pelo calor abafado da sexta-feira, certamente o sábado seria de enorme desgaste. Dito e feito: às 08:00, na hora da largada, a temperatura já incomodava.

Minha estratégia para a competição foi bem simples: Economizar o máximo que der para conseguir passar pelos trechos mais duros e chegar em condições de fazer a segunda etapa. Por ser um atleta da categoria "forte dos fracos", senti que pedalar no meu ritmo seria a melhor forma de completar os dois dias sem o risco de passar vexame. Com este pensamento, tentei manter meus batimentos abaixo do limiar de 175BPM, Nesta faixa, meu corpo se esgotaria em cerca de 3 horas - a previsão era de 05:30 de competição.

Mesmo sendo conservador, a competição judiou bastante. Isso porque, além da altimetria de 2500m, muitas das subidas eram extremamente duras, com trechos técnicos em single, muita inclinação, pedras soltas e até longos trechos de grama - uma superfície que segura a bicicleta. Para completar, muitas das descidas também eram complicadas, exigindo atenção e foco do início ao fim, além de judiarem muito dos braços e costas do atleta.

Ao meu lado durante toda a prova, contei com o incentivo do meu dupla, o grande Denis Yoshio, também conhecido como D.Biker. Além dele, também tive ao meu lado - ou embaixo de mim - a Sense Impact Race, bike que você conheceu neste teste completo do Pedal.

As Serras

A primeira das subidas percorreu cerca de 6km com inclinação média de 8.3%. Apesar de ser mais suave, o calor já começava a cobrar seu preço. Apesar disso, tanto ela quanto o segundo desafio do dia, uma parede de 2.5km com média de 10.8%, foram vencidas sem nenhum metro de "empurrambike". Até aquele momento, me sentia bem. Porém, depois da terceira escalada - 4.5km com média de 8.4% - encontrei as primeiras reais dificuldades da prova.

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Esta terceira rampa nos levou até a trilha do Lírio, com um trecho de single em subida e outro em descida. Durante a subida, acabei colocando o pé no chão pela primeira vez. Além disso, levei meu primeiro tombo - cansado, super-aquecido e desconcentrado, não consegui me encaixar no single, o que resultou em uma sequencia de pequenas quedas.

Para piorar, acabei furando um pneu na extremamente pedregosa descida da Vaka Louca, pouco depois de levar algumas picadas de abelha. Na pressa para recobrar o tempo, acabei levando mais um pequeno tombo - felizmente, nenhum deles resultou em ferimentos mais sérios, só pancadas, roxos e arranhões.

Agora a coisa ficou séria - A quarta serra, por algum motivo irônico chamada de "Subida da Floresta Encantada", foi uma verdadeira carnificina. Em um calor excruciante e com os pneus da bike sendo "dragados" pela grama, vi muitos atletas empurrando por não terem forças para pedalar, já que a tração era abundante - este foi meu caso. Nesta subida, passei por ciclistas fortes e experiente tirando completamente o pé do acelerador ou simplesmente desistindo do desafio.

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    SportStock by Valéria Teixeira

Depois deste "monstro", descemos em direção ao ponto de corte, onde também estava a barraca do suporte neutro da Shimano. Ali, a parada para reabastecer, se alimentar e esfriar os motores foi fundamental para encarar o última grande - e provavelmente o maior - desafio do dia: a subida do Cristo de Albertina, completa com Via Crúcis e tudo.

A subida do Cristo - "Pegue as duas subidas mais duras da prova e coloque-as por último". Certamente, esse é um pensamento divertidamente sádico que ficou ainda "melhor" com o calor. Com inclinação média de 12%, quase 3km de extensão e muitas pedras soltas, só mesmo os brutos e os galáticos conseguiram escapar dessa rampa sem empurrar.

Com o sol batendo forte sendo refletido pelo chão claro, a rampa virou um verdadeiro forno. Felizmente, o sofrimento foi recompensando por um ponto de abastecimento completo com Coca-Cola, Jujubas, biscoitos (bolacha-SP) salgados, frutas e água. Depois de mais uma pausa, seguimos para o trecho final da competição.

Por incrível que pareça, chegamos ao topo da subida justamente quando a organização se preparava para começar a cortar os atletas no suporte da Shimano - ou seja, quem chegou com mais de meia hora de atraso para nós voltou para a chegada de carona.

Acabou mas não acabou

O topo do Cristo estava mais ou menos no km 45. Por isso, ainda seria preciso pedalar cerca de 20km antes de cruzar a meta. Como era de se esperar, nós descemos mais do que subimos, mas nem de longe essa última parte da jornada foi fácil.

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    SportStock by Mônica Arruda

Com o corpo extremamente cansado, qualquer rampa vira montanha e qualquer buraco é cratera. Braços, pernas, lombar....o corpo todo estava pedindo arrego. As subidas continuaram literalmente até a meta, realizada em aclive - risadas muhahahaha da organização.

Por isso, ao cruzar a linha de chegada, o sorriso no rosto tinha um só motivo: era pura satisfação em terminar uma etapa tão dura. Depois daquilo, foi hora de comer, recuperar o corpo e descansar o máximo possível. Afinal, "amanhã tem mais, pessoal".

A Etapa em vídeo



Conclusão

As provas realizadas pela Ravelli Xtreme sempre tiveram a fama de casca grossa. Mesmo sem o calor extremo, tenho certeza que o pedal teria sido bastante duro. De uma forma ou de outra, o próprio briefing já alertava sobre a temperatura, indicando que, muito provavelmente, o forno de micro-ondas também estava nos planos do Marcio e da Vanessa - as mentes responsáveis por toda a brincadeira.

A organização não apresentou falhas, a retirada dos kits foi suave, o percurso era bem sinalizado e os pontos de hidratação bem distribuídos. As sinalizações de perigo indicavam perigos reais e pontos onde até atletas mais experientes precisavam tomar cuidado, diferente do que vemos em muitas competições.

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    SportStock by Valeria Teixeira

Por isso, para quem gosta do desafio e da satisfação de colocar o corpo no limite, certamente a prova na categoria Prá é bastante indicada. Contudo, não indicaria a competição para um ciclista novato ou muito longe da forma ideal - para isso existe a categoria Sport que você vai conhecer nos próximos episódios do Cebo no Pedal.

Abraços!

Gustavo "Cebo" Figueiredo - Strava

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