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All Mountain - A modalidade mais completa do mountain biking

Nem cross-country, nem downhill - Conheça o All Mountain

Não é de hoje que o termo all mountain é visto nas características de bicicletas. Toda grande marca já tem uma bicicleta de cross-country, de downhill/freeride, de estrada e a tal da All Mountain. Mas o que é isso afinal ?

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Não é preciso ter uma bike de XC para encarar grandes subidas e distâncias

DEFINIÇÕES CONFUSAS: TRAIL, ALL MOUNTAIN E ENDURO

A primeira coisa que confunde quem busca uma bike desse tipo é entender os termos usados nas suas variações. E não é a toa: além de ser difícil definir os limites entre um tipo de bike e outro, diferentes países e fabricantes usam termos diferentes para suas bikes. A primeira coisa que deve ficar claro é que independente dessas três definições, essa categoria está entre dois extremos:o cross-country (XC) e o downhill (DH) / freeride.

Bikes de XC, na sua maioria sem suspensão traseira, são feitas para ganhar competições nessa modalidade. O baixo peso é uma das principais prioridades, sendo mais importante que o conforto e até mesmo a resistência das bikes. Não é a toa que existem peças indicadas apenas para atletas de um determinado limite de peso. A configuração de algumas bikes vão exigir também um maior preparo físico e habilidade, com rotores de disco de 140mm que freiam menos, suspensões de apenas 80mm a 100mm, guidões retos e estreitos e os novos pedivelas de duas e até uma coroa apenas. Dessa maneira, se tornam ótimas bikes para situações de competição, especialmente subidas, mas pecando no conforto e principalmente controle nas descidas.

No outro extremo, estão as bikes de downhill e freeride. As primeiras, também são feitas exclusivamente para competição, com relação de marchas apenas para descidas, suspensões de mais de 180mm de curso, geometria que favorece apenas descidas inclinadas e curvas rápidas, rotores de disco de 200mm e pneus largos. As de freeride são parecidas, porém não são projetadas para competição, tendo uma geometria mais genérica e configurações menos específicas. O problema dessas bikes é que podem chegar a pesar 3 vezes mais que uma bike de cross-country leve e ao encontrarem subidas dão um destino certo ao piloto: desmontar e empurrar.

All Mountain, Trail ou Enduro ?

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Quem disse que não dá pra ter diversão com menos curso na suspensão ?

O all mountain tem o objetivo de oferecer o melhor dos dois mundos: subidas sem sofrimento e descidas com diversão! E aí que entra um mundo de possibilidades de configuração das bikes, levando às definições confusas. Em geral, nos EUA e Canadá, as bicicletas chamadas de Trail são as que possuem menos curso de suspensão (até 140mm), com uma configuração mais leve, favorecendo mais às subidas. O termo All Mountain é usado para as bikes mais agressivas, acima de 140mm de curso, mais robustas e que favorecem as descidas. Já na europa, as bikes de All Mountain que são as de uso mais leve, enquanto o termo Enduro é usado para as bikes mais agressivas.

EVOLUÇÃO

O conceito de All Mountain é antigo, mas nunca teve um apelo tão grande quanto hoje. A tecnologia sem dúvida ajudou em tudo. Antigamente muita coisa era adaptada das bikes de XC e DH, formando as bikes "Frankstein", que no final não eram tão leves quanto deveriam, nem duráveis ou não tinham geometria correta. Hoje em dia, existe uma versão All Mountain para praticamente todas a peças de uma bicicleta. Isso faz com que o produto final seja um bicicleta mais leve, mais forte e mais específica para o uso, uma bike totalmente diferente.

CARACTERÍSTICAS E CONFIGURAÇÕES

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Lapierre Spyce - All Mountain mais parruda com 160 mm de curso nas suspensões

Mais importante que qualquer definição, são as características técnicas das bikes. Elas que vão definir seu comportamento e você deve saber qual é a mais adequada para seu estilo de pilotagem. Veja as características importantes para ter em conta:

Suspensão - Essas bikes possuem de 120mm a 180mm no curso das suspensões. Quanto mais técnico o terreno e mais agressivo o estilo de pilotagem, maior o curso recomendado. Muitos modelos oferecem suspensões com trava, com mudança externa de curso e configurações para deixar o funcionamento mais rígido nas subidas ou trechos planos. Além disso, a opção de eixo de 15mm pode deixar a suspensão dianteira mais rígida, sem aumentar tanto o peso e com mais opções de rodas leves, em relação a uma opção de 20mm usada no downhill.

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Cane Creek Angleset - Permite mudar o ângulo de direção

Geometria - Fugindo também dos extremos, esse tipo de bike vai oferecer um meio termo para um bom desempenho tanto na subida quanto na descida e também no comportamento em maior e menor velocidades. Quem já tem conhecimento de geometria vai conseguir escolher alguns modelos com características que favorecem determinadas características. As opções atuais estão cada vez mais vastas e alguns quadros até oferecem possibilidades de mudanças nos ângulos. Um exemplo disso são as novas caixas de direção que permitem mudar o ângulo da suspensão em até 1.5 graus.

