Nêga 1.8 Urbana - Uma novela de bicicleta!

INTRODUÇÃO

     A idéia surgiu depois que foi aberta ao público a ciclovia na margem direita do rio Pinheiros. Apesar de pedalar por São Paulo à um bom tempo, sempre que possível, indo pro trabalho, não via a hora de fugir do eixo J. Dias-Vereador J. Diniz-Ibirapuera.

                Mesmo sem acesso “oficial” junto à ponte João Dias, fazendo uma “gato” pela mureta, foi possível acessa-la. O caminho é tranquilo e por enquanto, pouco utilizado. E esse é justamente o problema: Por ser meio deserta e sem há segurança, o lugar poderia atrair a pilantragem, e logo ouve um caso de assalto: http://espn.uol.com.br/video/404045_ciclista-e-assaltada-na-nova-ciclovia-do-rio-pinheiros-bike-e-legal

                A solução foi formar pequenos “bondes” com a galera que segue, principalmente à tarde. Mas a insegurança sempre ta lá, como uma pulga atrás da orelha. Principalmente porque a minha companheira de trabalho é a mesma de viagem, na qual investi tempo, $$$, suor e meu modesto conhecimento pra poder deixar ela do jeito que tá hj:

             Embora ela já tenha passado do 5000km, convenhamos que para-lamas, bagageiros e uma porrada de acessórios, não a deixam muito leve... (acho que até os adesivos jogam contra). O que também é relevante quando se faz quase 50km pra ir e vir do trabalho.

      Então tive a ideia de uma montar uma nova companheira, que fosse mais leve, rápida e sem precisar investir muita grana.

     A resposta ideal seria uma speed, ou mesmo uma fixa. Mas levando-se em consideração a distância e algumas subidas que encontro pelo caminho, resolvi unir o que cada bicicleta tem de melhor, como o conforto das bikes de passeio, a ergonomia das mtb/ciclocros, a velocidade e agilidade das speed/Road, a leveza e o estilo das fixas, e montar o que chamo de urbana!

     Assim, nos próximos capítulos conheceremos aos poucos a Nêga 1.8, que ainda está na cabeça, mas não vê a hora de ganhar as ruas!   

Eis que encontro a tal peça lá na http://rocomo.com.br/
Mas o Alexandre (acho que era esse o nome do atendente) teve que procurar lá na oficina da loja pra ver se achava.

Agora o problema era buscar. A loja fica em São Caetano do Sul. A solução foi acionar meu amigo Emerson Lacerda que mora próximo pra pegar pra mim.

Problema solucionado, fui atrás do garfo. À princípio, achei que seria fácil: ledo engano! Quando achava o garfo de alumínio, era over; quando era standard, era cromado; quando era pitado, era 28; quando era 700, era só pra disco; quando tinha tudo, era muito caro...

Foi realmente muito difícil achar, a ponto de me deixar desanimado. No dia que o Emerson foi até a Rocomo pra pegar os reguladores, ele me ligou de lá, pois não estavam encontrando a peça, que fora encaminhada da loja de Ribeirão Pires, para São Caetano. Mas logo alguém achou. Aproveitei para perguntar se havia na loja algum garfo disponível. E eles tinha essa belezinha aqui:

Do jeito que eu queria: Standard, alumínio, pintado, pra ferradura e usado. Essa última característica influenciou no preço: R$65 (!).

Aproveitei ainda pra pegar um par de Aros Vzan Speed 700, uma vez que o preço lá era de longe o melhor: R$ 25 cada!

O BATISMO

 Com "O corpo" definido, comecei a pesquisa pelas demais peças. Mas antes, vou explicar sobre o "batismo”

Já tá óbvio que a cor vai ser preta, mas o complemento do nome se dá pelo tipo de bicicleta que esse Frankstain se tornará no final das contas. Como a distância a ser percorrida diariamente será grande, mas a altimetria nem tanto, optei por rua relação meio speed, meio MTB. A melhor solução que encontrei foi colocar um pedivela road de 52 dentes, com um cassete ff-road de 8 velocidades, com 11-34 dentes ( O famoso Megarange). Assim posso ter uma boa velocidade final na com o 52/11 e conseguir subir algumas ladeiras com o 52/34. Mas tudo isso ainda é teoria. Daí vem o 1.8!

O fato é que ao optar por essa relação, alivio o peso de uma coroa, do câmbio dianteiro e respectivo cabo e de um trocador. Este último, optei por usar de MTB. Pelas pesquisas que fiz, acho que a melhor opção...

Tem algo à acrescentar?

Quando optei pelos pneus 700x28, visando o conforto, mal sabia o que estava por vir. Pensando eu que pneus de speed é só um detalhe, não achei que houvesse qualquer problema. Mas ele estava lá.

