Viagem Campinas-Paraty

		OláA viagem já aconteceu a algum tempo (uns 2 meses), mas só agora consegui postar.

Nessa cicloviagem resolvi ir de Barão Geraldo (Campinas) onde morava até Paraty-RJ passando por Cunha.

Procurei companhia para ir comigo porém, como ninguém apareceu, fui suzinho. rs
Não tinha/tenho preparo físico nem uma bicicleta/equipamentos bons como as que vejo por aqui, mas tenho bastante disposição e isso é o que importa. rsrs

Pré e Primeiro dia

"Planejei" a rota da forma mais formal e correta de se fazer. Abri o ridewithgps.com, coloquei o ponto inicial e o final, dei um zoom bem grande e fui alterando o caminho para ele ficar o mais "reto" possível, passando por alguns lugares que tinha vontade. rs

Depois da rota muito bem planejada, era a hora de aprumar as coisas.
Me programei para sair na segunda-feira. Acordei um pouco tarde e tinha algumas coisas para fazer e resolvi sair na terça. Acordei "tarde" de novo (por volta das 9h00) e resolvi adiar mais um dia. Acho que estava com medo de sair, na verdade, e ficava arrumando essas desculpas para mim. Resolvi sair na quarta, independente da hora. Na terça de noite comecei a arrumar as bagagens, terminei de arruma-las na quarta de manhã (acordei as 06h00 para terminar), tomei um cafezão reforçado e bora tomar o rumo da roça.
A magrela ficou assim, ó:

Por volta das 09h30, pé na estrada.

A ideia no primeiro dia era rodar só uns 40km, pois como era o primeiro dia, não estava com preparo físico e com a bicicleta deveras pesada, não queria forçar demais. Com mais ou menos essa distância, eu pararia na cidade de Morungaba-SP.
Lá um conhecido havia terceirizado um amigo dele e este ser humano iria me dar abrigo. 
Sai de Barão Geraldo, peguei um trecho pequeno da Rod. D. Pedro e já sai para uma estrada alternativa sentido a cidade de Souzas. Após souzas, passei por Joaquim Egídio e segui por estrada de terra até Morungaba. 
Uma estrada bonita, tranquila, boa de pedalar, porém com alguns morros bem puxados. Todas as subidas são compensadas quando, o corpo quase entregando as pontas, os últimos 6km antes de chegar na cidade são de decidas das melhores, pouco inclinadas e interminável. rs
Quando cheguei em Morungaba ainda era 13h30. Não queria parar tão cedo e, posso falar, nem estava cansado. \o/
Decidi segui mais um pouco para ver onde conseguia chegar.
De lá continuei por um longo trecho de estrada de terra, depois alguns trechos de asfalto (vias de mão simples, bem asfaltadas, onde o maior movimento eram de pessoas e animais passando rs).
Nesse meio do caminho um guidão borboleta que havia comprado deu uma quebrada de leve bem no centro, onde a mesinha segura. Nada de muito grave. Ficou no mesmo lugar, só estava com um jogo muuito chato. rsrs
Pedalando tranquilamente, quando vi, estava perto de Bragança Paulista já. Decidi estender até lá pois lá tenho conhecidos que me dariam teto. rs

Resumo do primeiro dia: 95km, saindo as 9h30 e chegando as 17h50. Até que foi bão, né?! 

Segundo dia

Acordei cedinho em Bragança e fui atrás de algum lugar para soldar o guidão.
Infelizmente, muito infelizmente mesmo eu não lembro o nome do lugar onde consegui que soldasse. Por ser uma solda fina, não é em muito lugar que fazia.
Neste onde fui, fui super bem atendido por um rapaz e conversamos um monte sobre a viagem. E antes que ele terminasse o serviço, chegou o proprietário. Este também era "bicicletêro" e disse que já havia feito um trecho deste caminho que iria fazer. Me deu várias dicas, o me fez fazer a primeira alteração na rota e no fim das contas, nem me cobrou o serviço. \o/ rsrs

Ao invés de ir para Monte Verde, como planejado decidi, seguindo as dicas dele, rumar para Joanópolis e chegar até a Cachoeira dos Pretos, que fica uns 20km depois da cidade, por uma estrada de terra.
De Bragança até Joanópolis fui por estradas de asfalto e peguei um trecho pequeno da Fernão Dias. Coisa pouca, uns 10km. Foi engraçado ver a cara das meninas da cabine quando passei pelo pedágio. rsrs

Joanópolis é uma cidade muito bonitinha. Pequena e bem arrumadinha. Dizem que é a terra do Lobizomem. rs Parei na cidade só para comer algo e segui pela estrada de terra, aproximadamente uns 20km até chegar na Cachoeira dos Pretos onde passei a noite no camping do Zé Roque. Lugar muito gostoso e calmo. Dormi na beira do rio. rs Lá eles cobram R$20,00 pelo camping, mas como fiquei só de noite e sai pela manhã (por volta das 11h00) me cobraram R$10,00 :D

Estrada Joanópolis-Cachoeira dos Pretos.

