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Neutral Service - Entrevista com Raíza Goulão

Raíza, a guerreira!

Uma jovem atleta de Mountain Bike vem chamando atenção pelos resultados expressivos que tem obtido. Com apenas 22 anos, Raíza Goulão já entrou para o grupo das maiores ciclistas de MTB do Brasil. Em qualquer competição que entrar hoje, Raíza, junto com nomes como Isabella Lacerda, Roberta Stopa e Érika Gramiscelli, compõe o pelotão das favoritas.

Com certeza o grande feito da jovem, atleta patrocinada pela Equipe Soul Cycles – Taschibra – Moovi – Shimano, foi o Bicampeonato Pan-americano de MTB na Argentina, em Maio deste ano.

Aqui você conhece um pouco mais dessa jovem guerreira.

Nome completo: Raíza Goulão Henrique. Idade, 22 anos. É do signo de Peixes e adora cozinhar. Raíza tem namorado (que é parceiro de pedal também), gosta de escutar Rock e Blues: tem bom gosto!. Ela é natural de Pirenópolis-GO e formada em administração.

1 - Raíza, como e quando você começou a pedalar?

"Bom, eu comecei a trabalhar com 16 anos e depois de um ano trabalhando resolvi montar uma bike, mas para passear mesmo. Fui montando a ‘bikinha’ aos poucos, lembro até hoje: era uma GTS M7 toda preta. A partir daí, comecei a gostar da brincadeira de passear, andar distâncias maiores com os amigos, de estar em contato com a natureza e a sensação de liberdade que me conquistou. Por causa disso e de me sentir bem e em melhor forma. No final de 2009 decidi participar de uma prova de MTB aqui na minha cidade. Eu não tinha nem noção do que era correr uma prova, foi meio que por brincadeira, mas foi uma experiência inesquecível para mim. Durante a prova, sinceramente, pensei em desistir e nunca mais pegar em uma bike! Sofri muito, mas depois que se passa a linha de chegada a sensação de superação é inexplicável e isso me conquistou. Daí em diante comecei a participar de algumas provas aqui em meu estado e em 2010 com o apoio financeiro de mais de 30 empresas de minha cidade e amigos da família consegui competir fora do estado, foi assim que fui para a minha primeira Copa Internacional de Mountain Bike em Araxá onde fiz 4º na elite feminina".

2 - Sua família deu apoio, como seus pais se relacionam com o lance de você ser atleta?

"Meus pais sempre me apoiaram. No início acho que não acreditavam muito nessa coisa de competir, ou que eu fosse seguir uma carreira, mas fui me apaixonando cada vez mais e me dedicando. Do jeito eu as coisas foram acontecendo, meu pai e minha mãe me deram ainda maior apoio em minhas decisões como atleta. Hoje estão sempre na torcida e quando possível, meu pai vai às provas para fazer meu apoio e olha que ele é pé quente! Com minha mãe a ligação é muito forte, somos muito amigas então qualquer viagem que faço tenho que falar com ela todos os dias e antes de largar".

3 - Eles já imaginaram você em uma olimpíada?

"Sim! Meu pai, principalmente".

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4 -Como foi em sua primeira grande competição de verdade?

"Bom, minha primeira corrida foi aqui em minha cidade, 3º coloca no GP Goiano de MTB em Pirenópolis- G0, na categoria Feminina amador em 2009. Depois participei do campeonato goiano na elite feminina, mas posso dizer que minha primeira prova com atletas da elite feminina nacional foi a CIMTB em 2010 em Araxá onde fiquei em 4º colocação na elite feminina. Ali foi sem dúvida minha entrada para o MTB de alto nível".

5 - Você se considera referência para as meninas que querem começar a andar de bike e até competir?

"Muitas pessoas te procuram para saber da vida de atleta, perguntar sobre como pedalar, como competir etc.?
Referência... Acho que ainda não cheguei neste patamar! Mas busco sempre dar o melhor exemplo possível e incentivar todas as meninas a começarem a pedalar. Adoro dar dicas e contar minhas experiências, acho que essa é uma verdadeira contribuição que todos os atletas devem fazer. Espero sim, um dia poder ser considerada uma referência no MTB".

6 - Você é conhecida em sua cidade?

Sim (risos), isso vem aumentando. Mas ainda falta divulgação, até do esporte mesmo. Ganho alguma visibilidade quando saí alguma coisa na rádio. Também no Jornal: na semana pós Pan-americano saiu uma matéria e uma revista daqui de Goiânia, a People fez uma matéria comigo. Bom, fora isso, na TV saíram matérias na Globo e SBT locais por causa do título Pan-americano.

7 - O que mudou na sua vida com estes 2 títulos Pan? Você acha que o esporte traz de diferente para sua vida?


"Olha, acho que este título só fez crescer ainda mais a minha vontade de me superar e buscar melhores resultados. Voltei muito mais motivada! O esporte me trouxe uma qualidade de vida muito grande onde busco sempre estar de bem comigo mesma. Procuro sempre cuidar bem de minha saúde, alimentação e do meu corpo saudável. Nisso o MTB me ajudou muito. Ah! Além de poder ganhar muita experiência em viagens internacionais e conhecer outros países. Porém, acho que ainda não há um incentivo tão grande do governos e empresas para o esporte e para o Mountain Bike em nosso País, mas acho que estamos caminhando para uma melhora".