Não fazia a menor ideia de que um pneu com 0,5 centímetros de diferença pudesse travar meu projeto. Isso por que o bendito não cabe no quadro. Só depois de pesquisar muito com os experts aqui do fórum, é que descobri que a maioria dos quadros disponíveis no Brasil, não comporta tal medida. Fui aconselhado a comprar um quadro de ciclocross, mas esse além de ser quase impossível de se achar, custa todo o orçamento que tenho disponível pra essa empreita!

Sem remédio. Teria mesmo que ir à caça de mais um quadro, com esse viés de aceitar pneus 700x28, uma vez que já os tinha encomendado.

E aí, tem uma sugestão de quadro “baratin” pra mim??

TREM DE FORÇA

Sempre dei muita importância ao conjunto movimento central, pedivela e pedais. Não sei se é um exagero da minha parte, mas acredito que um conjunto equilibrado, “redondo” e leve, pode garantir um bom “giro”. Como atualmente utilizo um Deore-M590 triplo, que adaptei pra 48/36/22, já saio ganhando e muito em peso, pois pretendo utilizar um single speed.

Mas tenho dois pequenos problemas. Um deles é a falta de experiência em pedivela de road. Não sei como é girar um volante grande. Já vi opções de até 56 dentes. A princípio, acho que os de 50 dentes seriam os ideais, visto que já estou acostumado ao de 48. Mas penso que talvez um de 52 também ajude no desempenho em parte do percurso, na ciclovia, onde se podem desenvolver maiores velocidades.

Mas o que realmente incomoda é a dificuldade para encontrar. Os pedivela com apenas uma coroa são mais indicados para as fixas. Por essa razão, são encontrados com facilidade com 38, 44 ou 46 dentes. Dificilmente passam disso. A solução seria conseguir um duplo, de 50 ou 52, remover a coroa menor e cortar os encaixes.

O movimento central vai depender do pedivela que encontrar: ponta quadrada ou octalink. Só uma certeza: tem que ser Shimano. Já utilizei outras marcas, mas em termos de durabilidade, o Shimano é imbatível, pelo menos na minha opinião.

Outro ponto importante são os pedais. Eu uso sapatilhas e clips apenas para viagens. Não acho seguro andar clipado pela cidade. Qualquer fechada ou tombo podem ser agravados se estiver usando clip. Mas isso é muito pessoal e gera muita controvérsia e não quero criar discussões à respeito. Por isso optei por pedais comuns, e tenho simpatia pelos Wellgo. Já utilizei e me atenderam bem.

O que acham?

MARRENTA

            Conjunto importantíssimo, chegou a hora de pensar na dupla guidão e mesa. Há muito que se ponderar á respeito. Assim como há muitas opções no mercado. Variando em ângulos, alturas, comprimentos e materiais, as mesas são difíceis de escolher, e muitas vezes, acabam sendo trocadas depois de experimentadas na prática.

            À princípio, pensei em comprar direto uma standard uma vez que os quadros adquiridos assim a pediam. Mas com a possibilidade de adaptador para over ahead set, achei que teria mais opções.

            Depois, foi a hora de decidir o comprimento e ângulo. Quanto ao comprimento, já experiência com mesas longas, e não gostei. Acho que mesas mais curtas deixam a bike mais ágil, principalmente para o trânsito, onde pretendo usá-la. Já quanto ao ângulo, não tive dúvidas, vou de mesa ajustável

            Isso até que foi fácil. Difícil mesmo foi escolher o guidão...

São opções demais! Conforto, estilo, desempenho... Flat, Riser, Butterfly... já tava até virando craque em inglês! Convenhamos que guidão é muito pessoal, e é difícil chegar num bom senso. A principio, o fundamental era que fosse estreito, pois sofro pra passar entre os carros com meu guidão de 640mm, sem contar os bar-ends e o retrovisor. Para um guidão tão estreito, só poderia usar 25.4 como medida de centro, para facilitar a alocação dos manetes de freio, do trocador e de um farolzinho (talvez coloque uma buzina também).

Pensei em por um guidão compacto ou short de speed, mas acho meio desconfortável a posição, Então pensei no Riser, mas acho que deixa a bike muito MTB, assim como o Flat.

            Foi nessa hora que olhei com mais atenção às Fixas! Pesquisei varias fotos e cheguei à solução: Um guidão estreito, leve, com mais de uma pegada e, por último, mas não menos importante, estiloso.  A resposta aos meus problemas também veio em inglês, e se chama Bullhorn (chifre de boi/búfalo)

Não queria deixar a Nêga chifruda, logo de cara, mas a verdade é que guidãos Bullhorn deixam as magrelas com “cara de mal”, de marrenta!

“...tão dizendo lá no alto do morro que essa nêga é marrenta e brava...”