Quadros - Está cada vez mais frequente o uso de tubos de direção cônicos ou de diâmetro 1.5". O benefício está na rigidez e na maior possibilidade de usar as caixas que permitem mudança no ângulo. Também são projetados para usar rotores de disco até 200mm, algo que comprometeria um quadro de XC. Para completar, esses quadros já estão vindo preparados para acomodar os conduítes dos novos canotes de altura ajustável, inclusive algumas marcas já estão oferecendo uma maneira de passar esses conduítes por dentro do quadro.

Cassetes maiores - Novos cassetes com maior pinhão passando de 50 dentes surgiram inicialmente, ainda com 36 dentes, para facilitar o uso das bikes de rodas 29", que são maiores e precisam de maior força para aceleração inicial. Porém, acabaram sendo muito bem vindos no All Mountain, uma vez que as bicicletas são mais pesadas e os pilotos dessas bikes não são super atletas. Também permitiu adotar de vez a coroa única, o que retira a necessidade de câmbio e passador dianteiro.

Canotes ajustáveis - A possibilidade de subir e baixar o banco sem precisar desmontar da bike é algo muito bem vindo nessas bikes e já estão se tornando itens de série. Vejam o teste que fizemos com um deles.

Guia de corrente e proteção de coroa - As bikes de maior curso costumam usar duas coroas e são usadas de forma mais agressiva. Um guia faz com que a corrente não acabe "pulando" para dentro ou fora do quadro nas descidas mais técnicas e pode ser um item importante dependendo do curso e tecnologia de suspensão. Já a proteção da coroa é colocada onde estaria a coroa maior do pedivela e serve para proteger as coroas de impactos de pedras ou raízes. Muitas vezes esses dois itens são vendidos juntos.

Tamanhos de Rodas - Rodas 26", 27,5" ou 29" ? Essa é uma das novidades da industria. Uma bike de all mountain pode ter qualquer um dos tamanhos, tudo depende do comportamento para qual foi projetada. Algumas empresas já oferecem diferentes versões do mesmo modelo, mas com as rodas de tamanhos diferentes.

Avanço e guidon - Avanços muito longos não tem vez. As medidas dos avanços vão ficar abaixo dos 80mm, dependendo da geometria da bike. O mesmo vale para os guidons, os retos e estreitos dão lugar para os rise, com largura acima dos 700mm.

A BIKE CERTA PARA VOCÊ

Como quase tudo no mundo das bikes, existe um mar de possibilidades de configurações. Porém, no All Mountain é ainda maior! Mas uma coisa é certa: se você está começando no mountain biking, uma bicicleta desse tipo é a melhor opção. Se você já é, experiente! Procure saber mais detalhes das tecnologias específicas para descobrir o que fará mais diferença para seu estilo de pilotagem e terreno que você mais costuma andar. Uma bike desse tipo atende uma gama ampla de situações, mas se você pedala em estradas de terra lisa com a mesma frequência que pedala em trilhas com pedras grandes e saltos, algumas características precisarão ser comprometidas.

NO BRASIL

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All Mountain - Pilotos do downhill trocando a diversão do final de semana

O brasileiro ainda tá demorando a perceber o benefício das bikes de all mountain. Uma grande parcela de praticantes de MTB buscam os extremos do XC ou DH, mas no final pedalam o conceito all mountain. Quem não costuma participar de competições buscando melhorar cada vez mais os resultados, não vai se beneficiar em ter uma bike de XC ou DH. As fotos estão aí para provar!

NO EXTERIOR

Fora do Brasil essas bikes já são as mais populares entre os praticantes de MTB. Temos sempre que lembrar que, especialmente na Europa, temos montanhas muito maiores, terreno mais técnico e uma cultura de montanha de muitas décadas. Na região dos Alpes é cada vez mais comum ver ciclistas carregando uma mochila grande e montado em uma dessas bikes. Em travessias longas, onde se atrasar significa ficar no escuro em um montanha alta e fria, poder subir e descer mais rapidamente pode ser a diferença entre ir com uma dessas bikes mais divertidas ou precisar ir com bikes de cicloturismo e alforges. Terminar um percurso técnico e longo em apenas um dia de forma divertida faz muita diferença!

Para completar, já começaram a ser organizadas até competições de All Mountain, com múltiplas etapas e misturando bem o terreno, mas sempre com um foco no lado técnico. Até mesmo uma revista especializada no tema foi lançada na Europa! Sem dúvida, o All Mountain chegou pra ficar!

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Autor

Pedro Cury

Editor

Pedro Cury pedala desde os anos 90, é fundador do Pedal.com.br, editor técnico da Revista Bicicleta e fotógrafo profissional.


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