Cheguei lá já estava escurecendo. Fui no camping, armei minha casa, banhei e voltei em uma quintanda/bar/boteco que tinha lá perto.
Lugar muito batuta, com muita gente boa. Passei a noite tomando pinga, cerveja e escutando uma moda de viola ao vivo com o povo de lá. No fim, ainda ganhei um cacho de bananas para o próximo dia de viagem. rsr

https://www.youtube.com/watch?v=uF_U2oVteDE&feature=youtu.be

Resumo do segundo dia: ~68km, saindo as 13h30 e chegando por volta das 18h30.

Terceiro dia

Acordei por volta das 9h30. Fui fazer uma trilha caminhando para chegar no topo da Cachoeira.
Uma subida bem grande, mas lá em cima é muito gostoso. Várias quedas e tem uns bamboo's com síndrome de trepadeira. Depois dessas quedas tem uma muuito alta que é a tal da cachoeira mesmo.

(vídeo cachoeira)

Depois desci e fui na cachoeira por baixo. 

Quem esta no camping pode ter acesso à cachoeira. Caso contrário, tem que pagar. Acho bastante triste essa história de privatizar a natureza. Antigamente a gente ia pro meio do mato, chamavam a gente de "hippie", "bicho grilo". Depois as pessoas começaram a ver o quanto isso faz bem para os seres humanos, colocaram preço e chamaram de "ecoturismo". rs
Pois pronto. Lá é um ponto de "ecoturismo". Na base da cachoeira tem um "shopping". Loja de um monte de coisa, sorveteria, pousada, blá blá blá. É bom que facilita o acesso à outras pessoas, mas dificulta para quem não tem $$$. Muuitas proibições. Não entre, não faça, não seja... Algumas até engraçadas (ou trágicas rs)

Por volta das 12h00 passei naquele mesmo boteco de ontem e tomei um café com pão com manteiga. Acho que peguei uns 2,00 réau. rs
 De lá, segui para São Francisco Xavier. Essa estrada de terra é rota para romeiros que vão andando para Aparecida (isso que é disposição rs). Cruzei com alguns no caminho e conversando, me falaram de rotas melhores do que a que eu fiz (que já tinha passado) e sugeriram caminhos que "tu tem que conhecer" dali para frente. Se tenho que conhecer, vamos conhecer. rs
Uma estrada muito gostosa, vista linda e cheia de córregos e riozinhos para encher as garrafas de água e refrescar a cuca (só baixar a temperatura, por não tem como não esta de cuca fresca num passeio desses. rs)
Chegando perto de S. Francisco Xavier, mais uma surpresa boa. Uma outra daquelas descidas de uns 10km. Essa não tão free pois era um cado ingrime, dae tem que segurar muito no freio. Mas chega a cansar de tanto descer. O corpo esfria e da até preguiça quando tem que pedalar de novo. rsrs
Nesse caminho aconteceu a única "baixa" da viagem. Quebrou um raio. Chegando na cidade deixei para consertar enquanto almoçava. Demorou um cado, mas mesmo assim resolvi seguir e chegar em Monteiro Lobato.
Queria dormir em um gramado muito batuta que tinha na rodoviária, mas não deixaram. rs Dae dormi numa pousada de esquina, em frente ao Banco do Brasil. Custou 30,00 um quarto suzinho com chuveiro quente e blá.

Resumo do terceiro dia: ~70km, saindo as 13h00 chegando por volta das 19h00

Quarto/quinto dia

Acordei relativamente cedo nesse dia (pelo menos quando comparado com os demais. rs). Comecei a pedalar por volta das 9h00 e fui até Taubaté. Estrada de asfalto sem movimento e um bom pedaço de estrada de terra.
Chegando em Caçapava tem um trecho que as pessoas me falavam que era perigos por causa de uma invasão que tinha lá, mas não tive nenhum problema. Pelo contrário, só encontrei gente batuta que me ajudava nos caminhos e me indicavam caminhos alternativos. Antes de entrar para Caçapava tem uma estrada antiga que vai até Taubaté. É uma estrada tranquila, toda plana e fácil de achar. Diminui um cado o caminho e o melhor de tudo, evita a Dutra. :D

No quarto e quinto dia eu dormi em Taubaté. Fiquei na casa de um conhecido para conhecer a famosa "Feira do Rolo". Um lugar bastante exótico. Tem para vender desde pilha usada, uma colher, até ferramentas novas, praticamente. Fiz uma aquisição fenomenal lá. E de tarde (no domingo isso) fui no ensaio do grupo de Maracatu que tem lá, o Baque do Vale. Quem estiver por Taubaté no domingo ou qualquer dia que tiver alguma apresentação desse grupo, vale muito a pena ir conhecer. :D 
Lá ainda dei uma volta de bicicleta de uns 30km para descansar um pouco do peso que estava levando. rs

Resumo do quarto/quinto dia: ~60km, saída as 9h00 e chegada por volta das 14h00.