8 - O que que falta para as atletas brasileiras chegarem perto das Gringas, disputar títulos e quem sabe medalhas?


"Bem primeiramente precisamos de investimento para poder participar de provas internacionais e adquirir o ritmo dessas provas que possuem outro nível. As provas e pistas internacionais (Europa principalmente) possuem alto grau de dificuldade técnica. Falta também um maior incentivo para a categoria elite feminina, e obviamente para o MTB em geral. Aqui no Brasil não vemos equipes com estruturas tão grandes como vemos na Europa, EUA, Canadá e outros países como Colômbia".

9 - Como é sua rotina de treinos e preparação para competições?


"Eu treino 6 vezes por semana, busco sempre manter o máximo de contato com meu treinador Cadu Polazzo, onde traçamos nossos objetivos de acordo com meu calendário de provas. Também faço trabalho de musculação, Pilates e quando possível natação. Acho fundamental também seguir as orientações do meu nutricionista. A alimentação é o combustível para nós atletas, se não for adequada, pode nos prejudicar muito em resultados a curto e longo prazo. Além dos treinos, dedico um período do meu dia aos estudos: me formei em Administração e agora estou me empenhando no curso de inglês".

10 - Qual sua principal meta para 2013?


"O principal objetivo foi alcançado: o título de Bicampeã Pan-americana. Agora é foco no Brasileiro e no Mundial.

11 - O que representa para sua carreira ser uma atleta da Equipe Soul, apoiada pela Shimano?

"Esta é a minha equipe. Fiquei muito feliz em ter sido convidada e acho que fazer parte de uma equipe é sempre legal, pois você sente que está dentro de algo maior e isso é muito mais significativo e forte do que correr sozinha. Sempre busco dar o meu máximo e falo que tudo que conquisto em minha carreira, não é um resultado somente meu e sim de minha equipe e patrocinadores. Sempre via grandes atletas sendo apoiados pela Shimano e pensava comigo mesma que um dia queria poder representar essa marca e este ano aqui estou eu! Simplesmente é um apoio excelente. É bom saber que a Shimano nos proporciona uma grande estrutura tanto em provas, como em divulgação para nossa equipe e isso é ótimo. Muito obrigada Shimano!"

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12 - Olimpíadas: Qual seu sonho/meta real para 2016, 2020?

"Minha meta é 2016, onde quero poder representar o Brasil em grande estilo, ainda mais por sermos País sede. Assim quero obter mais experiência em provas internacionais e conseguir ficar entre as 15 melhores atletas do mundo".

13 - Panamericano de 2012 México:


"No Pan do México em 2012 viajei por minha própria conta. Não fui convocada, mas consegui vaga no alojamento da CBC. Na chegada na Cidade do México, eu e o Frederico Mariano, estávamos juntos no aeroporto, sem transporte para o local da competição em Puebla. Até chegarmos lá, de táxi, rodamos 12 horas seguidas! A gente não tinha informações, contatos, nada! O taxista nos ajudou e a filha dele conseguiu informações na internet e finalmente chegamos ao alojamento. Foi um sufoco! Na volta, a organização tinha ônibus para levar os atletas ao aeroporto ,mas saía à 1:00 da manhã. Resultado: chegamos ao aeroporto em cima da hora e perdemos o vôo. Para vocês verem que vida de atleta não é fácil!

14 - Participação no Pan do México:

"Nessa 1ª vez fui ao Pan para ganhar experiência, esperava ficar entre as 10 primeiras. Até larguei mal no dia, mas busquei o resultado, pois me senti bem e confiante e conseguiu ganhar. Pensei até que as outras atletas é que tinham tido problema. Mas a corrida foi dura, havia muita pressão e a Argentina Inês Gutierrez, na última volta me passou. Porém, em uma subida técnica, conseguiu passá-la. Foi a prova mais emocionante da minha vida".

15 - Quem são suas referências?


"Gosto muito da Jaqueline Mourão e cheguei a participar do projeto dela. Também me espelho na Sabine Spitz e Juliene Bresset. Me impressiona muito o preparo físico das atletas gringas. Gosto do Nino Shuter, do Absalom e do Hermida que é muito simpático e carismático. No Brasil sou fã do Pscheidt, do Rubinho e Henrique Avancini".

16 - Bike momento:


"Acho que a bicicleta está ganhando espaço. Tem muito a ver com sustentabilidade e estilo de vida. Hoje vemos uma geração mais preocupada com isso e algum investimento do governo em ciclovias, etc. Acho que tá melhorando, mas ainda falta muito. Vejo São Paulo, onde é perigoso andar de bike e de carro também! Aqui em Goiânia está crescendo também, Brasília idem. Tem muito mais gente em passeio que em competição e fico surpresa e feliz com esse crescimento.

Agradeço a todos que me apoiam e acreditam em mim!"


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