Sexto dia

Após esse descanso, energias mais que renovadas para continuar a viagem.
Muita gente sugeriu rotas, mas dessa vez eu decidi ir pela planejada mesmo. Acho que foi uma excelente escolha.
De Taubaté eu peguei ma estrada de terra que vai até Lagoinha. O próprio povo da cidade não conhecia muito bem essa estrada, mas ela é muito batuta. Sem morros exagerados, de terra e com vistas muito bonita. 
Em lagoinha, depois que almocei em um restaurante, um dos garçons me disse que havia uma cachoeira muito legal lá perto e que eu TINHA que conhecer. Mais uma vez, se TENHO, eu vou, oras. rs Deixei a bagagem no restaurante e fui lá. Para ir da cidade para a cachoeira é uma maravilha. 2km de descidas pelo asfalto. A Cachoeira Grande é muito bonita, mas é mais um daqueles lugares naturais que tem dono e precisa-se pagar para entrar. Como estava fora de temporada (uma segunda-feira) e não tinha ninguém, o S. João, quem toma conta do lugar, me deixou entrar sem pagar nada. \o/

S. João fazendo mudas.

Cachoeira Grande.

Voltando da cachoeira (lembra daquela descida, agora é subida. rs) passei no restaurante, peguei as coisas e continuei o trajeto até Cunha. Mais uma vez estrada boa, sem muitos morros. Só perto de Cunha que tem umas subidas bem ingrimes. Deve ser uma estrada por onde passam muitos turistas, talvez romeiros, por que durante a estrada toda tinham várias setas sinalizadoras que eu não entendi para onde elas apontavam. Segui ela (junto com informações que as pessoas davam) e deu certo. rs

Por essa estrada tem muitas cachoeiras. Uma mais buniteza que a outra.
Nesse dia foi o que mais pedalei. Foram umas 8h de pedal e uns 115km. Cansei. rs
Não tinha onde dormir, tentei acampar num bar que tinha lá no começo do asfalto, mas o dono não deixou. Desci mais um pouco e achei um restaurante fechado, acho que abandonado, e lá foi meu pouso da noite. rs

Dormi tranquilo. Na verdade, acho que pelo cansaço, foi o melhor sono da viagem. rsrs

Resumo do sexto dia: ~115km, saindo as 10h00 chegando por volta das 19h00.

Sétimo e ultimo dia

Chegou o dia tão esperado. Descer a Serra de Cunha. O que o povo mais me falava sobre essa viagem (além de me chamar de doido) era que a vista de cima da serra é a coisa mais linda do mundo.
Acordei cedo (umas 7h30) e estava frio. Muito frio. Coloquei minha roupa super profissional para ciclismo (uma calça de moleton e um moleton da faculdade, com uma camisa por baixo e comecei o pedal. 
Estava tão esperançoso de descer a serra que nem pensei que precisaria subi-la antes. Mas isso me ficou claro loguinho. Uns 500m de onde eu estava já começou uma subida absurda. Não deu tempo nem de aquecer o corpo e já tome-lhe pedal. rsrs
Frio. Pedalando cheio de roupas pesadas. Frio. Muita subida. E cansado do dia anterior. Frio. É... esse não foi o dia mais gostoso de pedal. Estava frio.
Esse foi o único dia que eu realmente empurrei a bicicleta. Não consegui subir tudo pedalando vários pedaços.
Subi. Estava frio. Eu não gosto de frio. E quando chego lá em cima, naquela hora tão esperada, a divisa SP/RJ, a vista que eu esperava estava lá. Deslumbrante. Maravilhosa. Só que escondida numa cerração monstruosa. (Num é por que eu não vi que ela não estava. rsrs)

Alguém se reconhece?? rs

Depois dessa parte foi só alegria. Estava frio, mas fui feliz.
Troquei a camisa que estava por baixo do moleton, coloquei mais uma, moleton por cima e toca descer a serra. \o/

A estrada Paraty-Cunha esta em reforma. Um bom pedaço dela já esta pronto com paralelepípedos.  Após esse pedaço, um trecho bem grande de terra. Estava chovendo (e frio), então a estrada estava bem perigosa. Mas indo devagarizinho, nada de mal. rs

Depois dessa parte de terra, vem mais um bom pedaço de asfalto. Ao todo, de serra, são uns 16km.
Chegando da metade pro fim, deu para dar uma olhadinha na paisagem lá de cima. rs

No fim dessa estrada, a tão esperada Paraty. Agora já não estava mais tão frio. rsr

Ó eu e minha poderosa ae. rs

E assim terminou essa história que entrou por uma porta e saiu por outra.
Quem não gostou, que conte outra (e me convida para ir junto rsrs).

Att,
Prione.